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Doença pratinho: O produtor de repolho precisa ficar atento?

Autores

Renato Agnello
Engenheiro agrônomo e pesquisador autônomo
ragnelo@terra.com.br
Janaína Marianno de Marque
Engenheira agrônoma, doutora, professora de Fitopatologia e Entomologia – FESB – Bragança Paulista e proprietária do Laboratório Atena – Diagnóstico, Manejo e Rastreabilidade
contato@labatena.com.br
Fotos: Shutterstock

A doença pratinho recebe este nome popular em função da planta de repolho ficar achatada em formato de prato. Os primeiros relatos do “pratinho” surgiram na década de 90 no Estado de São Paulo e os diagnósticos sem as análises e baseados apenas na sintomatologia apontavam para bartonela, verticilium, fusarium, deficiência de fósforo e outras, até que estudos na Esalq chegaram à verdadeira causa, que é o fitoplasma transmitido por cigarrinhas de diversas espécies, como o gênero Agalia

O fitoplasma é particularmente importante na cultura do repolho. Tratam-se de organismos semelhantes a bactérias, mas sem parede celular. São organismos transmitidos por insetos vetores e colonizam os vasos do floema. O diagnóstico dessa doença é difícil, já que não é possível cultivar fitoplasmas em meio de cultura e os sintomas são semelhantes aos causados por vírus, deficiências nutricionais, patógenos de solo e queima de herbicidas.

Além disso, algumas plantas têm infecção latente, ou seja, estão contaminadas mas não apresentam sintomas. O diagnóstico preciso só é possível com o uso de microscopia eletrônica e técnicas moleculares, ferramentas caras e de difícil acesso ao produtor rural (Maringoni, Silva Jr, 2016).

As principais regiões produtoras de brássicas no Brasil são afetadas pelo fitoplasma, sendo observado desde a Bahia até o Rio Grande do Sul. Sintomas de pratinho já foram descritos em outros países antes da década de 90.

Prejuízos e sintomas

A doença pode causar até 100% de prejuízos à cultura do repolho, sendo que a mesma já foi observada em outras brássicas, como brócolis, couve-flor, rúcula, couve-manteiga, couve-chinesa, mostarda, etc.

Os sintomas observados em repolho são o enfezamento (redução do crescimento das plantas), folhas amareladas, má formação da cabeça, proliferação de brotos na haste e formação de um anel escuro nos vasos do floema, visível quando se faz um corte transversal do caule da planta.

Como a cabeça do repolho não se forma, fica inviabilizada comercialmente. Em alguns casos, a cabeça pode ser aproveitada, mas fica com menor tamanho, reduzindo seu valor comercial. O mais comum, porém, é a perda total da planta, e quanto mais precoce for a infecção, mais severos serão os sintomas.

Transmissão

A transmissão do pratinho ocorre por cigarrinhas, sendo que as espécies envolvidas são Macrosteles fascifrons, Macrosteles quadrilineatus, Scaphytopius irroratu e Ceratagallia abrupta, no caso do repolho. Plantas doentes no campo servem de fonte de inóculo para plantas sadias, razão pela qual devem ser eliminadas e retiradas da área (Maringoni; Silva Jr, 2016; Mello, 2007).

Formas de controle

O controle deve ser feito de forma preventiva, uma vez que a planta doente não tem mais tratamento. Sendo assim, as principais medidas de manejo recomendadas são: utilização de mudas sadias; evitar o plantio em áreas próximas a pastagens; eliminar as plantas doentes e as plantas daninhas; eliminar os restos culturais; rotação de culturas; medidas de controle do vetor.

O controle do vetor pode ser feito com produtos biológicos, com fungos como a Beauveria e o Metarhizium (Maringoni, Silva Jr, 2016). Atualmente, não existem inseticidas químicos com registro específico para as cigarrinhas vetoras dessa doença (Agrofit, 2020).

O monitoramento constante da área para verificar a presença de insetos é fundamental para o sucesso da prevenção da doença conhecida por pratinho. Plantas infectadas com fitoplasma não têm tratamento, portanto, como já dito, a prevenção é a melhor arma contra ela.

Custos envolvidos

Os custos para destruir restos culturais, fazer rotação de culturas e controlar brássicas daninhas (nabiça) são praticamente irrisórios e muito baixos no custo final de produção. Portanto, o controle do pratinho está nas mãos dos produtores, que devem adotar as boas práticas culturais.

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