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Couve-flor: Clima como desafio

Couve-flor _ Créditos: Shutterstock

Por ser um alimento de baixo valor calórico e de elevado valor nutricional, a produção mundial e consumo de couve-flor (Brassica oleracea var. botrytis) aumentou consideravelmente nos últimos 10 anos.
De acordo com o último levantamento da FAO (Food and Agriculture Organization), a produção mundial de couve-flor e de brócolis foi de 26.918.570 toneladas, em uma área de aproximadamente 1.436.815 hectares, e com produtividade média de 18,73 toneladas por hectare. China, Índia, Estados Unidos, Espanha e Itália são os maiores produtores desta hortaliça (Faostat, 2021).

Produção brasileira

O Brasil, apesar de não estar no ranking dos maiores produtores mundiais de couve-flor, tem uma produção considerável, especialmente nas regiões sudeste e sul, onde é mais plantada.
A produção nacional de couve-flor é de 140.067 toneladas, sendo feita em mais de 19.646 estabelecimentos agropecuários, de acordo com último censo agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2017).
Os maiores Estados produtores são: São Paulo (36.368 toneladas), Rio de Janeiro (36.219 toneladas), Paraná (17.182 toneladas), Santa Catarina (12.569 toneladas) e Minas Gerais (12.418 toneladas). Merece destaque a participação do município de Nova Friburgo, na região serrana do Estado do Rio de Janeiro, pela elevada produção de couve-flor (23.714 toneladas anuais) (IBGE, 2017).

Sazonalidade e precificação

A couve-flor é o 48º produto mais comercializado na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), sendo os meses de janeiro, fevereiro, março, maio e junho os períodos de menor oferta.
Dados do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort) mostram que, no ano de 2020, foram comercializados 51.000.285 kg de couve-flor nas Centrais de Abastecimento (CEASAS) de todo o Brasil. Apenas nas Ceasas, este produto resultou em valor de comercialização superior a R$ 90.481.613,00 em 2020.
Os preços médios de comercialização de couve-flor (unidade) no atacado no ano de 2020 foram de R$ 2,86 na CEAGESP-SP; de R$ 3,39 na CEASA-DF, e R$ 1,68 na CEASA-RJ (PROHORT-SIMAB, 2021). Em função da menor oferta, os maiores preços de comercialização são geralmente registrados nos meses de fevereiro a maio.

Custo de produção

Informações divulgadas pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (EMATER-DF) revelam que os custos de produção de couve-flor irrigada por gotejamento são de aproximadamente R$ 23.318,00 por hectare, considerando-se 21.600 plantas por hectare. Estes custos, no entanto, podem ser variáveis em função do nível tecnológico adotado pelos produtores.

Desafios e tendências

Dentre os desafios para a produção de couve-flor no Brasil está a sua exigência em condições climáticas, por ser uma cultura de origem temperada. Temperaturas mais elevadas podem inviabilizar ou dificultar o cultivo em regiões mais quentes e nos períodos de primavera/verão.
Atualmente, já estão disponíveis no mercado algumas cultivares de couve-flor com melhor adaptação ou tolerância ao calor, o que tem permitido o seu cultivo no verão e em meia-estação, mas apenas em regiões de elevada altitude. Estas cultivares possibilitam a ampliação do período de cultivo de couve-flor em áreas serranas, e a sua oferta nos períodos de entressafra, quando os preços são mais elevados.
Outra dificuldade relacionada à produção e mercado de couve-flor está relacionado à sua perecibilidade e baixa conservação pós-colheita, o que requer maiores cuidados no processo de colheita das inflorescências, transporte e armazenamento.
As colheitas devem ser realizadas nos horários mais frescos do dia. O transporte e armazenamento em temperaturas próximas a 5ºC reduz a taxa respiratória e perda de água e, consequentemente, aumenta a sua durabilidade. A utilização de embalagens em filme plástico também tem sido considerada em algumas redes de supermercados para o aumento da longevidade pós-colheita da couve-flor.
A produção e o consumo de couve-flor têm perspectivas de crescimento no mercado brasileiro para o ano de 2021, seguindo a tendência mundial. O aumento de seu consumo, assim como o de brócolis, pode ser atribuído às mudanças de hábitos alimentares e à busca por dietas menos calóricas e mais saudáveis e equilibradas, além do aumento dos consumidores adeptos ao vegetarianismo e veganismo.
O aumento do período de oferta ao longo do ano também contribui para a elevação do consumo.

Autoria:
Carlos Antônio dos Santos
Engenheiro agrônomo e doutor em Fitotecnia/Produção Vegetal – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
carlosantoniods@ufrrj.br
Margarida Goréte Ferreira do Carmo
Engenheira agrônoma, doutora em Fitopatologia e professora – UFRRJ
gorete@ufrrj.br
Júlio César Ribeiro
Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia/Ciência do Solo) – UFRRJ
jcragronomo@gmail.com

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