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Condução assertiva da abobrinha

João Eduardo Pereira Cardoso
Engenheiro agrônomo – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
joaoeduardo1011ha@gmail.com
Sinara de N. Santana Brito
sinara.santana@unesp.br 
Harleson Sidney Almeida Monteiro
harleson.sa.monteiro@unesp.br
Engenheiros agrônomos e mestres em Agronomia/Horticultura – Universidade Estadual Paulista (UNESP)

Um fator que pode auxiliar na identificação de necessidade de aplicação de determinados nutrientes na abobrinha é o monitoramento das plantas para detectar qualquer sinal de deficiência nutricional, o que pode levar à correção de forma rápida, ao longo dos dias de cultivo.

 Os nutrientes desempenham várias funções cruciais nos vegetais, e sua deficiência pode causar uma série de sintomas característicos para cada elemento. Esses sintomas se manifestam por meio de sinais típicos.

O diagnóstico de problemas nutricionais com base na observação desses sintomas tem grande relevância prática, pois permite a correção rápida das deficiências no campo. Assim, uma das formas mais práticas, além da diagnose foliar, é a avaliação visual das plantas, considerando que as deficiências minerais provocam alterações no metabolismo, frequentemente modificando os aspectos morfológicos das plantas.

Nitrogênio

A deficiência de nitrogênio pode causar clorose generalizada nas folhas mais velhas da cultura e, com o tempo, as folhas novas também podem apresentar os mesmos sintomas. As plantas exibem crescimento lento, folhas menores, hastes mais finas e mais claras, além de um sistema radicular igualmente afetado.

Sendo o nitrogênio um nutriente limitante para o crescimento, sua falta pode resultar em crescimento reduzido. Dessa forma, a gravidade da deficiência pode variar de acordo com a quantidade de nitrogênio disponível.

Ademais, pode afetar a taxa de desenvolvimento durante o processo de germinação e estágio vegetativo. O aparecimento de áreas cloróticas em folhas maduras são sintomas que se deve observar durante o cultivo da abobrinha.

Fósforo

O fósforo é um nutriente essencial que participa de processos metabólicos cruciais para o desenvolvimento das plantas. Sua deficiência pode resultar em sintomas característicos que afetam significativamente o crescimento e a saúde das culturas.

A falta de fósforo pode causar crescimento reduzido em folhas jovens e coloração verde-escura, que podem ficar mal formadas e apresentar pequenas manchas de tecido morto, conhecidas como manchas necróticas. Em condições de deficiência severa, as plantas tornam-se atrofiadas, com raízes menos desenvolvidas e menor produção de flores e frutos.

Além disso, a deficiência de fósforo pode levar a um atraso no amadurecimento e à redução da eficiência na utilização de outros nutrientes. Em solos pobres em fósforo, ou aqueles com pH extremo, o fósforo pode se tornar indisponível para as plantas devido à sua fixação com outros elementos, como ferro, alumínio e cálcio.

A baixa temperatura do solo também pode reduzir a absorção de fósforo pelas raízes.

Potássio

A deficiência de potássio (K) na abobrinha manifesta-se inicialmente com a redução do crescimento vegetal. O primeiro sintoma característico é a clorose marginal nas folhas mais velhas, que evolui para necrose.

Esses sintomas ocorrem devido à alta mobilidade do potássio no tecido vegetal, resultando na migração desse elemento das folhas mais velhas para as mais jovens. Além disso, pode ser particularmente prejudicial para o desenvolvimento da planta, afetando processos fisiológicos essenciais, como a fotossíntese e a síntese de proteínas.

Somado a isso, o potássio é vital para a regulação da abertura e fechamento dos estômatos, influenciando a transpiração e a eficiência do uso da água. 

Cálcio

O cálcio (Ca) é um importante macronutriente, cuja deficiência provoca necroses nos ápices das raízes, além de coloração marrom. Os sintomas de deficiência de Ca aparecem mais cedo e severamente nas regiões meristemáticas e nas folhas jovens da planta, já que o nutriente não é redistribuído.

Como resultado, os pontos de crescimento são danificados ou mortos, afetando severamente o desenvolvimento das raízes.

A carência de cálcio também compromete a integridade das paredes celulares e a permeabilidade das membranas celulares, resultando em menor resistência a patógenos e maior suscetibilidade a doenças.

Além disso, pode afetar negativamente a estrutura dos frutos. Em vista das deficiências de nutrientes citadas, é necessário adotar um manejo adequado para corrigi-las e, assim, garantir o maior desempenho produtivo da cultura da abobrinha. A adição de adubos químicos ou orgânicos dependerá tanto da análise visual quanto laboratorial do solo.

