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Cultivares recomendadas para as condições subtropicais e tropicais

Givago Coutinho Doutor em Fruticultura e professor efetivo do Centro Universitário de Goiatuba (UniCerrado)givago_agro@hotmail.com

Figo – Créditos Pixabay

A figueira é muito antiga e suas formas de multiplicação permitiram propagar clones interessantes, que são hoje as cultivares que conhecemos. As mutações produzidas no decorrer dos séculos, conservadas pelo homem, em decorrência de suas peculiaridades, têm sido propagadas ao longo dos tempos. A esse fato, juntamente com a fácil germinação das grainhas, disseminadas pelos pássaros, contribuiu para a maior diversidade das cultivares de figueira.

Em razão da grande diversidade de cultivares de figueiras domésticas, com muitas vezes características similares dentro de um mesmo grupo, há um grande problema nas descrições das cultivares, em razão do confundimento varietal. Desse modo, é bastante frequente que uma mesma cultivar tenha nomes diferentes dentro de uma mesma região e, principalmente, entre países.

O confundimento varietal pode trazer grandes problemas, pois as características e as exigências das cultivares são diferentes. O maior exemplo que se pode ter é a figueira ‘Roxo de Valinhos’, que também é conhecida como ‘Brown Turkey’, ‘Corbo’, ‘Nero’, ‘Breva Negra’, ‘Grosse Violette de Bordeaux’, ‘Negro Largo’, ‘Portugal Black’, ‘Nigra’, dentre outras.

Roxo de Valinhos

A Roxo de Valinhos adaptou-se muito bem ao sistema de cultivo brasileiro, por intermédio de podas drásticas, frente a sua rusticidade, vigor e excelente produção de frutos.

Os ramos são bem flexíveis, com entrenós pouco salientes e mediamente distanciados. As folhas são pentalobadas, ásperas, pubescentes, com pecíolo longo e de coloração verde-claro. O fruto é de tamanho grande (90 g), de formato piriforme, pedúnculo curto, epiderme de coloração roxo-escura, não fendilhada, com polpa de coloração rosa-violácea. O ostíolo é de coloração violácea, com tendência a rachaduras, o que torna essa variedade com pouca duração em pós-colheita.

Produção de mudas de alta qualidade

A figueira é multiplicada por vias assexuais, uma vez que a desuniformidade entre os indivíduos resultantes da propagação sexual, via semente, não é desejada em plantios comerciais, ainda que essa forma de propagação seja desejada somente em trabalhos de melhoramento genético.

No Brasil, não há a vespa polinizadora Blastophaga psenes e números suficientes de exemplares de figueiras baforeiras, ou seja, os caprifigos, salvo em coleções experimentais em instituições públicas.

A figueira normalmente é propagada por estacas lenhosas coletadas e preparadas para esse fim, junto à poda de frutificação realizada durante o inverno. As estacas podem ser plantadas diretamente a campo (estacas não enraizadas) ou ainda levadas para viveiro visando à produção de mudas em sacos plásticos.

Nesse último caso, são preferidas estacas de comprimento diminuto, a fim de facilitar o preparo das mudas, bem como a utilização de recipientes de menores dimensões, o que vem a maximizar o sistema de produção de mudas de figueira perante o aumento de mudas no espaço destinado a esse fim.

Outros métodos de propagação vegetativa, como o enraizamento de segmentos nodais, mergulhia aérea, também conhecida como alporquia e ainda a enxertia, podem ser utilizados, porém, não para fins comerciais, mas sim para a multiplicação rápida quando se tem poucos exemplares ou ainda na multiplicação de novas cultivares de interesse econômico, com potencial de diversificação da ficicultura brasileira.

Condições de campo

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O plantio a campo das estacas não enraizadas é um método de larga utilização nas principais regiões produtoras, tanto em São Paulo como em Minas Gerais, principalmente nas regiões onde se concentram as maiores áreas produtoras de figo.

Isso porque a disponibilidade de materiais para a multiplicação não é um fator limitante, já que os ramos removidos das plantas por ocasião da poda durante o inverno serão descartados.

Na adoção desse método, recomenda-se utilizar estacas com um ano de idade, com comprimento de 40 a 60 cm de comprimento, dando-se preferência para a porção basal dos ramos podados. Salienta-se, ainda, que o enraizamento médio é torno de 60%.

Para evitar falhas, recomenda-se dar preferência a solos profundos, bem drenados e com possibilidade de uso de irrigação. Sendo assim, é recomendado que a linha de plantio seja bem removida, para o solo permanecer bem friável no momento do plantio.

Cuidados no plantio de estacas

Após o preparo do solo, deve-se dimensionar os espaçamentos e realizar a abertura das covas em dimensões de 40 x 40 x 40 cm. A profundidade de plantio é variável, sendo recomendável que pelo menos dois terços da estaca fiquem enterradas no solo.

Um dos principais cuidados no plantio das estacas é garantir uma boa aderência do solo à estaca, uma vez que espaços porosos podem aumentar a sua desidratação e prejudicar o enraizamento. Assim, deve-se compactar bem o solo junto à estaca, pelo menos no seu terço basal, cobrindo-se, normalmente, o restante dela com terra friável.

Em seguida, recomenda-se aplicar água com regador sem crivo, de tal forma que a água carreie o solo da superfície, depositando-se na base da estaca. Tudo isso contribui para a diminuição da porosidade do solo ao redor da estaca, favorecendo o enraizamento.

O enraizamento das estacas previamente em viveiro é uma alternativa com grande potencial na propagação da figueira, principalmente pelo risco de falhas no enraizamento e assim na formação inicial do figueiral, ocasionado por não haver o enraizamento das estacas plantadas a campo.

Água em equilíbrio

Salienta-se que a falta de água é uma das principais razões de falhas no enraizamento das estacas, mas, por outro lado, o excesso de umidade pode ocasionar o apodrecimento das estacas e assim levar a sua morte.

Por isso, os cuidados no manejo da irrigação das estacas não enraizadas a campo e na produção de mudas por estacas enraizadas em viveiros são os mesmos, ou seja, é necessário irrigar, mas não em demasia. Assim, na produção de mudas de figueira em viveiro, deve-se dar preferência para substratos porosos, que permitam retenção de água e, ao mesmo tempo, boa drenagem.

Uma opção é realizar o preparo das estacas e, em seguida, colocá-las em leito de areia a ser umedecido diariamente, sendo essas transplantadas para sacos plásticos preenchidos com substrato após o início do enraizamento, que ocorre aproximadamente 60 dias após o plantio das estacas no leito de areia.

Mas, ressalta-se que ocorrem muitas perdas de estacas enraizadas na operação de transplante, principalmente a seca das brotações. Assim, a melhor opção é o plantio das estacas não enraizadas diretamente nos sacos plásticos, em viveiro telado.

Uma grande vantagem da utilização de mudas provenientes de estacas enraizadas em viveiro é a possibilidade de aproveitar as porções menores localizadas na extremidade dos ramos.

A vantagem da utilização das estacas de menores dimensões (estacas apicais) é que se pode utilizar recipientes diminutos, aumentando assim a densidade de mudas no viveiro. Outra grande vantagem é que as estacas da porção apical possuem maior número de gemas, o que facilita a brotação e o enraizamento delas.

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