Igor Botega Junqueira
igorbotega@gmail.com
Anna Carolina Abreu Francisco e Silva
annacabreufs@gmail.com
Graduandos em Agronomia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
Letícia Silva Pereira Basílio
Doutoranda em Agronomia/Horticultura – UNESP
leticia.ufla@hotmail.com
O algodão é considerado uma das culturas mais importantes em âmbito mundial e todos os anos cerca de 35 milhões de hectares são cultivados em todo o mundo, sendo produzido em mais de 60 países dos cinco continentes.
No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a área de cultivo na safra de 2020/21 foi de 1.424.700 hectares, promovendo uma produção de pluma de 2.509,70 milhões de toneladas e uma produtividade de pluma de 1.761,56 kg por hectare.
Desafios
O manejo de plantas daninhas na cultura do algodão representa um dos maiores desafios para os produtores, uma vez que causam interferências de diversas formas na cultura. A presença de plantas daninhas promove a competição destas junto à cultura por água, luz, nutrientes e espaço físico.
Podem, também, causar a redução da qualidade da produção, uma vez que podem prejudicar a colheita e sujar a fibra do algodão, reduzindo assim a qualidade extrínseca do produto colhido.
Danos
A planta do algodão é sensível à competição causada pela presença de plantas daninhas, quando não controladas no momento adequado, interferindo na produção e podendo acarretar perdas totais de produção e/ou redução da qualidade do produto final. Em condições extremas, as perdas na colheita podem chegar a 100%.
A presença das plantas invasoras no campo pode causar danos diretos e indiretos à cultura, sendo os danos diretos aqueles que afetam o desenvolvimento e a qualidade comercial da cultura, enquanto os indiretos são aqueles que dificultam ou impedem alguma operação de manejo, a colheita e quando se tornam hospedeiras de pragas e doenças.
O nível de interferência causado pela presença de plantas daninhas no ciclo do algodão irá depender de fatores como o sistema de cultivo, espécies infestantes, densidade, variedade cultivada e o período de convivência do algodão junto às plantas daninhas.
O algodão é uma cultura de ciclo longo, de 170 a 200 dias, apresenta crescimento inicial lento, o que confere às plantas daninhas uma dianteira de desenvolvimento. Sendo assim, o cultivo apresenta período crítico de prevenção à interferência de, em média, 55 dias, período este em que a cultura deve ser mantida livre da presença de plantas daninhas para evitar perdas de rendimento.
Este período tem início próximo aos 15 dias após a emergência até em média 70 dias após a emergência, que confere o período total de prevenção a interferência.
Manejo
O manejo está relacionado à prevenção da infestação e reinfestação da área. O produtor deve adotar boas estratégias de manejo combinadas a soluções tecnológicas e orientações técnicas.
As lavouras brasileiras de algodão são acometidas por plantas daninhas de folhas largas e folhas estreitas. As principais daninhas de folhas largas são o leiteiro ou amendoim-bravo (Euphorbia heterophylla), picão-preto (Bidens pilosa), caruru (Amaranthus spp.), trapoeraba (Commelina benghalensis), corda-de-viola (Ipomea spp.) e buva (Conyza bonariensis).
E as principais daninhas de folhas estreitas são capim-pé-de-galinha (Eleusine indica), capim-amargoso (Digitaria insularis), capim-colchão (Digitaria horizontalis) e capim-carrapicho (Cenchrus echinatus).
Em relação à qualidade da fibra do algodão, algumas espécies de plantas daninhas, como o picão-preto, capim-carrapicho e o capim-colchão, causam danos ao produto final, onde as sementes destas plantas se aderem às fibras. A presença de impurezas promove a redução da qualidade do produto, aumento dos custos de beneficiamento e redução do valor de mercado.
A corda-de-viola é considerada uma planta daninha de grande importância econômica na agricultura, visto que, por possuir hábito de crescimento trepador, pode se enrolar no algodoeiro, causando estrangulamento e o acamamento das plantas. Além disso, a presença desta espécie no campo no momento da colheita pode comprometer o funcionamento do maquinário.
Resistência chama atenção
Atualmente, a resistência das plantas daninhas aos herbicidas constitui um dos maiores problemas ao produtor. Sendo assim, diversos métodos podem ser empregados no controle de plantas daninhas.
O método de controle químico, por meio da utilização de herbicidas, é uma das estratégias mais importantes, principalmente pela mistura de produtos com mecanismos de ação distintos, para assim evitar ou retardar o surgimento de plantas daninhas resistentes aos herbicidas.
O uso de superdosagens e subdosagens destes produtos também contribui para o surgimento de daninhas resistentes. Além disso, o uso da dosagem correta, mas sem o manejo adequado para o controle destas plantas, a rotação de produtos e o emprego de diferentes mecanismos de ação podem também representar problemas ao produtor.
Para se realizar um manejo correto e objetivando retardar o surgimento de plantas daninhas resistentes, é recomendado aderir ao uso de herbicidas com diferentes mecanismos de ação, tanto no mesmo ano, nas misturas de tanque, como também nas formulações prontas entre anos, analisando sempre o histórico da área que será trabalhada.
Quando possível, realizar tanto a rotação de princípio ativo, quanto a rotação de culturas; evitar o uso de produtos com resistência já comprovada para a espécie alvo e realizar monitoramento constante da área com o objetivo de comparar a evolução das espécies, a dominância, densidade e outros aspectos destas plantas.
Como exemplo de espécies que apresentam resistência ao ingrediente ativo glifosato, sendo esta resistência natural para algumas espécies ou desenvolvida pelo tempo de uso, pode-se citar a buva, o caruru, a trapoeraba e o amendoim-bravo, o que as tornam daninhas de difícil controle. Já o capim-amargoso também é uma planta de difícil controle uma vez que já apresentou resistência a esse ingrediente ativo.