Aldeir Ronaldo Silva – Engenheiro agrônomo e doutorando em Fisiologia e Bioquímica de Plantas – ESALQ/USP – aldeironaldo@usp.br
Cristiano Ferrara de Resende – Pós-doutorando – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ/USP – cristianoig2004@hotmail.com
Giovana Cunha – Engenheira agrônoma e mestranda em Fisiologia e Bioquímica de Plantas – ESALQ/USP – giovanacunha@usp.br
Fabiano Simplício Bezerra – Engenheiro agrônomo e doutorando em Engenharia Agrícola – Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) – fabianoagro14@gmail.com
A cultura da abobrinha é de ciclo curto, sendo bastante cultivada por pequenos produtores. Ela movimenta em torno de R$ 1,8 bilhão ao ano, sendo também responsável por grande número de empregos diretos e indiretos.
Na região norte e nordeste o cultivo de abobrinha é realizado durante o ano todo, enquanto na região sul o cultivo ocorre com maior frequência no mês de agosto. Por ter um ciclo vegetativo curto, a abobrinha exige alta demanda de nutrientes em um curto intervalo de tempo. Dessa forma, os adubos organominerais, permitem um fornecimento de nutrientes uniforme ao longo do ciclo em função das partes constituintes orgânica e mineral.
Os fertilizantes ou adubos organominerais, como o nome indica, são uma junção de adubos orgânicos com nutrientes minerais.
A utilização incorreta de fertilizantes químicos pode acarretar sérios malefícios ao ambiente e à produtividade das culturas, tanto em ambiente protegido quanto em campo aberto. No primeiro caso, pode ocorrer salinização do solo devido à utilização de doses elevadas, recomendadas para campo aberto (o que desconsidera fatores específicos desse tipo de cultivo, como ausência de chuvas, por exemplo), afetando diretamente a fisiologia das plantas, que pode sofrer com deficiências nutricionais e hídricas.
No segundo caso, as perdas dos nutrientes devido à lixiviação ou escoamento superficial acabam favorecendo o seu acúmulo em lençóis freáticos e corpos d’água, acarretando a eutrofização desses ambientes e diversos outros problemas ecológicos.
Benefícios proporcionados
Uma das grandes vantagens dos fertilizantes organominerais é seu menor potencial reativo, em comparação aos fertilizantes químicos solúveis, o que permite um primeiro aporte de minerais para o crescimento inicial da planta e a mineralização posterior dos adubos orgânicos de forma gradual, havendo o incremento da eficiência agronômica no desenvolvimento da cultura.
A associação entre a boa disponibilidade inicial de nutrientes e o seu fornecimento gradual com a mineralização dos componentes orgânicos garante o desenvolvimento correto das plantas e evita os problemas causados pelo uso incorreto dos adubos químicos.
Além de melhorar a fertilidade, a presença da matéria orgânica ainda garante benefícios em relação às propriedades físicas do solo: aumenta a porosidade e reduz a densidade, eleva a capacidade de retenção de água, favorece a formação de agregados que reduzem a erosão e elevam a capacidade de troca catiônica.
Um outro fator de igual importância é a possibilidade de manutenção de toda uma microbiota no solo, que melhora suas propriedades físico-químicas e estabelece reações de benefícios mútuos com plantas e outros organismos, elevando as taxas fotossintéticas e incrementando a produtividade da cultura.
Como implantar a técnica
Para o sucesso da técnica, é importante o produtor realizar, primeiramente, a análise de fertilidade do solo, bem como os teores foliares dos nutrientes. Dessa maneira, o produtor com auxílio de um profissional qualificado irá determinar a dosagem de aplicação.
Quanto à composição, no mercado nacional há disponibilidade de vários produtos registrados, com garantias quanto à composição e eficácia. Dessa forma, o produtor deve evitar produtos de procedência duvidosa. Posteriormente à escolha do adubo organomineral é realizada a aplicação, que nesse caso pode ser via foliar ou solo.
Quando aplicado via foliar, e recomendável analisar se o fabricante recomenda aplicação em conjunto com outros produtos. Em geral, a aplicação do adubo organomineral é feita durante o plantio, quando via solo, ou durante a fase de crescimento vegetativo, quando via foliar.
A aplicação via foliar deve ser feita em dias com temperaturas não elevadas, evitando-se alta pluviosidade e velocidade do vento. Tais medidas garantem a máxima eficiência da técnica para a cultura da abobrinha.
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Produtividade
O desenvolvimento da abobrinha depende da quantidade de nutrientes disponíveis ao longo do seu ciclo. Logo, a adubação organomineral é indispensável para alcançar a produção ótima desejada.
Neste contexto, os fertilizantes organominerais, devido à liberação lenta dos nutrientes (macro e micronutrientes), que são disponibilizados para as plantas de maneira gradual, tendem a proporcionar aumentos na produtividade da abobrinha, devido à maior eficiência na absorção dos nutrientes requeridos pela cultura.
Resultados de pesquisa em campo comprovam que as necessidades nutricionais da abobrinha são atendidas por uma única aplicação pré-plantio de um fertilizante de liberação lenta. Isso reduz custos para o produtor e diminui o impacto ambiental.
Neste resultado de pesquisa em campo utilizando fertilização de liberação lenta a produção da abobrinha atingiu uma média de frutos de 47,7 t ha-1 e um acúmulo de nutrientes nos frutos, folhas e caules de 4,15 kg de N; 0,47 kg de P2O5 e 7,29 kg de K2O por tonelada.
Atenção
Um dos principais erros cometidos pelos produtores está em realizar a adubação organomineral da abobrinha sem ter em mãos a análise de solo, uma vez que o produtor rural e o engenheiro agrônomo devem utilizar como referência a análise de solo para saber em que condição química este se encontra para poder repor, por meio da adubação organomineral, os nutrientes deficientes para as plantas.
Outro erro é não realizar a correção do pH do solo na faixa considerada ideal para a cultura da abobrinha, que é de 6,0 e 6,8, e esperar que os nutrientes aplicados sejam absorvidos, visto que o pH do solo é fundamental para a disponibilidade de nutrientes às plantas.
Por último, não observar a dose para aplicação do fertilizante, pois a dose adequada passa pela quantidade de fertilizante que irá assegurar o suprimento de nutrientes demandado pela cultura.
Todos esses erros podem ser evitados a partir de uma avaliação técnica da eficácia do fertilizante organomineral utilizado para a adubação da cultura, seguindo as especificações, garantias e características da Instrução Normativa SDA No 25, de 23 de julho de 2009, para a utilização de fertilizantes organominerais.
É importante, ainda, realizar práticas agronômicas de manejo e conservação do solo e da água, pois são essenciais para maximizar a eficiência de uso dos fertilizantes organominerais, tornando o cultivo da abobrinha mais sustentável; consultar sempre um profissional especializado, no caso um engenheiro agrônomo, para poder melhor orientar quanto ao uso desses fertilizantes e das práticas conservacionistas adotadas no cultivo da abobrinha.
A utilização de adubos organominerais promove o aumento da produtividade e qualidade da abobrinha, resultando em uma maior lucratividade.