Glaucio da Cruz Genuncio
Professor de Fruticultura da UFMT/FAAZ/DFF
Elisamara Caldeira do Nascimento
Talita de Santana Matos
Doutoras em Agronomia ” UFRRJ
Tecnologias promissoras na efetividade nutricional vegetal estão sendo produzidas dentro do conceito dos “fertilizantes inteligentes“, permitindo uma liberação lenta e/ou controlada e reduzindo-se as perdas elevadas, principalmente dos fertilizantes nitrogenados.
Os fertilizantes de liberação controlada são moléculas revestidas ou encapsuladas que têm por função a disponibilização progressiva do nutriente encapsulado. Estes são envoltos em um revestimento que controla a entrada de água, reduz a dissolução do nutriente e degrada-se lentamente no solo. A liberação é dependente da espessura da membrana que reveste o grânulo.
O uso de fertilizantes de liberação controlada constitui-se em uma das tecnologias desenvolvidas recentemente para fertilizantes utilizados em sistemas de produção, principalmente para plantas de ciclo maior, como as frutÃferas.
O principal objetivo é oferecer os nutrientes requeridos às plantas de forma progressiva por um período determinado, podendo aumentar a eficiência de aproveitamento dos fertilizantes a fim de reduzir a transformação dos nutrientes em formas menos estáveis.
Informações úteis
A aplicação dos fertilizantes de liberação controlada é facilitada, tornando a distribuição mais homogênea, eliminando os danos causados aos sistemas radiculares pela alta concentração de sais e por aplicações excessivas. Ainda, requerem menor frequência de aplicação de insumos, diminuindo os custos com mão de obra para o parcelamento.
Outros benefícios são a facilidade de armazenamento, opções de formulações com períodos distintos de liberação, e mantêm um sincronismo de liberação dos nutrientes com as necessidades de crescimento e desenvolvimento das plantas (estádios de desenvolvimento do mamoeiro).
Apesar destas vantagens, os fertilizantes de liberação controlada são ainda pouco utilizados, principalmente no setor hortÃcola, em consequência de questões de ordem econômica e da falta de estudos que indiquem as melhores doses para utilização nas diversas culturas.
Porém, e apesar de os custos serem superiores às fontes solúveis, impactando em um nível próximo a 50% a mais no custo, comparativamente aos fertilizantes minerais comuns, o setor de fruticultura é promissor para o uso desta tecnologia, uma vez que o valor agregado por área (ha) da produção é comparativamente maior que a rentabilidade da produção de grãos em quase 10 vezes.
Assim, as características, bem como as quantidades de fertilizantes a serem aplicados dependerão das necessidades nutricionais de cada espécie, da fertilidade do substrato, da forma de reação dos adubos com o solo (substrato) e da eficiência dos adubos. Entretanto, muitos pesquisadores e técnicos garantem que a relação custo x benefÃcio é vantajosa.
Vantagens para o mamoeiro
A principal vantagem dos fertilizantes de liberação controlada para acultura do mamão é a garantia de parcelamento, com redução elevada de perdas do N, uma vez que para a aplicação de N no primeiro ano considera-se uma adubação de plantio e cinco adubações de cobertura, com um total que pode chegar a 400 kgN/ha.
Esta aplicação deve ser considerada de acordo com os estádios de desenvolvimento da cultura ” estádio vegetativo, estádio reprodutivo de floração e estádio reprodutivo de frutificação. Para a adubação convencional de N, este parcelamento de primeiro ano no mamoeiro ocorre, no plantio, aos 30, 60, 90, 120 e 240 dias após plantio.
Com o uso de fertilizantes de liberação controlada, este parcelamento pode ser reduzido a até três a quatro aplicações anuais, com economia de mão de obra e garantia de menores perdas, além de toda a sistematização da operação de manejo nutricional da cultura.
Dosagem recomendada
A necessidade da cultura não se altera, o que muda é a disponibilidade gradativa e a redução de perdas por lixiviação e volatilização do N, que podem chegar a patamares de 70%, em algumas aplicações.
Outra vantagem do uso desta tecnologia está na garantia de menores impactos ambientais, tais como a contaminação de lençóis freáticos e possível cianose em animais e seres humanos.
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