Elisamara Caldeira do Nascimento
Talita de Santana Matos
Doutoras em Agronomia ” UFRRJ
Glaucio da Cruz Genuncio
Doutor e professor adjunto de Fruticultura da UFMT
A citricultura teve como centro de origem as regiões tropicais (40º de latitude norte-sul) da Ásia após o período das cruzadas e, posteriormente ao descobrimento, disseminou-se por sete milhões de hectares de diversos continentes mundo afora.
O grande grupo de espécies contidas na citricultura tem ampla adaptabilidade, com maior representatividade em áreas subtropicais. Porém, a produção de limão caracteriza-se por sua plasticidade.
Apesar disso, a produção do limoeiro concentrou-se nas regiões sudeste e nordeste, em específico no Estado de São Paulo, porém, MG, BA e RJ são representativos na produção desta cultura.
Ressalta-se que, em função da demanda crescente, a área de cultivo do limão, principalmente o tahiti (limeira ácida tahiti) vem crescendo em diversos Estados brasileiros, inclusive no Estado de Mato Grosso, que representa menos de 4,0% da produção brasileira de limão.
Destaca-se, ainda, que um setor responsável pela expansão da produção de Citros latifoliata no Brasil é a agricultura familiar e que a região nordeste possui a segunda posição como produtora deste tipo de limão (Cunha Sobrinho et al., 2013).
Exigência nutricional
Os limoeiros exigem solos de boa fertilidade, com V% acima de 60, textura média, boa disponibilidade de matéria orgânica (m-org), pH entre 5,5 a 6,5, além de boa disponibilidade de água, com complementação via irrigação (fertirrigação). Se adaptam bem a terrenos com declividades variando entre 3,0 a 6,0%.
Necessitam de solos cujos teores de cálcio e magnésio sejam superiores a 3,0 e 0,5 cmolcdm-3, respectivamente. Se estes valores forem menores que os desejáveis, avaliados a partir da análise química do solo, deve-se fazer a calagem, com utilização de calcário com elevada PRNT.
Na implantação do pomar, recomenda-se uma adubação orgânica, com doses variando de 30 a 40 t ha-1 aplicadas diretamente na cova. Esta recomendação visa a adição de N, assim como uma melhoria na quantidade de m-org na cova de plantio. Nesta fase também se recomenda a adubação verde, assim como o plantio direto, caso seja economicamente viável, em função do nível tecnológico do produtor.
Nutrientes essenciais
A cultura é exigente em P, B e Zn na adubação de plantio e a adubação de cobertura de N, P e K deve ser monitorada nos primeiros cinco anos, visando a garantia de elevadas produtividades. Este monitoramentose faz a partir dos conteúdos nutricionais na planta, em função da análise foliar e das concentrações dos nutrientes no solo dadas pela análise química.
Ressalta-se que teores foliares de macronutrientes compreendidos entre 24,0 a 26,0 g kg-1 de N; 1,20 a 1,70 de P; 20,0 a 24,0 de K; 35,0 a 40,0 de Ca; 2,50 a 3,00 de Mg e 2,00 a 2,50 de S são considerados adequados para a cultura de citros em geral, de acordo com Malavolta e colaboradores.
Por outro lado, estes mesmos autores afirmam que teores menores que 20 ppm de B e 10 ppm de Zn reduzem a produtividade no cultivo do limoeiro.
Segundo o Manual de Adubação do Estado do Rio de Janeiro, a obtenção de resultados inferiores a 10 mg kg-1 de P e 90 mg kg-1 de K na análise do solo, os produtores devem fazer uma adubação de 80 g/planta de P2O5 e 120 g/planta de K2O.
Para fins de cálculos, deve-se considerar a necessidade dos adubos fosfatados, que variam entre 65 a 95% de P (solos de textura média e argilosos, respectivamente) e de até 30% de K, em função da lixiviação deste macroelemento.
Silva e colaboradores publicaram em 2016 um artigo cientÃfico que, ao avaliarem a produção e nutrição de limoeiro ‘tahiti’ em função da adubação com nitrogênio e potássio em cinco safras, constataram que para o limoeiro alcançar altas produtividades, as doses de N variaram entre 66 a 100 kg ha-1 de N.
Já para K2O, as doses foram entre 95 a 126 kg ha-1, em função da safra avaliada. Estes mesmos autores enfatizaram que as concentrações crÃticas foliares médias estimadas para o limoeiro são de 25 e 22 g kg-1 de N e K, respectivamente, e independentemente da safra avaliada.
A melhor forma de adubar
A melhor forma de adubar é aquela baseada em critérios técnicos, como análises foliares e químicas de solo em períodos pré-programados,uma vez que tais informações são fundamentais para a tomada de decisão da dose e dosagens a serem aplicadas nos diferentes estádios da cultura.
Atualmente, com a necessidade do uso eficiente da água, a fertirrigação vem se destacando nos cultivos perenes. Assim, aplicações de fertilizantes solúveis em função do estudo da curva de absorção dos nutrientes são adotadas no manejo nutricional da citricultura. Em função disso, o conhecimento aprofundado da tecnologia é importante tanto para o produtor quanto para o engenheiro agrônomo.