Autores
Diego Arcanjo do Nascimento – diegoacj22@gmail.com – Doutorando em Ciência Florestal – UNESP/Botucatu
Roque de Carvalho Dias – roquediasagro@gmail.com
Jéssica E. R. Gorri – gorrijer@gmail.com
Flávia Galvan Tedesco – flaviagtedesco@gmail.com – Doutorando em Proteção de Plantas – UNESP/Botucatu
De acordo com a legislação brasileira, os drones ou veículos aéreos não tripulados (VANTs), como o próprio nome diz, são aeronaves comandadas remotamente, sem a presença de piloto embarcado.
Segundo o último registro de dados feito pela ANAC, no Brasil existem 76.823 drones registrados, sendo 28.523 para uso profissional. Em regiões do Brasil onde a agricultura de precisão já é mais avançada, como nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, a presença de drones já é mais comum, sendo registrados 26.244, 9.470 e 7.108, respectivamente.
Por outro lado, em muitas regiões que possuem muitos produtores pouco tecnificados, essa adesão ainda é pequena. No geral, os produtores costumam terceirizar esse serviço, uma vez que o equipamento é caro e demanda um treinamento/qualificação do operador, o que acarretaria mais custos ao produtor, no caso da aquisição.
Com a expansão de áreas e avanço das tecnologias, a tendência é que em pouco tempo os drones estejam ainda mais presentes nas lavouras a fim de viabilizar e facilitar o trabalho de profissionais como engenheiros agrônomos na avaliação de determinadas áreas de grande extensão.
Os novos profissionais chegam ao campo mais “antenados” sobre o funcionamento desse tipo de tecnologia no geoprocessamento e isso fará com que o uso do drone se torne mais popular.
Na agricultura
Os drones, cada vez mais comuns nos céus brasileiros, estão ganhando espaço na agricultura. Atualmente, existe um leque de opções em relação ao tipo de aeronave a ser selecionada, envolvendo parâmetros como tamanho, autonomia, capacidade de carga, níveis de tecnologia, dentre muitos outros, além das opções de aeronaves autônomas, semiautônomas ou as operadas remotamente.
Os componentes básicos de um drone, além da aeronave em si, são uma estação de controle em solo, um sistema de posicionamento global (GPS) e os diversos equipamentos a serem acoplados, dependendo da finalidade e uso da aeronave.
Tecnologias embarcadas
Os drones podem contribuir muito para as lavouras, auxiliando a gestão e permitindo até mesmo aumento da produtividade das culturas. Estes podem ser equipados com câmeras, lentes infravermelhas e sensores dos mais variados tipos, que permitem:
” O monitoramento amplo das lavouras, evidenciando falhas no plantio, estresse hídrico das plantas, incidência de pragas e doenças. Com isso, o produtor pode tomar decisões mais rápidas, evitando perdas maiores de produtividade.
” Delimitar áreas, selecionando, por exemplo, os melhores talhões para plantio, além de importantes áreas dentro da propriedade, como fonte de água, preservação, entre outras.
” Pulverização de produtos fitossanitários em locais exatos e realizados apenas onde é necessário, reduzindo os gastos com esses insumos. Ademais, permitem aplicações complementares, com alta precisão e qualidade.
Benefícios proporcionados
O uso de drones pode ser encarado como uma ferramenta da agricultura de precisão. Apesar da necessidade de implantação de softwares para obtenção de imagens específicas e treinamento para operação do equipamento, os benefícios são diversos.
A principal vantagem está associada à precisão, seja na geração de dados por meio de sistemas de mapeamento de fertilidade e afins ou na aplicação de produtos sem desperdício. Além dos ganhos econômicos que podem ser gerados com as tecnologias de agricultura de precisão, o uso de drones proporciona muita comodidade e segurança ao produtor.
No campo
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O uso de drone tornou possível realizar diversas atividades em áreas agrícolas e florestais com extrema agilidade e precisão. O fato de ser uma aeronave que se desloca em média a 10 metros por segundo, torna-se capaz de cobrir uma grande área em menor tempo em relação a atividades feitas por colaboradores a pé, que atingirão, em média, 1,5 metro por segundo.
