Os investimentos realizados em pesquisa, desenvolvimento e inovação, tanto no âmbito público quanto privado, alinhado à necessidade crescente de desenvolver soluções sustentáveis e com menos interferência no equilíbrio do meio ambiente, resultaram em benefícios a todos os elos da cadeia produtiva. Um exemplo de sucesso é o controle biológico de doenças e pragas que afetam as lavouras.
Manejo sustentável
O controle biológico é um método de combater pragas agrícolas por meio da utilização de inimigos naturais, que podem ser insetos predadores, parasitoides e microrganismos (fungos, bactérias e vírus).
A pesquisadora Madelaine Venzon, coordenadora do Programa Estadual de Pesquisa em Agroecologia da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), ressalta o uso de crisopídeos no combate de pragas agrícolas. A pesquisadora explica que esses insetos são predadores-chave no controle biológico conservativo, com resultados bastante favoráveis nas lavouras de café e em hortaliças.
“São predadores vorazes na fase larval, e os adultos se alimentam de pólen, néctar e honeydew. As larvas predam larvas e lagartas pequenas, cochonilhas, tripes, pulgões, ovos de insetos e ácaros. Então, podem ser usados em diversas culturas, especialmente em casa de vegetação, para controle dessas pragas”, explica a pesquisadora, que estuda esses insetos desde 1991.
Em regiões quentes e secas, como o Cerrado Mineiro, o bicho-mineiro é a principal praga. “O controle biológico é a estratégia que deve ser priorizada, quer seja por medidas que conservem e aumentem os inimigos naturais das pragas nos plantios ou pela liberação de inimigos naturais”, afirma Madelaine, que acrescenta: “As populações de inimigos naturais para o controle das pragas podem ser aumentadas por meio da provisão de recursos, via diversificação da vegetação, que também tem o potencial de mitigar os efeitos da mudanças climáticas nos agroecossistemas e podem regenerar áreas agrícolas”.
Tendência
As práticas de controle biológico têm se tornado cada vez mais presentes no setor produtivo, uma vez que, além de ser uma tecnologia limpa, sem efeitos adversos ao homem e ao meio ambiente e sem deixar resíduos, são economicamente viáveis para os produtores, agregando valor ao produto final, isento de agrotóxicos. “O aparecimento de pragas resistentes aos métodos convencionais de controle tem levado os produtores a buscarem cada vez mais o controle biológico”, conclui Madelaine Venzon.