A Fazenda Santa Bárbara, localizada em Monte Carmelo (MG), uma região propícia ao cultivo de café arábica, tem se destacado não apenas pela qualidade do seu café, mas também pelo compromisso com a sustentabilidade e inovação. Recentemente, a fazenda conquistou a certificação de créditos de carbono, validando práticas ambientais que contribuem significativamente para a remoção de CO2 da atmosfera.
O projeto é o primeiro lançado no mercado voltado aos créditos de carbono gerados pela cultura de café. No total, foram registradas 1.900 toneladas de dióxido de carbono equivalente em uma propriedade de 64 hectares dedicada ao cultivo de café arábica.
A geração desses créditos de carbono é referente à remoção do carbono pela cultura em um período de nove anos, de 2015 a 2024, e seria suficiente para compensar as emissões de um grupo de cerca de 170 pessoas.
Certificação
De acordo com Juliana Rezende Mello, cafeicultora e proprietária da Fazenda Santa Bárbara, o processo de certificação para os créditos de carbono foi conduzido com base em um questionário de itens. “Pontos sociais e ambientais foram avaliados, como em outras certificações. Não enfrentamos grandes desafios, pois já estamos acostumados a passar por auditorias. O processo não foi complicado, apenas uma validação das práticas que já realizamos na fazenda”, afirmou.
Este é o primeiro projeto de certificação e verificação de remoção de carbono na cultura do café registrado no Brasil, segundo a Tero Carbon, a certificadora dos créditos. O projeto também é fruto de uma iniciativa de pesquisa que envolveu a colaboração entre o LMF (Laboratório de Manejo Florestal) e o Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia).
Manejo e sustenbilidade
Um dos diferenciais da Fazenda Santa Bárbara é o manejo regenerativo adotado nas plantações de café.
Segundo Juliana, a certificação de carbono focou especificamente nos pés de café, sem incluir a reserva natural ou as plantas de cobertura semeadas para melhorar a qualidade do solo. “O estoque de carbono certificado, disponível na plataforma Tero Carbon, reflete o carbono sequestrado exclusivamente pelos pés de café da fazenda”, completou.
Desde 2015, o projeto “Eco Farm Santa Bárbara Coffee”, que inclui diversos serviços ambientais, adotou o manejo regenerativo para fortalecer o solo e aumentar a população de inimigos naturais, além de usar sistemas de irrigação otimizados e reaproveitamento de água. “Também criamos um parque de abelhas e monitoramos a fauna local para promover a biodiversidade. Essas práticas têm contribuído significativamente para a gestão sustentável da fazenda”, indicou.
Produtividade
Atualmente, a Fazenda Santa Bárbara cultiva 64 hectares, com planos para expandir essa área nos próximos anos. “Esses hectares foram plantados entre 2015 e 2018, e, juntos, já contribuíram para a remoção de 1,9 mil toneladas de CO2 equivalente”, explicou a proprietária da fazenda. A expansão da área cultivada visa aumentar ainda mais essa contribuição ambiental, consolidando o compromisso da fazenda com a sustentabilidade.
Com uma área total de 83 hectares, a Fazenda Santa Bárbara obteve uma produtividade média de 55 sacas por hectare na safra 2022/2023.
Juliana explica que os dados referentes à safra atual ainda estão sendo compilados, mas a expectativa é manter ou até superar os números anteriores, graças às práticas sustentáveis que têm sido a marca registrada da fazenda.