Apesar da queda nos preços dos grãos, os custos para terminação intensiva de gado este ano não favoreceram os confinamentos. Segundo dados do IMEA, o mercado no MT, trabalhou com uma redução de 4,47% de animais se comparado a julho do ano passado, queda de 12,2% em relação ao consolidado de outubro de 2022. Esse cenário deve favorecer o preço do boi gordo, que tem amargado números que sequer cobriam os custos de produção, uma vez que essa queda no número de animais confinados pode diminuir a oferta e contribuir para o aumento dos preços.
“Aparentemente temos uma oferta menor daqui pra frente! Estão chegando menos animais para o abate, com a redução do gado terminado nos confinamentos. Outro ponto positivo é que as chuvas estão chegando mais cedo, o que auxilia o produtor a postergar a entrega dos animais no frigorífico. As chuvas possibilitam ao produtor reter animais ou distribuir melhor esse fluxo, reduzindo a oferta e melhorando o preço no mercado.”, avalia Alberto Pessina, CEO da Agromove.
A abertura de novos mercados é vista como uma saída para a indústria escoar a produção. As perspectivas são positivas, especialmente após a abertura de novas plantas, mas os embarques para os novos destinos ainda estão lentos e dependemos desta melhora nos embarques para garantir a melhora dos preços.
“O que falta ainda é uma melhora nas exportações. Talvez vamos sentir essa melhora no fechamento de setembro, após abertura de plantas. Até o momento os embarques ainda estão fracos em relação a 2022”, conceitua Pessina
O ponto de preocupação está neste desencontro da oferta e demanda. “Sabemos que existe animais reprimidos que não foram enviados aos confinamentos e que está melhora nos preços pode voltar a incentivar este movimento. Por outro lado, o atraso na recuperação das exportações pode manter a demanda enfraquecida. Assim, se a oferta aumentar e a demanda não aumentar, os preços voltarão a cair.”
Tudo indica que a melhora nos preços do boi gordo vai depender de dois fatores: a redução da oferta, que está sendo afetada pela diminuição da chegada de animais e o possível aumento nas exportações, que impacta a demanda. Após o turbulento ciclo pecuário, o criador deve contar com um reequilíbrio do setor com o escoamento de produção e a chegada da estação das águas.