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Desafios no controle da traça-do-tomateiro

Créditos Embrapa

Franciely da Silva Ponce
Engenheira agrônoma e doutora em Agronomia/Horticultura – UNESP
francielyponce@gmail.com
Claudia Aparecida de Lima Toledo
Engenheira agrônoma e doutoranda em Agronomia/Proteção de Plantas – UNESP
claudia.lima.toledo@gmail.com
Santino Seabra Júnior
Engenheiro agrônomo, PhD e professor – Universidade Estadual do Mato Grosso-(UNEMAT)
santinoseabra@hotmail.com

A tuta absoluta (Meyrick) (Lepidoptera: Gelechiidae), também conhecida como traça-do-tomateiro, é a praga de maior importância no cultivo de tomate da atualidade. Devido ao difícil controle e severidade dos danos, pode proporcionar perdas de até 100% aos cultivos.

A traça-do-tomateiro se alimenta de plantas da família das Solanáceas, como a batata, o jiló, berinjela e no cultivo do tomateiro tem dificultado sobremaneira a atividade, fazendo com que alguns produtores abandonem as lavouras.

Trata-se de uma praga que ressurgiu após um período de 10 anos que vinha sendo controlada de maneira eficiente por meio do controle químico, com o uso de inseticidas do grupo das Diamidas.

Controle eficiente

O controle químico é a principal ferramenta utilizada no controle da traça-do-tomateiro, no entanto, devido à seleção de populações resistentes aos principais inseticidas utilizados, são feitas várias aplicações semanais visando o controle efetivo, o que aumenta ainda mais a pressão de seleção, além de reduzir a população de inimigos naturais.

O controle da traça-do-tomateiro tem sido um grande desafio nos últimos anos e representa um dos principais entraves à produção, principalmente de tomate.

Identificando a praga

A traça-do-tomateiro tem quatro fases de desenvolvimento: ovo, lagarta, pupa e adulto, com ciclo de vida que pode durar de 24 a 76 dias, conforme a temperatura. Os ovos são depositados normalmente na face inferior das folhas, no entanto, em infestações severas, podem ser encontrados em toda a superfície da folha, nas brotações, flores, caule, hastes e frutos.

As lagartas fazem galerias nas folhas, ficando protegidas, dificultando o controle eficiente por meio da aplicação de inseticidas. As lagartas normalmente empupam no solo, no entanto, as pupas podem ser encontradas no interior da galeria, ou mesmo aderidas a outras partes da planta. 

Prejuízos

Os danos da traça-do-tomateiro são observados primeiramente nas folhas, onde as lagartas recém-emergidas perfuram e constroem galerias, alimentando-se do conteúdo foliar (mesofilo), reduzindo a fotossíntese e, consequentemente, a produção.

Os danos podem ocorrer em brotações, prejudicando a emissão de novas folhas e flores, e no caule comprometendo o fluxo de água e nutrientes. Os danos às flores prejudicam o pegamento dos frutos, ou levam ao abortamento das flores.

As lagartas se alimentam também dos frutos, o que compromete a produção e a qualidade. Frutos brocados têm baixa aceitação no mercado, além disso, os ferimentos causados pela traça-do-tomateiro são porta de entrada para doenças e apodrecimento, além de reduzir o tempo de prateleira e comprometer o aspecto visual e qualidade, tornando o controle da praga essencial para garantir a produção de frutos saudáveis.

Alerta

Entre os fatores climáticos que mais afetam a infestação de traça-do-tomateiro, temperaturas de ± 30°C favorecem a reprodução, com maior oviposição e sobrevivência dos indivíduos.

Além disso, com o aumento da temperatura, o metabolismo dos insetos acelera, reduzindo o ciclo da praga e proporcionando mais gerações por ano. Em locais com temperatura entre 15 e 20°C, a oviposição é menor e o ciclo é prolongado.

O monocultivo, aliado à não destruição dos restos culturais, favorece a permanência da praga nas lavouras. Mesmo em plantas secas as lagartas de traça-do-tomateiro conseguem completar o ciclo de desenvolvimento, reinfestando a área.

