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Fertilizantes com bioinsumos promovem mais nutrientes

A combinação de fertilizantes com bioinsumos potencializa a nutrição das plantas.

Nilva Terezinha Teixeira
Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, Bioquímica e Produção Orgânica do Centro Universitário do Espírito Santo do Pinhal (Unipinhal)
nilvatteixeira@yahoo.com.br

A pesquisa e a extensão estão sempre à procura de novas tecnologias visando ofertar aos produtores rurais opções para que alcancem a melhor produtividade, ou seja: aquelas que permitam lucratividade com o mínimo impacto ao meio ambiente. Entre as tecnologias disponíveis, que cumprem tais objetivos, têm-se os adubos organominerais e os chamados bioinsumos.

Uso de bioinsumos melhora a produtividade
Foto: Shutterstock

Benefícios dos organominerais

Os fertilizantes organominerais nada mais são do que a associação de material orgânico e mineral. Como componente orgânico pode-se citar: resíduos animais, material orgânico compostado, etc.
Já a fração mineral compõe-se de adubos minerais como: fosfatos de rochas, superfosfatos, pó de rocha, entre outros. A fração orgânica, como é material compostado, tem na composição os chamados ácidos húmicos e fúlvicos, que beneficiam as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo e estimulam o enraizamento, desenvolvimento e produtividade das culturas.
Em relação ao solo, pode-se considerar que a fração orgânica dos organominerais melhora a estruturação, em solos arenosos e argilosos auxilia no enfrentamento de possível compactação do solo, beneficia a aeração e retenção de água.
Melhora, ainda, a microbiologia, favorecendo a proliferação de organismos benéficos. Também beneficia a liberação de nutrientes às plantas, diminuindo a capacidade de fixação de fósforo e aumentando, assim, a disponibilização do nutriente em questão para as plantas e, também propicia menores perdas de nitrogênio no solo.
Reduz problemas de intoxicação por elementos metálicos pesados, incluindo-se aí o alumínio, propicia aumento da Capacidade de Troca Catiônica do Solo (CTC), o que beneficia a retenção de nutrientes, em forma disponível.

Nutrição inteligente

Um dos aspectos importantes dos organominerais está na disponibilidade lenta de nutrientes. A solubilização dos seus nutrientes é gradativa, o que faz com que sua aplicação possa ser feita ao longo de todo o ciclo de uma cultura.
Para ser comercializado no Brasil, na sua bula devem estar os teores de garantia, conter a CTC e os teores de carbono orgânico, umidade, nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre, além de micronutrientes.
Os critérios variam com a natureza do produto (se sólido ou líquido) e seu objetivo: será aplicado via solo, foliar ou no cultivo hidropônico?

Origem

Por bioinsumos entendem-se materiais de origens diversas, como por exemplo: microrganismos, como bactérias, fungos e vírus, macrorganismos, como parasitoides e predadores, ou derivados, algas marinhas, biofertilizantes, extratos de plantas, substâncias orgânicas (como os ácidos húmicos e fúlvicos), etc., que são utilizados para finalidades como o crescimento de plantas, solubilização de nutrientes, manejo de pragas e doenças ou suplementação animal.
Têm o potencial de emprego na lavoura de qualquer espécie vegetal e em toda a cadeia produtiva, inclusive em compostagem.
Os bioinsumos causam pequeno, ou nenhum, impacto ambiental e o uso de tais produtos na agricultura brasileira vem crescendo rapidamente, sendo empregado no controle biológico de pragas, como promotores de crescimento, como inoculantes para fixação biológica de nitrogênio, para a liberação de fósforo para as plantas, entre outras funções.
Importante lembrar que sua introdução não contamina o solo e as águas. É uma tecnologia que se adéqua ao panorama atual da sociedade, cada vez mais preocupada com o meio ambiente e com a qualidade dos alimentos ofertados.

