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Arthur Arrobas Martins Barroso
Doutorando em Produção Vegetal na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) ” Campus Jaboticabal
O setor florestal brasileiro vem se desenvolvendo com relação à área plantada nos últimos anos. O crescimento do plantio de Pinus e Eucalyptus foi de 2,2% com relação a 2012, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Florestas Plantadas (ABRAF).
Nesses termos, o valor bruto de produção brasileira foi de R$ 56,3 bilhões no último ano. Porém, o custo de produção brasileiro está elevado em comparação com o de outros países. Dentre os gastos referentes à implantação de uma floresta constam os insumos, dos quais 60% correspondem aos custos de controle de plantas daninhas.
Além disso, o fator financeiro pesa no rendimento final da cultura, caso o controle das plantas daninhas não seja bem realizado. A presença de plantas daninhas no campo condiciona uma pressão biótica atuante no crescimento e desenvolvimento da cultura em determinado momento, denominada interferência, que pode ser direta ou indireta e que poderá resultar em prejuízos quanti e qualitativos.
Interferência das plantas daninhas
A interferência direta ocorre pela competição de plantas daninhas com a cultura. Por competição, entende-se a disponibilidade em quantidade limitante de um recurso essencial à cultura no meio em que estão presentes a cultura e a planta daninha. Ela ocorre pelo uso da água, do espaço radicular, do uso da luz e de nutrientes.
Cumpre destacar que a interferência direta pode ser causada pela liberação de compostos químicos pela planta daninha, que vão interferir no crescimento da cultura. Esse efeito é chamado de alelopatia.
Enquanto isso, a interferência indireta é verificada quando há interferência de plantas daninhas na colheita da cultura, em tratos culturais como adubação e controle de formigas, na hospedagem de pragas e doenças ou, ainda, no caso de florestas, no aumento do risco de incêndios, além de abrigar animais peçonhentos, poderem ser tóxicas, urticantes, alergênicas etc.
Condicionantes
A interferência de plantas daninhas leva em conta diferentes fatores, a saber: comunidade infestante de daninhas (espécie, densidade e distribuição), a cultura (espécie, espaçamento e densidade), período de convivência entre as espécies (época e duração) e o ambiente em que esta interação acontece (solo, manejo e clima).
Dentro do fator espécie de planta daninha, por exemplo, uma espécie que se desenvolva mais rápido será mais prejudicial à cultura. Assim, quanto mais próximas fisiológica e morfologicamente duas espécies são, mais parecidas serão suas exigências em termos de necessidades nutricionais e, por isso, maior será a competição pelos fatores limitantes no ambiente.
Da mesma maneira, quanto maior a densidade da comunidade infestante, maior é o número de indivíduos disputando os recursos do meio, e mais intensa será a competição sofrida pela cultura. Dessa forma, uma planta daninha que possua grande dispersão de sementes estará presente no campo em maior densidade. A distribuição de plantas é outro fator a ser considerado.
Outro aspecto se refere à suscetibilidade da erva daninha ao uso de herbicidas. Existem plantas que são tolerantes (necessitam de grandes doses de herbicida para o controle) e espécies que são resistentes (foram selecionadas pela incorreta utilização de herbicidas).
Espécies prejudiciais
Dos trabalhos publicados em que se levantaram as espécies mais comuns em plantios de Eucalyptus, as mais frequentes foram das famílias Poaceae, Asteraceae e Fabaceae. A presença das gramÃneas (Poaceae) se deve muito à alta produção de sementes e ao ciclo das plantas, muitas vezes perene.
A ocorrência das gramÃneas é maior no final do ano, durante a primavera, pois no inverno as sementes dessas espécies se encontram dormentes. A implantação de florestas em áreas de reforma de pastagens faz com que se sobressaiam espécies como Brachiaria decumbens e Panicum maximum, que passam a atuar como daninhas.
São importantes, ainda, espécies como Commelina benghalensis (trapoeraba), Galinsoga parviflora (picão-branco), Spermacoce latifolia (erva quente), Richardia brasiliensis (poaia-branca), Bidens subalternans e B. pilosa (picão-preto), Digitaria insularis (capim-amargoso) e Cyperus rotundus (tiririca). Cabe destacar, na região Sul do país, a ocorrência de Lollium miltiflorum (azevém), ao passo que, nas regiões Norte e Nordeste, em áreas de expansão de eucaliptais, há a vegetação remanescente dos biomas, em que muitas são arbustivas, arbóreas e perenes.