Para atividades como manejo de pragas, drones podem ser dotados de câmeras com sensores e câmeras de alta resolução que monitoram em tempo real a ocorrência de pragas no campo. Com a informação do nível de dano, os produtores podem aplicar inseticidas no momento certo e realizar um manejo assertivo e pontual, gerando economia dos insumos e menor impacto ambiental, pelo uso em demasia.
Aplicação real
Os veículos aéreos não tripulados estão em uso desde 1980 e suas aplicações estão se expandindo rapidamente pela facilidade operacional e capacidade de coletar informações em tempo real.
Em ambientes agrícolas e florestais, o voo com drones pode significar velocidade, eficiência e segurança nas operações em áreas consideradas perigosas, inacessíveis, topografia acidentada ou cobertura vegetal com altura elevada.
Essa tecnologia, dependendo da atividade, pode ser uma alternativa mais viável economicamente que aeronaves convencionais, como aviões ou helicópteros. Na agricultura, esses veículos já foram utilizados no mapeamento de campos de café, monitoramento da vegetação, detecção de estresse hídrico, anomalias em plantas, aplicação de inseticidas, liberação de inimigos naturais de pragas agrícolas, dentre outras finalidades.
Erros
Dentre os erros mais frequentes para o emprego desta tecnologia estão a avaliação técnica previamente. Saber qual o melhor modelo de equipamento depende da finalidade de uso. Não faz sentido, por exemplo, adquirir um modelo robusto com capacidade de carga de 10 litros de herbicida/inseticida e utilizar este equipamento para monitoramento com fotografias.
Outro erro frequente é acreditar que operar drones é uma atividade fácil. É preciso ter conhecimento básico de georreferenciamento, topografia, sistemas web, dentre outras atribuições. A equipe que vai realizar esta atividade precisa de um treinamento oferecido pelo responsável técnico da empresa ou de terceiros capacitados.
Uma forma de evitar os erros é fazer algumas perguntas a si mesmo antes de adquirir um drone, como:
– Onde vou aplicar esta tecnologia?
– Qual a minha área cultivada?
– Quais serão os ganhos?
– Eu consigo assistência técnica na minha região?
– Quanto estou disposto a investir?
Este questionário, caso não possa ser plenamente respondido, o responsável técnico deve considerar a aplicação. Um estudo preliminar da oferta dessa tecnologia no mercado deve ser realizado de maneira minuciosa, para que após o investimento o equipamento não se torne obsoleto.
Também deve ser considerado o treinamento da equipe responsável pelo manejo do equipamento. No mercado, existem várias empresas que prestam o serviço de treinamento de operação de drone, além de também alugar o equipamento para o produtor como se fosse “test-drive”, com opção de compra fixada.
Como agregar
Dentre as opções de mercado, existem várias formas de agregar valor à tecnologia. No mesmo equipamento é possível acoplar um liberador de inimigos naturais e uma câmera de alta resolução. Aos prestadores de serviço, isso é uma forma de ganhar mercado e diversificar o portifólio de atuação.
Ainda em caráter experimental, estão sendo desenvolvidos drones com sensores nas câmeras fotográficas que irão registrar em tempo real a presença de insetos na cultura, e caso detectado, a própria aeronave previamente equipada com um volume de inseticida vai realizar a pulverização pontual para controle da praga.
Investimento x retorno
No mercado atual, o preço de um drone varia muito, conforme a sua utilização. Os valores podem ser de R$ 3 mil até R$ 30 mil, podendo sofrer influência do dólar, caso seja importado.
Um exemplo do investimento e retorno, na aquisição de um equipamento mediano o produtor pode reduzir em até 70% a velocidade do monitoramento e controle de pragas agrícolas ou florestais.
Enquanto aviões agrícolas geram custo para aplicação de defensivo de cerca de R$ 30,00 a R$ 40,00 por hectare, com drone o produtor pode chegar a R$ 15,00 ou R$ 20,00 em menor tempo, uma economia em torno de 50% no valor final e com mais agilidade.