Uma nova tecnologia para a secagem do café lançada no mercado brasileiro este ano está surpreendendo os produtores. Desenvolvido pela Dryeration, empresa brasileira pioneira em inovações tecnológicas para secagem de grãos e semente, o secador realiza todo o processo de secagem de grãos em menos de 24 horas, sem afetar a qualidade original que saiu da lavoura.
Segundo os técnicos, a tecnologia permite que a área de contato com o fruto seja semelhante a um terreiro e inicia a injeção de volume de ar. Esse ar vai passando pelo café, que está estático, dentro do secador, fazendo com que o fluxo passe em todas as partes do grão e que ele seque toda a massa com homogeneidade.
Além de permitir uma secagem uniforme, a agilidade com que o secador Coffee Dryer retira a umidade dos grãos e a leva para fora do secador, preserva a qualidade dos grãos. Cada equipamento tem capacidade para 20 mil litros/dia – em torno de 14 toneladas.
O primeiro secador com toda essa tecnologia embarcada está operando no município de Cristais Paulistas, região Nordeste do Estado de São Paulo, desde abril. Muitos produtores já estão contatando a Dryeration para conhecer esta nova tecnologia que revoluciona a secagem de grãos de café.
“Estamos trazendo para o mercado um novo conceito em velocidade de secagem, reduzindo não só o tempo, mas também eliminando muitos problemas, como chuva, infestação de insetos e queima de matéria seca”, pondera Otalício Pacheco da Cunha, especialista em sistema de secagem de grãos e fundador da Dryeration.
Os primeiros estudos para o desenvolvimento de uma secagem diferenciada começaram em 2001, em Minas Gerais. “É um tempo curto, visto que a história do café tem bem mais de 1.500 anos”, acrescenta.
Produtividade
A secagem mais rápida da nova tecnologia beneficia, especialmente, os cafeicultores que querem volume de seca, liberando mais cedo a lavoura para os tratos culturais, como poda e pulverização. Um atraso na colheita derruba o botão floral.
Quando chega no meio do ciclo e a planta já começa a soltar os botões florais, é sinal de menor produção para a próxima safra, porque um botão floral (pinha) que cai é um fruto a menos que produz. Evitar essa perda é melhorar a produtividade.
Ao tornar possível a retirada do fruto da planta no melhor estágio de maturação, aumenta a perspectiva de ganho de valor agregado.
Em um comparativo realizado em testes que secou a mesma quantidade de café (mil sacos) nos dois sistemas, os grãos que passaram pelo sistema convencional, entre 7 e 10 dias, tiveram 12,3% de queima de matéria seca. “Isso quer dizer que, com o Coffee Dryer, são exatamente 123 sacos a mais para o produtor”, complementa Otalício Pacheco da Cunha.
Pioneirismo também em produção de sementes
Outra transformação no pós-colheita do café é a entrega ao cafeicultor de grãos que podem ser tão industrializados como também plantados, como sementes, dependendo da opção do produtor, com todo vigor e matéria seca e sem perder a germinação.
Processo oposto ao tratamento delicado que o fruto necessita atualmente, que envolve a despolpa, um período de lavagem, fermentação e ainda o processo de seca, normalmente feita em terreiro suspenso.
“É um trabalho imenso que é possível ser substituído. O nosso sistema possibilita ao produtor colocar o café direto da colheitadeira para o secador e, ao final da secagem, a semente estará viva e poderá ser diretamente plantada, eliminando várias etapas de trabalho e mantendo a qualidade que o grão tinha no pé. Sem queima da matéria seca e sem a perda de vigor”, resume Cunha.
Ele explica que a tecnologia é semelhante à utilizada na cevada e acredita que, no futuro, poderá ser adaptada a outras sementes, como pimenta-do-reino, noz-pecã, caju e amendoim.