Adilson Neves
Diretor comercial da Multipla Comex
adilsonrneves@icloud.com
A exportação começa com um pedido, feito por um cliente no exterior; no qual ele especifica a fruta, a maturação adequada que ela precisa chegar no destino, os calibres, o tipo de caixa, o peso e demais informações.
Nós, os exportadores, realizamos então um orçamento e enviamos ao cliente, após checar todos os requisitos do pedido. Aprovado o orçamento, inicia-se o processo de exportação com um documento chamado pro-forma invoice e a negociação das condições de fornecimento, dentre esses detalhes se o embarque será aéreo ou marítimo.
Acerta-se a questão da forma de pagamento e detalhes do embarque; bem como alinha-se o fornecedor logístico terrestre, aéreo ou marítimo. Tudo aprovado pelo cliente, inicia-se o processo de compra da fruta, embalagem em um packing house, preparação dos paletes e/ou estufagem do contêiner, envio ao porto ou aeroporto, desembaraço aduaneiro e a fruta segue ao destino, conforme o tipo de incoterm que o cliente solicitou.
Em cada etapa, o segredo é contar com profissionais honrados, desde o produtor até a empresa de logística.
Competitividade
A exportação vem acontecendo de maneira muito competitiva, haja vista que o setor está crescendo muito nos últimos anos, principalmente para frutas frescas tropicais, tais como: manga, mamão, maçã, abacate, uvas, maracujá, pitaya, atemoia, limao tahiti e várias outras.
O Brasil é o terceiro maior produtor de frutas no mundo e exporta principalmente para a Europa, EUA, Canadá, Rússia e Oriente Médio. O governo dá alguns incentivos aos exportadores e colabora em desenvolvimento de negócios, através da Apex.
Conhecimento técnico e planejamento são os fatores mais primordiais para quem quer exportar direta ou indiretamente, via comercial exportadora ou trading. Há muitos detalhes envolvidos, desde a documentação e certificações até o processo da exportação. Não é um bicho-de-sete-cabeças, mas é preciso se preparar e, de novo, repito, ter bons parceiros em cada uma das etapas.
O processo
Para se tornar uma exportadora, é necessário que a empresa esteja regularizada, assim como ter escolhido o regime de tributação certo e não ter pendências fiscais ou tributárias. A empresa também precisa ter registro no RADAR da Receita Federal (Registro de Habilitação no Ambiente de Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros).
Ter toda a documentação necessária e um contador para orientar nas questões fiscais; ter uma estratégia bem elaborada para seguir o processo, passo a passo; conhecer muito bem os tipos de incoterms de comércio exterior; buscar entender os incentivos fiscais para cada tipo de empresa; ter um produto diferenciado para o mercado exterior e, no caso de frutas, é muito importante a embalagem e a qualidade; acompanhar o passo a passo da exportação, que chamamos de tracking.
Como se preparar para exportar
Nosso maior problema é uma questão chamada de cultura de exportação. Muitos querem exportar porque o dólar ou o euro está alto e querem ganhar mais que no mercado interno. Pensamento equivocado.
Exportar é uma estratégia que exige planejamento da empresa. Além de planejar, é preciso preparar o negócio e as pessoas. Então, o primeiro processo é estratégico e interno na própria empresa. Tem que ter cabeça exportadora, senão vira uma aventura com final infeliz.
A exportação aumenta a produtividade e a competitividade das empresas. Isso ocorre porque elas precisam se adequar às exigências do mercado externo, acesso a novas culturas abrindo espaço para trocas de experiências e potencializando o intercâmbio de tecnologias e know-how.
Na exportação direta, a empresa evita os custos com as intermediadoras e mantém um contato direto com o importador. Entretanto, para empresas de pequeno porte é necessário analisar se os custos operacionais e a criação de um departamento de comércio exterior compensam. Do contrário, a exportação indireta pode ser mais estratégica aos interesses da empresa, principalmente quanto a custos.
Documentação
São vários os documentos exigidos para exportação, mas os mais comuns são a Fatura ou Proforma invoice, a invoice, o packing list e a Nota Fiscal de venda para o exterior, com as suas questões relacionadas a CFOP correta, normalmente orientada por um contador; a DUE – Declaração Única de Exportação, o Conhecimento de Embarque e o seguro.
Ainda existem documentos, como o Certificado de Origem, que são obrigatórios em alguns países, além de certificações de frutas que podem ser exigidas, como Global Gap, GRASP, Kosher, Halal e outras, dependendo do destino e dos requisitos colocados na negociação pelo importador. Existem outros documentos, mas esses são os principais.
Acho que um ponto a ressaltar aos pequenos produtores é que eles precisam não apenas querer exportar, mas adquirirem cultura exportadora e saberem separar mercado interno do mercado externo; e quando tomarem a decisão de exportar, fazer com absoluta consciência de que é um curto caminho longo e que é preciso ter perseverança.