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Uberlândia (MG), assim como todo o Brasil, atravessou um período difícil de escassez de água, algo inédito para os patamares verificados quanto à falta de chuvas dos últimos tempos.
Os rios que abastecem a cidade, Uberabinha e Bom Jardim, sofreram uma diminuição drástica em seus volumes hídricos. “Chegamos a um ponto tão crÃtico que a equipe do Departamento Municipal de Água e Esgoto de Uberlândia (DMAE) ficou surpresa com a baixa de 50% do volume útil da Represa de Sucupira, relativo à água captada para abastecer a cidade. Foi preciso reduzir a produção, e a população uberlandense foi parceira decisiva nesse momento, reduzindo em até 15% do uso diário“, relata Orlando de Resende, diretor geral do DMAE.
Em pontos isolados da cidade, especialmente nos bairros mais altos, houve desabastecimento em horários pontuais, causado por dificuldades de mandar água para esses locais. As escolas, hospitais e penitenciária foram abastecidos com caminhões pipa, instituições que não foram prejudicadas em nenhum momento por esse motivo.
Consumo de água
São produzidos, em Uberlândia, em torno de 200.000m3/dia, o que dá um consumo de 180 L/pessoa/dia, considerado alto frente aos países mais desenvolvidos. Mas, com a conscientização da população, esse consumo foi reduzido para 150 L/pessoa/dia.
O DMAE desenvolveu a campanha “Água legal“ e montou uma equipe para trabalhar percorrendo a cidade de moto, identificando vazamentos e desperdÃcios. Ao se constatar o fato, as pessoas eram abordadas e informadas sobre a condição real da água na região. “A maioria entendeu, passou a economizar água e a denunciar o desperdÃcio, enquanto uma minoria continuou lavando calçadas e ruas de forma inconsciente“, conta o diretor da unidade, que recebeu, nos últimos 45 dias, dois mil ligações de denunciantes.
Programa Buriti
O Programa Buriti é um projeto que visa recuperar as nascentes e áreas degradadas, plantar árvores nas áreas de preservação, entre outros, na Bacia do Rio Uberabinha e Bom Jardim, que abastecem a cidade.
“Vimos que os governos anteriores não valorizaram muito o Programa Buriti. A verba de 0,5% do faturamento, que teria que ser investida ao ano para revitalizar o rio, não foi utilizada de forma adequada. Então, a partir de 2013 plantamos 40 mil mudas, fizemos 100 km de cerca em áreas de preservação, barraginhas para fazer a contenção da água nas nascentes, acima das represas. Esse trabalho de revitalização é de médio/longo prazo“, detalha Orlando de Resende.
A parceria com produtores, estabelecida para esse programa, envolve mais de 120 envolvidos, que ajudam a zelar da área. Aqueles, por exemplo, que têm uma nascente dentro de sua propriedade, têm um papel importante na preservação da área, o que inclui não deixar os animais pisotearem o solo, e permitir que o manancial flua normalmente para seu curso d’água.
A equipe responsável pelo setor ambiental identifica as áreas degradadas, entra em contato com os produtores, que são convidados a aderir ao Programa Buriti, e o DMAE faz esse investimento sem nenhum ônus para o proprietário, que fica responsável apenas pela manutenção. “Fazemos cercas de arame liso, replantamos as árvores nativas, e para isso temos uma parceria com o IEF, que nos fornece milhares de mudas, trazendo benefícios para toda a cadeia“, esclarece Orlando de Resende.
O Programa Buriti pretende ampliar sua área de atuação até o município de Uberaba (MG), que é onde estão 40% do manancial e as nascentes dos rios que abastecem Uberlândia.
Antes mesmo da escassez
O DMAE, sempre lado a lado com o meio ambiente, foi protagonista de uma campanha, em 2013 (antes de se anunciar a falta de água), alertando para o uso consciente da água e ‘não ao desperdÃcio’. Neste mesmo ano uma iniciativa do governo municipal e federal levantaram uma verba de R$ 300 milhões, por meio do PAC, para buscar água no Rio Araguari. “Esse foi o maior investimento que Uberlândia já recebeu em obras de saneamento“, afirma o diretor do DMAE.
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