24.6 C
Uberlândia
sexta-feira, abril 26, 2024
- Publicidade -
InícioArtigosGrãosCresce o uso de bioinseticidas na agricultura

Cresce o uso de bioinseticidas na agricultura

 

Alessandra Marieli Vacari

amvacari@gmail.com

Sergio Antonio de Bortoli

Laboratório de Biologia e Criação de Insetos (LBCI), Departamento de Fitossanidade, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, FCAV/Unesp, Jaboticabal (SP)

 Créditos Shutterstock
Créditos Shutterstock

O uso de biodefensivos tem crescido na agricultura em virtude de vários fatores, como a busca por uma agricultura sustentável, problemas de resistência das pragas aos inseticidas químicos sintéticos, oferta limitada de novas moléculas e o expressivo avanço tecnológico verificado na área de inseticidas biológicos, com o desenvolvimento de formulações mais eficientes e com maior vida de prateleira.

Bioinseticidas são inseticidas biológicos elaborados à base de microrganismos entomopatogênicos como bactérias, vírus, fungos e nematoides, principalmente.

Na agricultura os bioinseticidas podem ser utilizados na forma direta, sem a necessidade de formulação, ou podem ser formulados, utilizando-se suspensão concentrada (SC), concentrado emulsionável (EC), pó molhável (WP) e granulado (GR).

Os entomopatógenos podem ser utilizados nas três categorias de controle biológico, clássico, conservativo e aumentativo. Alguns patógenos que não são produzidos comercialmente podem ser utilizados como agentes de controle biológico clássico ou conservativo, como a ocorrência natural de patógenos nos agroecossistemas.

O controle biológico aumentativo, usando aplicações inundativas de agentes de controle microbiano, é a estratégia mais comum na utilização de entomopatógenos para o controle de artrópodes pragas. Estima-se que mais de 50 espécies de agentes entomopatogênicos, incluindo vírus, bactérias, fungos e nematoides, são atualmente produzidos comercialmente e utilizados como bioinseticidas no mundo.

Os bioinseticidas são inseticidas biológicos elaborados à base de microrganismos entomopatogênicos - Créditos Shutterstock
Os bioinseticidas são inseticidas biológicos elaborados à base de microrganismos entomopatogênicos – Créditos Shutterstock

Vantagens dos bioinseticidas

 

Os bioinseticidas podem ser utilizados no Manejo Integrado de Pragas (MIP) e na agricultura sustentável. Eles são seguros para os trabalhadores do campo que aplicam o produto, bem como para a saúde dos consumidores e o ambiente.

Além disso, os bioinseticidas normalmente são específicos e seletivos, minimizando os impactos aos organismos não-alvo e benéficos, como os inimigos naturais. Assim, a utilização de bioinseticidas contribui para promover a biodiversidade e o controle natural de artrópodes pragas também pelos parasitoides e predadores.

Algumas formulações de bioinseticidas à base de vírus e Bacillusthuringiensis (Bt) podem apresentar tempo de prateleira comparável a inseticidas químicos sintéticos, o que pode ser um substancial estímulo para a expansão no uso desses produtos.

Os bioinseticidas podem ser utilizados sozinhos em programas de MIP ou em combinação com outras táticas, como o controle químico, devido à compatibilidade de alguns entomopatógenos com moléculas químicas sintéticas. Além disso, podem ser aplicados usando os equipamentos convencionais.

Alguns bioinseticidas possuem rápida ação e podem matar o inseto praga em algumas horas ou poucos dias após a aplicação, dependendo do tipo de entomopatógeno, bem como da linhagem empregada.

Os bioinseticidas podem ser utilizados no Manejo Integrado de Pragas (MIP) e na agricultura sustentável - Créditos Shutterstock
Os bioinseticidas podem ser utilizados no Manejo Integrado de Pragas (MIP) e na agricultura sustentável – Créditos Shutterstock

O uso dos produtos

Atualmente, acredita-se que os bioinseticidas correspondem a aproximadamente 1 a 2% de todos os inseticidas comercializados no mundo. Na última década ocorreu um aumento da utilização dos bioinseticidas em relação aos inseticidas químicos, que proporcionalmente apresentaram um declínio em sua comercialização.

Algumas fontes recentes estimam que, devido ao crescimento da utilização dos bioinseticidas, a porcentagem de produtos biológicos comercializados chegou a 3% dos inseticidas comercializados em 2014.

Na Europa, o aumento da utilização dos bioinseticidas está particularmente relacionado à legislação que restringe os níveis de resíduos da maioria dos inseticidas químicos. No Brasil, nos últimos anos, várias moléculas consideradas muito tóxicas foram proibidas, como por exemplo, o endosulfan.

Além disso, após a detecção da ocorrência da espécie Helicoverpaarmigera no Brasil, em 2013, que era praga quarentenária, como não havia inseticidas registrados no País para seu combate, ocorreu um aumento no emprego de bioinseticidas.

Posteriormente, outros bioinseticidas foram registrados no Brasil para o controle de lepidópteros, aumentando assim a disponibilidade de mercado desses produtos e, consequentemente, sua utilização em campo. O impacto do aumento do setor orgânico também teve um importante papel no aumento da comercialização e utilização dos bioinseticidas.

Pragas

Com relação aos vírus entomopatogênicos, a maioria dos bioinseticidas formulados à base de vírus são elaborados com baculovírus específicos para lepidópteros, como nucleopoliedrovírus (NPV) e granulovírus (GV), com os quais têm sido desenvolvidos e comercializados produtos para serem empregados na produção agrícola.

Os baculovírus são utilizados com foco principal no controle de lepidópteros pragas como Helicoverpa spp. eSpodoptera spp., sendo que atualmente no Brasil existem seis bioinseticidas registrados e comercializados à base de vírus, principalmente para o controle de Helicoverpaarmigera, Anticarsiagemmatalis, Helicoverpazea, Heliothisvirescens e Spodoptera frugiperda, em culturas como soja, algodão e milho.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de março 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

ARTIGOS RELACIONADOS

Telas – Mais proteção no cultivo de tomate

AutoresLuana Keslley Nascimento Casais luana.casais@gmail.com Rhaiana Oliveira de Aviz rhaianaoliveiradeaviz@gmail.com Emanoel dos Santos Vasconcelos emanoeldsvpgm@gmail.com Graduandos em Agronomia - Universidade Federal Rural da Amazônia...

Seca que assola o país deixa marcas na agricultura

As perdas em produtividade das culturas agrícolas são estimadas pela Céleres em 6% para a soja (atingindo 2,8 t/ha na média nacional) e...

Segunda geração de biopesticidas revoluciona a agricultura

  Iracema de Oliveira Moraes Engenheira de Alimentos e presidente da PROBIOM - Tecnologia Pesquisa e Desenvolvimento Experimental em Ciências Físicas e Naturais iomoraes@hotmail.com   A segunda geração de...

O mundo precisa das abelhas

Em ambientes naturais, as abelhas nativas, dentre outros agentes polinizadores, são responsáveis pela reprodução vegetal de diversas famílias da flora, aumentando a produtividade e a variabilidade dos vegetais por meio da polinização cruzada. Seu trabalho é tido como um serviço ecológico-chave para a manutenção e a conservação dos ecossistemas.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!