Em cultivos comerciais, é comum observar a formação de novas lavouras, próximas a lavouras antigas, o que permite a migração dos insetos de uma área para outra, sendo indispensável a destruição das plantas em final de ciclo, além da divisão da área em talhões para facilitar a organização da área e instalação de novos cultivos afastados de lavouras velhas.

Formas de controle

O manejo preventivo da praga consiste na destruição de restos culturais a fim de evitar o aumento da infestação e reinfestação das áreas. A utilização de armadilhas para monitoramento da presença da praga na lavoura e sinalizar o momento em que os primeiros adultos surgirem na lavoura, para o posicionamento de táticas de controle, são recomendados.

O monitoramento pela vistoria semanal das plantas pode ser utilizado na substituição das armadilhas de feronômio, mas, nesse caso, deve-se contabilizar os ovos de traça-do-tomateiro.

Como curativo, podem ser utilizados o controle químico, biológico ou comportamental, por meio de armadilhas de feromônio. Ao utilizar o controle químico, dar preferência a inseticidas seletivos, para que os inimigos naturais não sejam prejudicados e auxiliem na redução das pragas.

A rotação de princípios ativos auxilia na redução da pressão de seleção da população de traça-do-tomateiro, evitando a seleção de indivíduos resistentes. Além disso, garante uma maior eficiência no controle dos insetos-praga devido ao sítio de ação distinto. 

Como manejar a praga de maneira assertiva

A melhor opção de controle da traça-do-tomateiro é com o manejo integrado de pragas, respeitando os níveis de controle e posicionamento conjunto de métodos. O controle biológico pode ser através de macrobiológicos, quando são utilizados predadores e/ou parasitoides e o microbiológico com inseticidas à base de fungo, vírus ou bactéria.

O parasitoide de ovos Trichogramma pretiosum tem sido amplamente utilizado no mundo para o controle de traça-do-tomateiro com a liberação inundativa e apresenta eficiência superior a 80% em campo. Além disso, pode ser utilizado de forma conjunta com controle químico, comportamental, entre outros.

O controle biológico com T. pretiosum apresenta baixo custo, sendo indicada a liberação de 200 a 500 mil fêmeas por hectare, dependendo do número de plantas. Esta técnica proporciona o controle da praga antes que o dano ocorra e não apresenta prejuízos ao meio ambiente, nem promove a seleção de populações resistentes da praga.

Para a utilização de forma conjunta com o controle químico, a liberação inundativa deve ser realizada, em um primeiro momento, para o controle dos ovos e a pulverização de quaisquer produtos deverá ocorrer apenas após 72 horas, tempo em que o parasitoide apresenta parasitismo máximo.

No entanto, é preciso enfatizar que a liberação de T. pretiosum irá controlar os ovos presentes na área – as lagartas e adultos precisaram ser controlados por outros métodos.

O controle biológico é feito por meio de microbiológicos, como o Bacillus thuringiensis que, devido à similaridade com os inseticidas químicos, a aceitação é maior entre os produtores. No entanto, mesmo em se tratando de inseticidas biológicos, há a necessidade de rotação de princípios ativos, para evitar a seleção de indivíduos seletivos.

Alternativas

O produtor ainda conta com a possibilidade de utilizar armadilhas de feromônio, que capturam os machos. Este tipo de armadilha serve tanto como monitoramento dos insetos na área, auxiliando na detecção da infestação no estágio inicial, como medida de controle.

Apesar de serem capturados apenas machos, há redução do encontro para a cópula, o que diminuirá a infestação.

O manejo efetivo da praga necessita da junção de várias ferramentas, que atuarão nas várias fases dos insetos, como o preconizado no manejo integrado de pragas, que por meio da identificação, monitoramento para estabelecer os níveis de controle e mortalidade natural do agroecossistema, proporciona melhores resultados.

O posicionamento de ferramentas, em conjunto, entregará melhores resultados do que quando utilizadas de forma isolada.

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