Franscinely Aparecida de Assis
Doutora em Entomologia e professora – Centro Universitário de Goiatuba (UniCerrado)
franscinelyassis@unicerrado.edu.br
Vanessa Andaló
Doutora em Entomologia e professora – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
vanessaandalo@ufu.br
A physalis é uma frutífera exótica que pertence à família Solanaceae. Encontra-se em franco desenvolvimento no País, por apresentar cultivo simples e elevado valor agregado dos frutos. A ocorrência de pragas (insetos e ácaros fitófagos) se configura como fator complicador no alcance de elevadas produtividades.
Pulga-do-fumo – A espécie Epitrix spp. é um besouro. Os adultos causam pequenos orifícios e perfurações foliares em qualquer estágio da physalis, principalmente após o transplantio das mudas, provocando retardo do desenvolvimento normal desta frutífera.
Para orientar a pulga-do-fumo em direção contrária às plantas de physalis, pode-se fazer a utilização da calda bordalesa que apresenta efeito repelente para muitos coleópteros, além de atuar como fungicida (Pallini Filho e Lédo, 2000).
Mandarová-do-fumo – Em physalis, a fase jovem de M. sexta paphus alimenta-se exclusivamente das folhas da planta. Para controle das lagartas pequenas, pode-se realizar a pulverização com produtos à base da bactéria Bacillus thuringiensis.
Percevejo Edessa rufomarginata – Em physalis, a espécie E. rufomarginata se alimenta em todo ciclo da cultura, causando danos pela sucção da seiva dos ramos, acarretando amarelecimento das plantas e possível engrossamento do caule. Quando nas folhas, ocorre necrose do tecido foliar de forma transversal. Não é observada alimentação do percevejo nos frutos.
Quanto ao controle, deve-se levar em consideração o manejo da cultura a fim de reduzir as populações do inseto por meio, por exemplo, do controle biológico natural. Existem registros de ocorrência natural de inimigos naturais de E. rufomarginata, tanto associados à predação como ao parasitismo, podendo-se destacar dípteros e himenópteros.
No Brasil, existem relatos de parasitismo de dípteros tachinídeos e também de parasitoides como Telenomus edessae, T. schrottkyi e Dissolcus paraguayensis (Hymenoptera: Scelionidae).
Percevejo-do-tomateiro Phthia picta – São percevejos que ocorrem em todo ciclo de cultivo das plantas, sendo que elevadas temperaturas e baixa umidade do ar favorecem o desenvolvimento desta praga. Quando em physalis, observa-se que P. picta se alimenta preferencialmente dos frutos.
É possível observar as ninfas agregadas no cálice e os frutos ficando perfurados e deformados, em função da alimentação dos percevejos. Como consequência, o fruto fica com amadurecimento irregular e posteriormente apodrece. Além disso, os pontos de alimentação do percevejo facilitam a penetração de microrganismos que aceleram a deterioração do fruto.
As medidas alternativas de controle baseiam-se no uso de caldas inseticidas, como descrito na Ficha Agroecológica – Tecnologias Apropriadas para Agricultura Orgânica da Coordenação de Agroecologia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Dentre essas, pode-se citar o uso da calda preparada à base de pimenta-do-reino, álcool, alho e sabão neutro e da calda preparada com urtiga verde. Em função da polifagia de P. picta, deve-se selecionar com critério as culturas para rotação ou consorciação com physalis, devendo-se evitar solanáceas e cucurbitáceas. Amostragens frequentes nas áreas de cultivo devem ser empregadas a fim de auxiliar na redução da população da praga.
Cochonilha-branca ou cochonilha-farinhenta
A espécie P. citri podem ovipositar de 140 a 400 ovos depositados dentro de ovissacos. Esses insetos sugam a seiva das plantas continuamente, eliminando o excesso na forma de honeydew, que atrai formigas.
A dispersão das cochonilhas na área de cultivo ocorre pela ação das formigas e também pelo vento, implementos agrícolas ou mudas infestadas. Em physalis, P. citri causa prejuízos pela sucção da seiva e por propiciar o desenvolvimento da fumagina, que reduz a área fotossintética e deprecia os frutos.
Algumas caldas podem ser utilizadas a fim de auxiliar no controle do inseto, como calda preparada com sabão de coco ou sabão neutro, calda de fumo e pimenta malagueta, calda de semente de mostarda e calda sulfocálcica.
Os óleos mineral e vegetal também são relatados com ação sobre cochonilhas, podendo ser utilizados associados às outras caldas ou sozinhos, devendo levar em consideração as concentrações e o horário de aplicação para evitar problemas com fitotoxidez.
Cigarrinha-verde Empoasca sp.
As cigarrinhas permanecem na face abaxial das folhas, que ficam amareladas, encarquilhadas, com os bordos levemente curvados para baixo em função da alimentação do inseto. Também ocorre abortamento de flores e, em altas infestações, as folhas tornam-se necrosadas, iniciando da borda da folha para a parte central.
Devido à injeção de toxinas pelo inseto, ocorre redução na qualidade nutricional da planta, observando-se sintomas de fitotoxidez. Para se alimentar, Empoasca spp. introduz o estilete para succionar a seiva no floema da planta, acarretando hipertrofia e desorganização celular, com consequente obstrução de vasos condutores.
O monitoramento da cigarrinha-verde deve ser feito mediante o uso de armadilha adesiva amarela, a fim de evitar o aumento da população do inseto. A utilização do extrato aquoso de neem, obtido da planta Azadirachta indica, tem sido citado como auxiliar no controle da cigarrinha.
Artrópodes raspadores-sugadores
Ácaros fitófagos: ácaro-rajado Tetranychus urticae, ácaro-vermelho Tetranychus ludeni (Acari: Tetranychidae), ácaro-branco Polyphagotarsonemus latus (Acari: Tarsonemidae) e ácaro-do-bronzeamento (Aculops lycopersici) (Acari: Eriophyidae)
Os ácaros perfuram as células da epiderme vegetal e sugam o conteúdo extravasado, sendo a presença de Tetranychus spp. já relatada nas folhas de P. peruviana. A incidência de Tetranychus spp. em physalis pode causar manchas mais claras nas folhas, em função da alimentação da praga, com posterior queda na produção dos frutos.