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Estresse hídrico – A garantia da florada do café

Anísio José Diniz

Pesquisador – Transferência de Tecnologia da Embrapa Café

anisio.diniz@embrapa.br

 Crédito ACA
Crédito ACA

A Embrapa Cerrados, no âmbito do Consórcio Pesquisa Café, desenvolveu a tecnologia que visa o uso racional da água na agricultura – o estresse hídrico controlado. Essa tecnologia contribui para a produção de café cereja descascado na região do cerrado, onde a distribuição irregular de chuvas impõe a necessidade de irrigação para viabilizar o cultivo de café.

O estresse hídrico controlado, que dispensa investimento inicial, revolucionou a prática tradicional da irrigação frequente e continuada, garantindo economia de água, aumento da produtividade (em torno de 15%), mais qualidade e menor custo para o produtor.

Estresse hídrico controlado

A tecnologia, além de revolucionar a prática tradicional da irrigação frequente e continuada, garante maior produtividade (aumento de 12 a 15%), mais qualidade e menor custo, sendo alternativa para a sustentabilidade da cafeicultura no Cerrado.

A técnica desenvolvida consiste em suspender a irrigação na estação seca do ano durante um período de 72 dias (sendo o período ideal entre 24 de junho e 04 de setembro), para sincronizar, uniformizar o desenvolvimento dos botões florais (florada) e, consequentemente, dos frutos (maturação), o que garante um café de mais qualidade.

Esse processo tecnológico permite a obtenção de 85 a 95% de frutos cerejas no momento da colheita, maximizando a produção de cafés especiais, de maior valor de mercado. Além disso, garante redução de 20 a 10% de grãos mal formados e de 40% na operação de máquinas.

Os cafeeiros submetidos ao estresse controlado não só cresceram mais como se apresentaram em melhores condições para a safra seguinte. É o chamado crescimento compensatório, um estímulo ao crescimento após o reinício das irrigações.

Sem investimento

Para a prática do estresse hídrico controlado, não há necessidade de investimento. Além disso, a tecnologia permite redução dos custos de produção: água e energia, em média de 35%; e operação de colheita, inclusive com mão de obra, de 40% a 45%.

O manejo adequado das aplicações da água de irrigação associado ao estresse hídrico controlado representa a melhor opção para evitar perdas de nutrientes por lixiviação e fornecer condições propícias de umidade do solo, para que as raízes possam respirar adequadamente e atender à demanda nutricional da planta.

Além disso, as várias operações de colheita, anteriormente necessárias para maximizar a obtenção de grãos cerejas, reduziram-se a uma ‘passada’ de colheitadeira, uma catação manual e uma varrição mecânica. Vale destacar o melhor aproveitamento dos grãos de varrição que, anteriormente, eram destinados ao mercado interno e, agora, por serem colhidos com a superfície do solo seca, apresentam melhor qualidade, podendo ser comercializados a preços mais compensadores.

Fosfatagem em café

O estresse hídrico controlado revolucionou a prática tradicional da irrigação frequente e continuada - Crédito Ana Maria Diniz
O estresse hídrico controlado revolucionou a prática tradicional da irrigação frequente e continuada – Crédito Ana Maria Diniz

As pesquisas sobre o comportamento do fósforo no cafeeiro puderam ser intensificadas a partir do desenvolvimento da tecnologia do estresse hídrico controlado. Existia uma demanda crescente por informações sobre a influência da adubação fosfatada no desenvolvimento, vigor, sanidade das plantas e pegamento da florada e ainda a ideia de que o nível de fósforo observado nas análises do solo de alguma forma não representava o que realmente estava disponível para os cafeeiros. Os resultados demonstram que o ajuste nutricional é necessário também nas lavouras de sequeiro.

Da mesma forma que o estresse hídrico, essa tecnologia também não tinha amparo na literatura científica até então e representou mais uma mudança de paradigma. O estudo questionou os critérios de recomendação de adubação fosfatada no cafeeiro, que por muitos anos foi considerado uma planta que não respondia à aplicação de altas doses de fósforo. E comprovou que a adição do fósforo traz benefícios para a planta tanto em solos de média a alta fertilidade como também em solos de baixa fertilidade, como os do Cerrado, onde a planta responde com grande intensidade.

Analisando lavouras em produção no Cerrado, chegou-se à conclusão de que a aplicação ou não de fósforo era o principal fator que diferenciava as áreas com repetição de safra das áreas de baixo pegamento de florada.

Cafeeiros que não receberam fósforo na adubação de manutenção apresentaram sintomas de deficiência desse nutriente e pouca ou nenhuma formação de gemas reprodutivas e pegamento de florada. Por outro lado, os que receberam doses razoáveis de fósforo mostraram bom desempenho no desenvolvimento de gemas reprodutivas e no pegamento de florada.

Em experimentos, cafeeiros responderam linearmente ao aumento da produtividade até a dose de 400kg de fósforo por hectare, o que permitiu aliar essas altas doses do nutriente ao estresse hídrico, obtendo excelentes resultados na produção e qualidade do café.

A nova tecnologia também questionou o conceito de que a bienalidade do cafeeiro era uma questão intrínseca da planta e indicou que é mais uma questão de manejo, sendo possível, com práticas agrícolas adequadas, reduzir sua intensidade e manter uma produção mais equilibrada, com mais uniformidade na maturação e menor custo de produção.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro 2018 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

 

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