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Consultores detectam deficiência de magnésio em tomate

 

Leandro Hahn

Engenheiro agrônomo, doutor e pesquisador em Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas na Estação Experimental de Caçador (SC)

leandrohahn@epagri.sc.gov.br

Crédito Ana Maria Diniz
Crédito Ana Maria Diniz

O magnésio (Mg) é o átomo central da clorofila (2,7% do peso molecular), sendo, por isso, essencial para a fotossíntese. Cerca de 20% do Mg das plantas estão nos cloroplastos. Na deficiência de Mg há, portanto, diminuição na síntese de clorofila e, consequentemente, na taxa fotossintética.

Estudos quantitativos têm demonstrado que a deficiência de Mg afeta a fotossíntese também em outras etapas, além de sua participação na composição do pigmento, pois a taxa fotossintética diminui mais drasticamente que o próprio teor de clorofila.

Além desta participação, o Mg, juntamente com o potássio, são os elementos de maior expressão quanto à ativação de enzimas. Além de atuar como ativador enzimático de importantes reações da fotossíntese, uma das principais funções do Mg é a de co-fator de quase todas as enzimas fosforilativas, responsáveis pelo fornecimento de energia às células.

Em tomateiro, considera-se em coletas da terceira folha com pecíolo a partir da ponta, por ocasião do 1º fruto maduro, um teor de Mg adequado de 0,4 até 0,8% (4,0 a 8,0 g/kg).

A deficiência

Na região de Caçador (SC), uma das principais produtoras de tomate de mesa do Brasil, sintomas de deficiência têm sido verificados principalmente a partir da metade do ciclo vegetativo em diante.

Devido a sua fácil translocação na planta (alta mobilidade), sintomas ocorrem inicialmente nas folhas mais velhas, caracterizando-se por amarelecimento (clorose) das regiões internervais das folhas, cujas manchas, na forma de V, evoluem das margens da folha em direção à nervura central, como pode ser constatado na figura 1.

Crédito Leandro Hahn
Crédito Leandro Hahn

Esse sintoma evolui para necrose dos tecidos atacados. Se a deficiência não for corrigida, folhas do terço intermediário e superior poderão demonstrar sintomas, com importantes prejuízos para a produção e qualidade de frutos.

Causas e consequências

Consideramos a principal causa dessa deficiência os baixos teores do elemento no solo. Além da necessidade de aumentar o teor do elemento acima do nível considerado crítico nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que é de 1,0 cmolcdm-3, deve-se levar em conta que há uma relação adequada de Mg com Ca.

Estes dois aspectos devem ser considerados na escolha do corretivo da acidez, que é a principal fonte de Mg para os solos. Quando na análise de solo há uma relação de 3 a 5:1 de Ca:Mg, deve-se utilizar calcário dolomítico como corretivo, pois este apresenta em sua composição uma relação de Ca e Mg de 1:1. Logo, irá manter a relação de Ca:Mg no solo.

Porém, quando a relação Ca:Mg for muito baixa, próximo de 1:1, demonstra que há uma baixa relação de Ca:Mg. Neste caso, deve-se dar preferência a calcários magnesianos ou calcíticos. Uma opção razoável é aplicar 50% da dose na forma de calcário dolomítico e a outra metade na forma de calcário calcítico.

Por outro lado, quando a relação Ca:Mg for muito alta, 10:1, por exemplo, caracteriza um solo em desequilíbrio, com quantidades de Mg que poderão ser insuficientes para atender a necessidade do tomateiro e sintomas de deficiência poderão ocorrer.

Neste caso, deve-se optar pelo calcário dolomítico como fonte corretiva de acidez e, se for necessário realizar esta prática, mais uma fonte complementar de Mg deve ser utilizada. Sugere-se utilizar sulfato de magnésio (9% de Mg e 11 a 13% de S) na cova de plantio (5 g/cova ou 50 a 60 kg/ha) ou esta quantidade na fertirrigação nas primeiras semanas de cultivo.

Atenção redobrada

Uma segunda importante causa de deficiências de Mg em cultivos de tomateiro são altas fertilizações com K. Isso porque são elementos que concorrem entre si na absorção pelo sistema radicular, o que é chamado de competição iônica na absorção.

Acrescenta-se que a absorção preferencial de K1+ é pelo fato de ele ser íon monovalente com menor grau de hidratação comparado aos divalentes (Ca2+ e Mg2+). Neste caso, altos teores de K induzem a deficiência de Mg, especialmente em solos com baixo teor do elemento.

Para entendermos melhor como ocorre este problema, temos que levar em conta que, além da relação ideal de Ca:Mg, estes dois elementos apresentam uma relação em equilíbrio com o K na capacidade de troca de cátions (CTC) do solo. Devemos considerar que as cargas negativas do solo são ocupadas, principalmente, pelos cátions trocáveis, que além do Ca, Mg e do K, considerados essenciais para as plantas, há ainda o H e o Al.

Existe uma relação considerada ideal entre todos estes cátions no solo, ou seja, 20% da CTC ocupada pelo H + Al, 60% da CTC ocupada pelo Ca, 15% da CTC ocupada pelo Mg, e, por fim, 5% da CTC ocupada pelo K.

Levando em conta estes dois aspectos, baixa adição de Mg num solo deficiente deste elemento e altas adubações com K, haverá grande probabilidade de verificarmos deficiência de Mg. Estes sintomas ocorrem muitas vezes em plantas nas bordas das lavouras, onde o calcário não foi adequadamente aplicado, ou seja, doses muito baixas, ou foi mal incorporado e misturado com o solo.

Na figura 2 podemos visualizar uma má distribuição do calcário sobre o solo, com problemas que irão se manifestar no cultivo do tomateiro.

Crédito Leandro Hahn
Crédito Leandro Hahn

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