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Ervas daninhas causam 70% de perdas ao girassol

Márcio Luiz Moura Santos
Mestre em Agronomia – Unesp
ml.santos@unesp.br

O girassol é uma oleaginosa de características agronômicas bastante diversificadas, pois as plantas possuem boa resistência à seca, ao frio e ao calor. Por conta da sua grande capacidade de adaptação, essa cultura vem sendo cada vez mais utilizada em um sistema de rotação e sucessão de culturas em regiões onde predominam o cultivo de grãos.
Apesar disso, o sucesso de uma determinada cultura passa por um bom manejo fitossanitário. Se o manejo não for feito na época e da maneira correta, as plantas podem perder rendimento ou até perder toda a produção por conta das pragas, doenças ou plantas daninhas.
Em culturas como o girassol, a má condução no controle de plantas daninhas pode gerar uma perda de rendimento de até 70%. As plantas daninhas podem prejudicar o desenvolvimento da cultura de forma indireta, como hospedeiras de pragas e doenças, podendo ser hospedeiras, por exemplo, de patógenos que causam manchas ou podridões, doenças que são frequentes no girassol. Além disso, podem prejudicar atividades de práticas culturais e até interferir na colheita.

Mais danos

Além dos danos indiretos, as plantas daninhas necessitam, para seu desenvolvimento, dos mesmos fatores exigidos pela cultura. Então, há uma competição direta com as plantas cultivadas por água, nutrientes, espaço, seja pela raiz ou pela parte aérea, e pode influenciar na interceptação da radiação solar.
No geral, a capacidade de reprodução e crescimento das plantas daninhas é superior se comparada com as plantas cultivadas, muitas vezes tornando uma disputa injusta se não houver intervenção na época correta.
Por conta dessa diferença de capacidade de desenvolvimento, o período inicial de estabelecimento da cultura é um período crítico para o controle e manejo das plantas daninhas. No caso do girassol, as plantas possuem um crescimento inicial lento, o que torna difícil a competição com as plantas daninhas nesse período.
Então, a maneira que as plantas daninhas vão interferir no desenvolvimento da cultura está diretamente relacionada a qual fase da cultura as plantas daninhas estão presentes, à intensidade da presença dessas plantas e até à época de cultivo.

Interferência direta

Existem três períodos de interferência em que é necessário o conhecimento e vão variar para cada cultura. O primeiro é anterior à interferência (PAI), que corresponde ao período logo após o plantio, quando a cultura é capaz de conviver com alguma planta daninha que apareça na área sem reduzir a produtividade ou a qualidade da lavoura, pois nesse período, geralmente, a presença de plantas infestantes ainda é baixa, juntamente com a maior capacidade de mobilização de recursos pela cultura, garantindo a sanidade das plantas cultivadas.
A partir daí, surge o período total de prevenção à interferência (PTPI), que corresponde a todo tempo que a área deve ficar livre de plantas daninhas, de modo a não interferir no pleno desenvolvimento da cultura.
Para alcançar o sucesso no PTPI, é necessário conhecer o período crítico de prevenção à interferência (PCPI), no qual é indispensável o controle das plantas daninhas para garantir que consiga respeitar o PTPI e, consequentemente, garantir que as plantas cultivadas desenvolvam seu potencial máximo.

O caso do girassol

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No girassol, a duração desses períodos pode variar de acordo com a região e, principalmente, a época de cultivo. De maneira geral, o PAI do girassol é em torno de 10 a 20 dias. Já o PTPI fica em torno de 30 a 40 dias após a emergência da cultura, podendo variar em relação à época de cultivo, sendo o período em que a cultura precisa ficar livre de plantas daninhas na área.
O período em que é necessário realizar o controle para que não tenha perda de produtividade, ou seja, o PCPI é em torno dos 20 a 30 dias após a emergência da cultura, geralmente quando há a emissão da décima folha, sendo essencial para garantir o sucesso do estabelecimento a campo.
Caso contrário, havendo a presença de plantas daninhas durante esses períodos, o girassol sofreria consequências diretas, apresentando plantas com sinais de clorose, além de porte reduzido, com menor diâmetro de caule e menor área foliar, o que resultaria em menor produtividade e menor qualidade de grãos.
Após o PTPI, geralmente quando há emissão do primeiro capítulo, o girassol apresenta-se bastante competitivo com as plantas daninhas, havendo, principalmente, o fechamento das entrelinhas e dificultando a penetração da radiação solar, o que dificulta a germinação das plantas invasoras.

Erros

O principal erro no controle dessas plantas é não respeitar ou não conhecer esses períodos. A presença de plantas daninhas no período de estabelecimento da cultura ocasiona perdas irrecuperáveis, sendo que posteriormente será tarde demais realizar o controle.
A presença dessas invasoras durante esse período no campo pode proporcionar perdas diárias de até 2,5 kg.ha-1, além de reduzir a qualidade de grãos. Em contrapartida, ao respeitar todo período em que é exigida a ausência de plantas daninhas na área, pode haver um ganho diário de até 15 kg.ha-1.

Controle eficiente

A melhor forma de manejo das plantas daninhas na cultura do girassol é realizar o manejo integrado, ou seja, integralizar várias alternativas para garantir a eficácia da operação, principalmente por não haver muitas opções de produto químico eficiente para o controle de invasoras em pós-emergência da cultura.
Porém, alguns princípios ativos são utilizados e são essenciais para esse sistema de manejo integrado de plantas daninhas na cultura do girassol, como o trifluralin e o alachlor.
Então, integralizar os métodos de controle preventivo, cultural, mecânico e químico é o ideal. O controle preventivo visa impedir que aumente na área o banco de sementes de plantas invasoras, a partir da limpeza adequada de máquinas e implementos que são compartilhados em diferentes áreas, utilização de sementes certificadas a fim de garantir a qualidade e homogeneidade e não só controlar as plantas daninhas presentes dentro da área, como tomar o cuidado e realizar o controle de daninhas que porventura estejam presentes nas margens e carreadores da área.
Outra forma de controle preventivo é o cultural, que consiste em utilizar estratégias que auxiliem a cultura a ganhar potencial competitivo, como aspectos nutricionais da planta, realizando boa adubação e garantindo a correção do solo antes do plantio, além do manejo populacional com a redução do espaçamento entrelinhas.
Assim haverá o fechamento mais rápido da cultura, garantindo uma vantagem competitiva do girassol em menor tempo. Outra forma de controle é o controle mecânico, que utiliza ferramentas específicas.
Geralmente, o controle mecânico é realizado na entrelinha da cultura, sendo que o princípio desse método para a cultura do girassol é garantir maior quantidade de solo próximo ao caule da planta, dificultando a germinação de plantas daninhas próximas às plantas da cultura.

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