Por Andreza Kerr Fantine
Lider de Stewardship para a Corteva Agriscience na América Latina
A água, enquanto recurso natural, é indispensável à vida na terra e fundamental para a agricultura. Sem dúvidas, o cenário ideal para uma lavoura seria que chovesse a quantidade exata, no período exato, umedecendo, exatamente, a área de terra onde a plantação está se desenvolvendo. Isso não acontece e nunca acontecerá, afinal estamos falando de fatores climáticos, não controláveis.
Diante desse cenário, podemos afirmar que a água é um bem escasso e que todos nós temos o dever de preservar e usar de forma eficiente, de modo a garantirmos a nossa sobrevivência e a sustentabilidade dos sistemas agroalimentares. No Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de Março, temos a oportunidade de dialogar e de compartilhar tecnologias e boas práticas que contribuam para o uso consciente dos recursos hídricos.
Ao longo dos anos, a utilização da água nas propriedades rurais foi evoluindo e atualmente, estão disponíveis soluções que visam a economia do recurso hídrico sem deixar de atender as demandas das produções. As diferentes técnicas de agricultura irrigada são alternativas para reduzir o uso de água no campo sem diminuir a produtividade. A metodologia usa tecnologias e equipamentos que fornecem a quantidade necessária de água no solo, de acordo com a cultura que está sendo cultivada.
Essa distribuição não acontece ao acaso, não se trata de molhar a terra apenas, ela é planejada. Essa combinação de fatores faz com que os recursos hídricos não sejam desperdiçados, que o solo não fique encharcado e que as plantas possam crescer saudáveis, tendo disponíveis os nutrientes necessários. As tecnologias disponíveis atualmente se tornam aliadas dos produtores que precisam usar a água em prol do desenvolvimento da lavoura.
Desde as primeiras técnicas de irrigação até o presente, muitas evoluções aconteceram e grande parte delas são pensadas para que a eficiência produtiva seja mantida e conciliada com a sustentabilidade ambiental. Acredita-se que as inovações na irrigação continuarão acontecendo e o Brasil tem um grande potencial de crescimento de área irrigada.
O Relatório da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) indica que a irrigação no país pode crescer 45% até 2030. Mas, conforme o Atlas da Irrigação, a área irrigada no país chega atualmente a 8,2 milhões de hectares, apenas 3% da área produtiva ocupada pela agropecuária. O que ainda é pouco, frente ao desafio de produzir alimentos de forma sustentável e em quantidade suficiente.
Para os próximos anos, com a internet e a tecnologia interligando a propriedade do começo ao fim, espera-se que o produtor consiga gerenciar de forma ainda mais inteligente a irrigação a partir de dados coletados sobre o solo, o clima e as condições de cultivo. A agricultura digital no agronegócio significa mais eficiência, rapidez e comprometimentos com as melhores decisões para que se mantenha os bons resultados e a sustentabilidade, uma vez que não há um caminho alternativo para lidar com o estresse hídrico se não com o auxílio da irrigação. Então, o que precisa ser feito é o uso inteligente da água, levando em consideração que cada propriedade merece um estudo isolado do solo, do clima e dos requisitos das culturas para implementar o melhor sistema de irrigação. Com uma gestão de recursos hídricos competente, consciente e aberta para incorporar os novos conceitos e tendências, é possível trazer segurança hídrica para todos.