Linha de bioinsumos organominerais

São diversos os bioinsumos que podem ser associados aos organominerais, como por exemplo:
Derivados de algas marinhas: beneficiam o enraizamento, desenvolvimento, produtividade e resistência a fatores bióticos e abióticos. São ricos em hormônios semelhantes aos dos vegetais e fitoalexinas, que melhoram a disponibilidade de água, aumentam as taxas fotossintéticas e respiratórias.
Microrganismos: bactérias, fungos e vírus, que combatem agentes fitopatogênicos e pragas; outros estimulam o enraizamento e o desenvolvimento das plantas. Como exemplo têm-se: inoculantes (como decompositores de matéria orgânica, organismos fixadores de nitrogênio para leguminosas e gramíneas, etc.), os quais combatem pragas e doenças e plantas invasoras; as rizobactérias promotoras de crescimento de plantas, como Bacillus spp. e Pseudomonas spp., e agentes de biocontrole, como Trichoderma spp. e Bacillus spp.. Tem colaborado no aumento de tolerância das plantas aos estresses abióticos, como o estresse salino e ao ataque de pragas e doenças. Há, ainda, as micorrizas, que melhoram o aproveitamento de nutrientes, de água disponível e são muito importantes no aproveitamento do fósforo pelas plantas.
Biofertilizantes: são ricos em microrganismos benéficos que melhoram a resistência das plantas aos estresses causados por agentes bióticos e abióticos, promovem divisão celular, além de alimentar as plantas.
Ácidos húmicos e fúlvicos: estão presentes nos organominerais naturalmente. Porém, se acrescidos, potencializam o aproveitamento dos nutrientes, melhoram a microbiologia do solo, a CTC, a estrutura do solo, a taxa fotossintética e respiratória. Os bioinsumos auxiliam na regeneração de solos degradados, estimulando a proliferação de microrganismos benéficos e formando barreira para os maléficos às plantas.

Resultados em campo

Adicionar os bioinsumos nas práticas de cultivo, além de minimizar prejuízos ao meio ambiente, pode aumentar a produtividade das lavouras, com menor custo. Se associados ao organomineral, observa-se redução do uso de fertilizantes químicos, os quais encarecem o custo de produção.
Qualquer espécie vegetal pode se beneficiar dos bioinsumos. Especificamente em relação à soja, os organismos fixadores de nitrogênio são de emprego imprescindível. São organismos que se associam às plantas, promovendo o processo da fixação do nitrogênio atmosférico, proporcionando enorme economia ao produtor.
No mercado existem muitos produtos biológicos eficazes no combate aos problemas fitossanitários da cultura, sendo sempre interessante que se empregue o manejo integrado.
Exemplificando: para o controle de nematoides, a pesquisa mostra que se têm os fungos quimiolíticos, como Pochonia chalamydosporia e os produtores de metabólitos tóxicos e indutores de resistência, como Trichoderma sp., com resultados eficientes.
Também há citações na literatura que mostram a eficiência da aplicação de Trichoderma spp. no controle de mofo-branco na referida cultura. Em relação a doenças radiculares, o uso de produtos à base de Bacillus sp e de Pseudomonas sp tem obtido bons resultados.

Viabilidade

Há muito espaço para o uso de bioinsumos na soja, visando melhorar a produtividade com lucratividade, começando com a inoculação de sementes com os microrganismos fixadores de nitrogênio.
Sua inclusão promove decréscimo de impacto ambiental, devido ao uso mínimo, e mesmo no emprego de nitrogênio mineral. A complementação de adubação com os biofertilizantes, além de nutrir as plantas, confere maior resistência às pragas e doenças.
O uso de extratos de algas e dos ácidos húmico e fúlvicos tornam a prática com ainda mais qualidade. A inclusão dos produtos fitossanitários biológicos auxilia na sustentabilidade da produção, sem prejuízos ambientais.

Desafios

O grande desafio para a utilização de bioinsumos seria a existência de legislação pertinente, o que começou a ser resolvido em 2020 pelo Decreto nº 10.375, que instituiu o Programa Nacional de Bioinsumos, com o objetivo de ampliar e regular o emprego pela comunidade agrícola. Outro aspecto é a ampliação do número de biofábricas.
Sabe-se que há um forte crescimento de utilização de bioinsumos na agricultura no Brasil. Entretanto, o emprego significa apenas 3% do utilizado no mercado de insumos na proteção de plantas no nosso país. Há muito que crescer.
Quanto aos cuidados na aplicação, pode-se considerar que, igual ao que se coloca para outros insumos, para se ter êxito no uso dos chamados bioinsumos é importante seguir as recomendações de um técnico especialista, usando em doses, épocas e formas corretas.

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