Bruna de Jesus Silva
Engenheira agrônoma e mestranda em Melhoramento Genético de Plantas – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
brunajs@outlook.com.br
Pensando em nutrição da soja, depois do nitrogênio (N) o potássio (K) é o nutriente que a soja mais remove do solo. Disponibilizar o potássio de maneira adequada significa favorecer o aumento de nodulação e dos componentes de produção, além de tornar a planta mais resistente ao estresse biótico e abiótico.
A falta de potássio na cultura da soja pode impactar fortemente no acúmulo de biomassa, rendimento e qualidade dos grãos.
Os baixos teores de K ocasionam funcionamento inadequado de várias enzimas, diminuição da taxa fotossintética, da translocação de açúcares, da abertura e fechamento dos estômatos e regulação osmótica, resultando em atraso na maturação da planta, hastes verdes, retenção foliar, vagens chochas, grãos pequenos, enrugados, deformados, com baixo vigor e poder germinativo. Tudo isso compromete a qualidade final dos grãos.
Reflexos diretos
As consequências da limitação nutricional de potássio se manifestam principalmente no terço superior das plantas. Isso é mais evidente em cultivares de soja com tipo de crescimento indeterminado.
Nestas cultivares, os nutrientes são demandados em maior quantidade, inicialmente na formação dos grãos do terço inferior e médio. Isso acaba provocando o aparecimento da deficiência no terço superior das plantas.
Por ser facilmente translocado pelos vasos condutores dentro da planta, em sua deficiência ocorre o amarelecimento foliar até a necrose. Esse processo inicia nas margens externas das folhas no sentido da ponta em direção à base da folha.
Nestas condições de baixa disponibilidade, a planta realoca o nutriente das folhas mais velhas para atender as exigências nutricionais das partes mais jovens.
Plantio direto
É importante se atentar que quando os sintomas da falta de K forem visíveis em reboleiras, as áreas próximas e sem sintomas provavelmente também estarão sendo afetadas pela baixa disponibilidade do nutriente, o que é conhecido como “fome oculta”.
Para evitar a falta de potássio, utiliza-se de análise do solo, interpretação dos resultados e a aplicação das doses de K recomendadas para a adubação dessa cultura. Estes manejos podem auxiliar a não ter perdas futuras.
Outros procedimentos que podem ajudar na fixação de K são o parcelamento da adubação com a adoção de sistemas conservacionistas do solo que agreguem carbono e, por consequência, aumentem a CTC do solo.
Em equilíbrio
A aplicação de potássio precisa ser fornecida de forma equilibrada, pois em altas doses, sem levar em consideração a CTC do solo e o equilíbrio de bases, pode ocorrer lixiviação, onde se perde ou ocorre fitotoxidez à planta.
Para auxiliar na tomada de decisão, podemos levar em consideração dois índices, o MET e MEE. A primeiro está relacionado à dose de fertilizante, em que a produtividade deixa de aumentar e passa a ser reduzida.
Isso porque o excesso de fertilizante passa a ser tóxico para as plantas, levando à redução da produtividade. Já a MEE leva em consideração o preço do fertilizante e da soja. Estes índices são de valia para auxiliar os produtos a reduzir os gastos, um desafio dos produtores.
A deficiência deste nutriente não afeta apenas a soja, mas também outras plantas. Na soja, pode afetar crescimento, tornando-o vagaroso, desenvolvendo pouco o sistema radicular, com frutos pequenos e, no caso de sementes e/ou grãos, o tegumento pode apresentar características de enrugamento, dentre outros.