A má cobertura e distribuição irregular do defensivo sobre o alvo é um dos fatores de grande importância responsável pelo surgimento das resistências
Quando se faz o controle fitossanitário de uma doença, praga ou planta daninha, é muito importante que as doses recomendadas sejam respectivamente colocadas no alvo, pois se for administrada uma subdose ou uma superdose, pode-se criar resistências de novas plantas ou novos insetos, dificultando cada vez mais o controle.
“Aplicando subdoses, o operador pode achar que o problema está controlado, enquanto não está, persistindo os organismos resistentes, que a partir daà criam força, exigindo aplicações cada vez maiores para o controle“, alerta Wellington Pereira Alencar de Carvalho, professor de Mecanização e Tecnologia de Aplicação da UFLA.
Quando se tem uma aplicação mal feita, de modo que o produto não chega da forma adequada ao alvo, pode-se criar a resistência induzida por deficiência da tecnologia da aplicação. Assim, explica o especialista, tanto a sub como a superdose podem causar resistência.
Agentes
Numa doença, existem os agentes patogênicos, que são vírus, microrganismos, bactérias e fungos. Esses agentes são os causadores de doenças, que precisam de um ambiente favorável para atacar, ou seja, um agente transmissor e um hospedeiro. “Tendo esses três fatores a seu favor, o patógeno se desenvolve a uma velocidade muito grande“, avisa Wellington Pereira.
Quando a doença já está instalada, seu exponencial de propagação é muito grande, e por isso são necessárias medidas rápidas, quando de caráter curativo, para evitar prejuízos maiores.
Pontos importantes
Em áreas maiores, em função da rapidez de ataque dos agentes patogênicos, é fundamental investir no momento adequado, ou timer, como é chamado, para que haja controle efetivo.
“Se não houver rápido controle e domÃnio para inibir a ação desses agentes, não haverá a efetividade do controle. Lembrando que o rendimento operacional da máquina na necessidade de um rápido controle também interfere e, nesse quesito, temos que considerar que a aplicação aérea, por suas próprias “características“, possui elevado rendimento e qualidade“, pontua o professor.
Entre uma e outra
Nas aplicações terrestres, comparando com a aplicação aérea, a velocidade operacional é muito menor. Segundo Wellington Pereira, a possibilidade desse controle deve ser efetuada dentro do período que permita que essa máquina atinja toda a área necessária. “A velocidade da máquina, muitas vezes, é limitante para o controle efetivo“, avalia.
As máquinas, e até mesmo os aviões, têm suas limitações objetivando uma velocidade operacional adequada para a aplicação. No caso das pulverizações terrestres, se a velocidade for muito baixa perde-se rendimento operacional, entretanto, com o aumento de velocidade pode-se perder na questão de dirigibilidade, exceto em se tratando daqueles maquinários dotados de GPS e pilotos automáticos, que orientam e mantêm o alinhamento operacional.
Se a máquina não tiver essas tecnologias embarcadas, quando o produtor aumentar a velocidade operacional das aplicações terrestres será preciso também que o equipamento/aplicador tenha sistemas de estabilização de barras muito bem ajustados, pois quando a máquina terrestre começa a se deslocar a uma velocidade maior, há uma tendência natural de desestabilização das barras, o que pode gerar uma irregularidade na qualidade da distribuição, comprometendo todo o controle fitossanitário.
Ainda, em função de topografia de terreno muitas vezes o produtor fica limitado a explorar todo o potencial de deslocamento dessas máquinas.
Opções
Como opções de pulverização terrestre existem as máquinas que são tracionadas por tratores, há aquelas que são acopladas em tratores e as máquinas autopropelidas (máquinas pulverizadoras de deslocamento próprio).
Ø Pulverizadores de arrasto: são maiores quando comparadas aos pulverizadores acoplados aos três pontos do hidráulico do trator. Têm maior autonomia e maior capacidade de carga, o que exige um deslocamento mais lento. Em média, estes equipamentos operam durante a aplicação em velocidade entre 6 a 10 km por hora, dependendo da topografia do terreno.
Ø Pulverizadores acoplados aos tratores: menores que os anteriores (pulverizadores de arrasto), são acoplados aos três pontos do sistema hidráulico do trator. É uma extensão do trator, e por isso oferece uma mobilidade maior.
Ø Pulverizadores autopropelidos: atingem, em média, de 15 a 20 km/h, e em área planas chegam a velocidades superiores, dependendo da topografia do terreno, com presença de terraços.
Lembrando que, em períodos chuvosos, de temperaturas elevadas e alta umidade relativa, há dificuldades operacionais de deslocamento da máquina sobre solos com grande umidade. “Aumentando a velocidade operacional há um risco maior de aumentar o amassamento e dificuldade de manter a máquina no mesmo alinhamento“, reitera Wellington Pereira.