20.6 C
Uberlândia
segunda-feira, maio 6, 2024
- Publicidade -
InícioArtigosFenologia é ferramenta para vários segmentos florestais

Fenologia é ferramenta para vários segmentos florestais

A fenologia, estudo dos eventos periódicos das plantas, é uma ferramenta valiosa para diversos segmentos florestais.

Gabriel Bazanela de Agostini
gabrielbazanela@hotmail.com

Gabrielli de Almeida Santos
gabriellidealmeidasantos@gmail.com
Graduandos em Engenharia Florestal – Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

Jaçanan Eloisa de Freitas Milani
Engenheira florestal, doutora e professora – UFMT
jacanan.milani@gmail.com

A fenologia é considerada o estudo do ordenamento temporal das fases das plantas, sejam essas vegetativas (brotação, maturação e senescência foliar) ou reprodutivas (botões florais, antese, fruto imaturo e fruto maduro).

Tais fases estão relacionadas com os fatores bióticos, como a polinização, e abióticos, como precipitação, temperatura, umidade relativa do ar, fotoperíodo e características pedológicas. É, portanto, importante ferramenta para descrever o comportamento de espécies, bem como sua resposta às variações do meio.

O conhecimento do calendário fenológico das espécies possibilita a diversificação das atividades
Créditos: Shutterstock
 

Origem

Apesar do que se imagina, sua utilização é datada desde os tempos remotos, quando, nos cultivos dos campos, os produtores já relacionavam o final do inverno com a brotação das plantas, a primavera com a floração, o verão com a maturação dos frutos e o outono com a queda foliar.

O primeiro registo fenológico é da florada de Prunus serrulata Lindl., na Ásia, espécie popularmente conhecida como cerejeira, que possui importância espiritual para japoneses e chineses.

No Brasil, tem-se registro de estudos fenológicos na Floresta Amazônica, em 1965 na Reserva Florestal Ducke (RFD) e em 1974 na Estação Experimental de Silvicultura Tropical.

Vale ressaltar que a fenologia não se restringe aos estudos científicos – ela também pode ser uma ferramenta essencial para diversas áreas, desde o cultivo, extrativismo, recuperação de áreas degradadas, arborização e a conservação da natureza.

Silvicultura

A palavra silvicultura provém do latim e quer dizer floresta (silva) e cultivo de árvores (cultura). Algumas espécies nativas no Brasil, apesar do imenso potencial madeireiro, ainda não possuem pesquisas e investimento de empenho privado ou governamental para propagação da espécie por técnicas como estaquia, micropropagação e outros, sendo dependentes de sementes para o plantio por semeadura direta, ou ainda para a produção de mudas.

Dessa forma, conhecer o período de maturação fisiológica e dispersão de sementes é fundamental para o planejamento das empresas que realizarão a coleta, reduzindo tempo e custos das equipes de campo.

Além disso, em plantios homogêneos, quando se busca madeiras com qualidade estética e com resistência física, deve-se realizar tratos silviculturais como a desrama, a fim de remover os galhos e, assim, obter uma madeira livre de nós.

Contudo, esta é uma operação que demanda planejamento, de forma que os estudos fenológicos podem indicar a época propícia à realização desta, a qual deve ocorrer no início do período vegetativo, em que o metabolismo do vegetal está em maior atividade e assim é capaz de realizar a compartimentalização de forma mais eficiente.

Extrativismo

É crescente o valor da produção oriunda da atividade extrativista de produtos não madeireiros, o que garante distribuição de renda principalmente para povos e comunidades tradicionais que, em suma maioria, vivem do extrativismo.

Segundo o relatório de Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2021, a produção proveniente de extração de produtos não madeireiros totalizou R$ 2,3 bilhões.

Destes, R$ 1,9 bilhão corresponde ao grupo dos produtos alimentícios, no qual o açaí e a erva-mate foram os insumos que mais tiveram participação, representando, respectivamente, 41,4% e 41% do valor da produção.

Neste viés, o conhecimento do calendário fenológico das espécies proporciona aos extrativistas a possibilidade de diversificação das atividades realizadas ao longo do ano, uma vez que a informação do período de maturação dos frutos ou de maior presença de folhas, como no caso do açaí e da erva-mate, respectivamente, garantem a otimização da extração, e nos demais períodos estes trabalhadores podem se dedicar a outras atividades.

Recuperação de áreas degradadas

Para o estabelecimento de projetos de recuperação de áreas degradadas, algumas técnicas recomendam o plantio de mudas. Para tanto, é fundamental a coleta de sementes, que pode ocorrer a partir de um calendário fenológico reprodutivo.

Ainda, durante o processo de recuperação de áreas degradadas, uma outra técnica bastante eficiente e de baixo custo é o aproveitamento do banco de sementes, proveniente da dispersão de propágulos.

Dessa forma, o conhecimento dos períodos do ano de maior dispersão de sementes das espécies-chaves para o processo de recuperação florestal, possibilita que sejam realizadas coletas e aproveitamento dessas sementes.

Arborização

A população urbana tem se conscientizado sobre a importância de arborizar suas cidades, devido aos benefícios ambientais, econômicos e sociais, variando desde melhoria do microclima, redução da poluição até redução do estresse da população pelo contato com a natureza.

Assim, buscar conhecer o ciclo de brotação, floração e frutificação contribui para o planejamento de um bom projeto de arborização e paisagístico, de forma que o ápice da beleza de uma espécie, atingido durante sua floração, esteja em sintonia com o período de ausência de flores das outras espécies também utilizadas para esta finalidade.

Além disso, o conhecimento fenológico das espécies vegetais empregadas nesses projetos é de absoluta relevância, considerando que constantemente as plantas vivem sob algum nível de estresse fisiológico, podendo indicar, conforme suas fases vegetativas e reprodutivas, uma base para o planejamento de ações silviculturais que permitam uma melhor adaptação das espécies ao ambiente urbano.

Conservação da natureza

No que concerne a conservação dos recursos naturais, a fenologia é uma ferramenta imprescindível na busca do entendimento e na identificação da organização temporal dos recursos naturais dentro das comunidades, visto que muitos animais utilizam as diversas partes plantas como fonte de alimento (flores, frutos, sementes e folhas).

O Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indicou que as plantas estão sintonizadas com o meio ambiente, sobretudo com o clima.

Assim, a sazonalidade climática é capaz de acionar alterações no mecanismo fisiológico da planta, atuando como modulador metabólico. Dessa forma, alterações nas variáveis climáticas podem desencadear variações no calendário fenológico da espécie.

ARTIGOS RELACIONADOS

Manejo de doenças em viveiros florestais

Um manejo eficiente de doenças em viveiros florestais é essencial para garantir a saúde e o sucesso no crescimento das mudas.

Tecnologias florestais na Expoforest

Evento acontece de 9 a 11 de agosto, em Guatapará (SP) e empresa levará sua expertise à feira pela 1ª vez

Lavoro: líder em insumos florestais

Já consolidada no agronegócio, a empresa, que detém mais da metade do market share do setor florestal no País, inaugura nova loja em Três Lagoas (MS).

Plano Safra 2023/2024: ferramenta estratégica

O Plano Safra 2023/2024: Semear oportunidades e colher progresso

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!