Douglas José Marques
Professor de Olericultura, Genética e Melhoramento Vegetal ” Unifenas
Hudson Carvalho Bianchini
Professor de Fertilidade do Solo – Unifenas
Fábio Augusto Ishimoto
Graduando em Agronomia
O panorama da cebolicultura brasileira é bem diverso, uma vez que a produção é feita em regiões geograficamente com características climáticas, econômicas e sociais distintas. Uma coisa que elas têm em comum é a predominância de pequenos e médios produtores.
Uma das causas da baixa produtividade da cebola no Brasil está relacionada ao stress ambiental, incidência de doenças, utilização de cultivares não adaptados aos sistemas de cultivo e falta de adoção de tecnologias apropriadas. A adoção de sistemas de cultivo ineficientes, sem levar em consideração o sistema tecnológico, traz como resultado a produtividade média baixa, em torno de 12 t/ha.
Panorama
A estimativa para a produção nacional de cebola foi de 1,4 milhão de toneladas, um incremento de 4,1%. O principal Estado produtor é Santa Catarina, responsável por 32,9% da safra nacional.
O Estado apresentou um crescimento de 10% devido ao maior rendimento das lavouras (8,4%), beneficiadas pelas boas condições climáticas que propiciaram um bom desenvolvimento da cultura. Os bons preços praticados no mercado levaram a um crescimento de 8,2% na área cultivada em Minas Gerais, que alcançou um total de 3.034 hectares.
A cultura é praticamente toda irrigada e utiliza alta tecnologia com um sistema de plantio de semeadura direta em alta densidade, o que proporciona alta produtividade em torno 56 mil kg/ha (IBGE, 2013).
Sazonalidade
No Brasil, a produção de cebola concentra-se em três áreas bem definidas:
Estados |
Latitude |
% Produção anual |
Sul |
25º – 33º |
47 % |
Sudeste |
21º- 22º |
35 % |
Nordeste |
9º |
15 % |
Outros Estados |
– |
3 % |
A última colheita (a mais tardia) é feita no Rio Grande do Sul (colheita em dezembro-janeiro). A próxima safra, em geral, é a paulista, que não começa antes de maio-junho, e em geral é pequena. Portanto, no Brasil a entressafra de cebola vai de janeiro a julho-agosto, e os preços estão bem altos de maio a agosto.
A cebola é fisiologicamente uma planta de dias longos para formação de bulbos, exige fotoperíodos iguais ou maiores do que um mÃnimo (nível crÃtico) que os bulbos se formem.
Os cultivares variam em relação a esse nível crÃtico mÃnimo:
1) Cultivar de dias curtos: fotoperíodo mÃnimo de 11-12 h
2) Cultivar de dias intermediários: 13-14 h
3) Cultivar de dias de dias longos: 14 h ou mais
Fotoperíodo
No Brasil só se plantam cultivares de dias curtos ou intermediários. Se o fotoperíodo for menor do que o crÃtico para o cultivar não há formação de 100% dos bulbos – há formação de plantas imaturas, com hastes grossas. Se o fotoperíodo for maior do que o crÃtico, ocorre a formação precoce de bulbos, que entram em dormência e formam bulbos pequenos.
A temperatura interage com o fotoperíodo na resposta dos cultivares à bulbificação:
– Temperaturas mais altas: comprimento do dia crÃtico diminui a bulbificaçãoe torna-se mais precoce, produzindo cebolas menores.
– Temperaturas mais baixas: comprimento do dia crÃtico aumenta; a bulbificação torna-se mais tardia.
Além do fotoperíodo e da temperatura, outros fatores influenciam a bulbificação:
– Tamanho da planta: bulbinhos grandes e pequenos, de mesma idade: os maiores amadurecem antes;plantas muito pequenas são insensíveis ao fotoperíodo.
– Nitrogênio: teores superiores de nitrogênio próximos do fotoperíodo crÃtico retardam a formação de bulbos e aumentam a frequência de plantas imaturas.
– Água: o excesso de irrigação interfere na formação de bulbo em 20 dias ou mais, em relação ao ciclo normal da cultura.