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Feromônios x Lagarta-do-cartucho: quem ganha?

Fotos: Luize Hess

Pedro Hiroshi Passos Ikuno
Graduando em Engenharia Agronômica – Unesp
pedrohpikuno99@gmail.com
Fernanda Lourenço Dipple
Engenheira agrônoma, mestre em Agronomia e professora – Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat)
fernanda.dipple@unemat.br
Franciely da Silva Ponce
Engenheira agrônoma e doutora em Horticultura – FCA/UNESP
francielyponce@gmail.com

A lagarta-do-cartucho, ou lagarta militar (Spodoptera frugiperda, Lepidoptera: Noctuide), é uma das espécies de inseto-praga mais importe no Brasil e no mundo. Isso por se tratar de uma praga polífaga, que se alimenta afetando diversas culturas agrícolas, como algodão, milho, soja, arroz, entre outras, além de utilizar plantas daninhas como hospedeiras alternativas, como o capim-pé-de-galinha (Eleusine indica), podendo permanecer no campo durante todo o ano.

Feromônios

O uso de armadilhas com feromônios atrativos tem auxiliado no monitoramento e controle de diversas pragas, como a lagarta-do-cartucho, a traça-do-tomateiro (Tuta absoluta), a traça-das-crucíferas (Plutella xylostella L.), mariposa-oriental (Grapholita molesta), broca-da-cana-de-açúcar (Diatraea saccharalis), entre outras.

Os feromônios são substâncias químicas voláteis liberadas no ambiente pelos insetos como forma de comunicação e localização, sendo parte de sua sobrevivência, comportamento e reprodução.

Estas substâncias são produzidas e exaladas pelos insetos com objetivo de atração – no caso da lagarta-do-cartucho as fêmeas produzem tal composto para atrair os machos.

Atualmente, existem moléculas químicas sintéticas, com função de feromônio para diversas espécies. Em especial no manejo integrado da lagarta-do-cartucho, seu feromônio foi desenvolvido pela problemática de controle com produtos químicos em diversas culturas, como milho, soja e algodão.

Interrupção de acasalamento

O uso de feromônio permite uma diversidade de manejo, no qual podem ser utilizados como método de amostragem e monitoramento, indicando o momento da chegada da praga à lavoura e a variação da população ao longo do tempo. Auxilia no processo de tomada de decisão, evitando amostragens e aplicações desnecessárias de inseticidas.

Além do efeito atrativo sobre os adultos de lagarta-do-cartucho, o uso de armadilhas atrativas demonstra um impacto do posicionamento dos feromônios sexuais na entomofauna benéfica, atraindo diversos tipos de inimigos naturais para as áreas, como predadores e parasitoides.

Há, ainda, uma diminuição na população de lagarta-do-cartucho, o que ocorre devido à confusão sexual pela inundação do semioquímico na área, impedindo que mariposas dos sexos opostos se encontrem.

Os machos adultos são atraídos pelo feromônio e ficam presos no tapete adesivo da armadilha. Este comportamento reduz o encontro e a cópula, o que reflete na próxima geração, que terá menos indivíduos.

A dispersão do feromônio sexual ocorre pelo vento, marcando uma trilha de odor pela corrente de ar. Os machos, após a percepção da substância com as antenas, voam contra o vento, na direção da fonte.

Como os insetos necessitam apenas de pequenas quantidades do feromônio no ambiente para localizarem os parceiros, a liberação inundativa do produto pode impedir que isso aconteça, interrompendo o acasalamento da praga.

Fotos: Luize Hess

Manejo e aplicação

Conforme citado anteriormente, atualmente existem no mercado diversas formas de utilizar feromônios para o manejo da lagarta-do-cartucho, com função de monitoramento da população ao controle por aprisionamento e interrupção de copulação.

Uma das estratégias de manejo da praga pode ser realizada com o uso de sachês de feromônios em armadilhas tipo delta, com uma superfície colante, retendo os insetos e realizando a captura massal.

As armadilhas devem ser instaladas um pouco acima da cultura, sem perfurar o sachê, observando a direção do vento, de modo a atrair a praga. A recomendação é de uma armadilha de feromônio a cada cinco hectares, utilizando-se um sachê por armadilha.

A inspeção das armadilhas deve ser feita semanalmente, ou diariamente, caso haja suspeita de infestação, de modo a auxiliar a tomada de decisão.

Como forma de monitoramento, o uso de feromônios em armadilhas delta se mostrou muito eficiente para os produtores, sendo a mais recomendada para o monitoramento da lagarta-do-cartucho em algodão. Em média, as armadilhas têm uma durabilidade de até 40 dias, o que proporciona um custo-benefício bastante interessante. O nível de controle se estabelece quando são capturados mais de 30 machos/armadilha/noite.

Alternativas

Também é possível realizar a aplicação da calda contendo feromônio, a qual causará confusão sexual nos adultos da praga, não havendo cópula. É indicado iniciar a pulverização nos estádios iniciais da cultura, de forma preventiva (estádios fenológicos V1/v2), devendo ser realizadas no máximo 15 pulverizações por ciclo da cultura.

Pode ser aplicado de forma aérea ou terrestre, a uma dosagem de 90 a 130 mL p.c./ha com um intervalo de sete a 10 dias, sendo que as maiores dosagens são utilizadas em casos de alta pressão da praga.

Esta tecnologia é muito importante para a realização do manejo integrado de pragas (MIP), sendo uma estratégia adicional para o controle sustentável da praga na lavoura.

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