Como suprir as deficiências

No caso da deficiência de nitrogênio, é importante corrigir com ureia ou adubação verde, utilizando folhas de leguminosas que ajudam na fixação de nitrogênio no solo. Para suprir a exigência de fósforo, a adição de superfosfato simples é recomendada, assim como a incorporação de matéria orgânica rica em fósforo, como farinha de ossos ou fosfato natural.

A deficiência de potássio pode ser corrigida com a aplicação de K2O bem incorporado à matéria orgânica. O esterco curtido, além de ser boa fonte de nitrogênio, também carrega potássio e fósforo em sua composição.

Portanto, para corrigir a deficiência de cálcio, recomenda-se a aplicação de calcário agrícola para ajustar o pH do solo e aumentar a disponibilidade de cálcio. Em solos com excesso de magnésio, que pode competir com o cálcio, o uso de gesso agrícola é indicado.

A incorporação de matéria orgânica que contenha cálcio, como casca de ovo moída ou farinha de conchas marinhas, também é benéfica.

Campo aberto ou fechado?

Em concordância a discussão sobre o correto manejo nutricional da abobrinha, é válido também observar o tipo de cultivo a qual ela está sendo empregada, sendo em campo aberto ou em ambiente protegido, em especial quando a cultura está sendo submetida a temperaturas não ideais, como no inverno.

Nesse sentido, o manejo empregado às necessidades nutricionais da cultura sofre influência do tipo de cultivo, pois a ambientação distinta apresenta condições favoráveis e desfavoráveis em ambos os locais.

No geral, o cultivo da abobrinha é tradicionalmente feito em campo aberto, realizado por pequenos produtores em um sistema convencional, tornando-a suscetível às adversidades climáticas, pragas, entre outros fatores, quando não aplicado o correto manejo no cultivo.

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Em vista disso, o ambiente protegido tem se apresentado como uma alternativa para o plantio tradicional a campo, em especial no outono e inverno, devido a proporcionar maior controle das condições climáticas, manejo fitossanitário, maior tempo de colheita e produtividade.

Contudo, para que esses benefícios possam ser aproveitados há necessidade de maior extração de nutrientes. Nesse caso, há diferença nas recomendações de aplicação de nutrientes quando em campo aberto e em ambiente protegido.

Acerca disso, as adubações em campo para plantio e cobertura tem sua aplicabilidade sendo incorporada à terra dos sulcos de plantio, observando que na de cobertura ocorre o parcelamento.

Atenção

É válido ressaltar que a maior ou menor quantidade utilizada dependerá dos resultados das análises de solo, foliar, do sistema de irrigação, entre outros fatores previamente analisados.

Em contrapartida, a recomendação da quantidade de nutrientes para adubação de cobertura na abobrinha, sob cultivo protegido, deve ser de 20 a 30% mais elevada em relação à realizada em campo, sendo aplicados preferencialmente fertilizantes altamente solúveis, em fertirrigação com gotejamento, parcelando semanalmente, tendo em vista a curva de absorção de nutrientes da cultura.

Associado a isso, pesquisas apontam que o ambiente protegido, por possuir maior controle e disponibilidade de água para a cultura, promove a concentração de sólidos solúveis nos frutos da abobrinha, o que pode explicar valores superiores de Brix nesses ambientes, dessa maneira, tornando-se uma alternativa produtiva.

Entre um e outro

Observa-se que o ambiente protegido necessita de mais investimentos para disponibilizar as quantidades de nutrientes exigidas, além de técnicas específicas de manejo, o que contrapõe a viabilidade econômica que é encontrada no cultivo de campo tradicional.

Sendo assim, essas diferenciações, em especial de manejo nutricional, devem ser consideradas na hora da escolha do tipo de cultivo que irá beneficiar a produtividade da abobrinha.

Apesar das diferenças em investimentos, o cultivo protegido ainda é uma alternativa que não deve ser facilmente descartada, por apresentar um controle maior das condições climáticas quando o plantio é realizado em épocas desfavoráveis, como no inverno, até mesmo contribuindo para o produtor permanecer na comercialização da abobrinha nesses períodos.

A abobrinha possui algumas limitações de desenvolvimento, durante baixas temperaturas, e para tanto, os investimentos devem ser recomendados tendo em vista fatores como o tipo, época de plantio, sistema de irrigação empregado, análises de solo e condições climáticas, que irão estabelecer as reais necessidades para cultura durante seu ciclo produtivo.

Nesse caso, algumas alternativas podem contornar as problemáticas climáticas, como o cultivo protegido, alteração na época de plantio optando por meses com temperaturas mais amenas em determinadas regiões que possuem temperaturas mais baixas e uso de cultivares geneticamente mais resistentes.

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