Camila Aparecida Nunes de Souza
Graduanda do Curso de Engenharia Agronômica da UNESP ” Campus de Registro e bolsista FAPESP
Leandro José Grava de Godoy
Professor assistente doutor da área de Fertilidade do Solo, Nutrição e Adubação de Plantas do Curso de Engenharia Agronômica da UNESP ” Campus de Registro
Os fertilizantes de liberação controlada fazem parte de um novo grupo de adubos chamados de inteligentes ou de eficiência aumentada. Há certa confusão entre os termos liberação lenta e liberação controlada.
Os adubos de liberação lenta possuem uma estrutura química que faz com que sua liberação seja gradual e dependem da ação dos microrganismos, sem nenhum controle, pois todas as condições que influenciarem os microrganismos (temperatura, umidade, pH, teor de matéria orgânica, aeração do solo, etc.) vão influenciar a liberação dos nutrientes. Existem poucos fertilizantes de liberação lenta disponíveis no mercado.
Os fertilizantes de liberação controlada são caraterizados por possuÃrem uma camada de recobrimento em volta do grânulo de fertilizante convencional (barreira física), diminuindo assim as perdas por adsorção, lixiviação e volatilização, possibilitando a redução das doses aplicadas e a disponibilidade contÃnua dos nutrientes às plantas, sincronizando com a demanda da planta.
Liberação gradual
O tempo de liberação dos nutrientes é influenciado por fatores determinados pela indústria de fertilizantes, como a tecnologia empregada no recobrimento do grânulo do adubo. A maior espessura da camada, menor permeabilidade do material que compõe o recobrimento (p.ex. cera, enxofre e polímeros) e maior tamanho dos grânulos são exemplos de características intrÃnsecas ao fertilizante que aumentam o tempo de liberação.
Fatores externos, como a umidade e, principalmente, a temperatura, também afetarão a velocidade de liberação dos nutrientes. Quanto maior a temperatura, menor o tempo de liberação dos nutrientes.
Devido à maior possibilidade de perdas, o nitrogênio é o nutriente que engloba a maioria das tecnologias de eficiência aumentada disponíveis no mercado, mas há formulações em que o recobrimento está presente não apenas no nitrogênio, mas no fósforo e potássio também.
Custo
Embora apresente custo superior aos fertilizantes convencionais, a hipótese é de que o uso destes fertilizantes diminua gastos com mão de obra e adubação, pois possibilitará menos entradas na área de cultivo, reduzirá as doses aplicadas, bem como a compactação do solo, fazendo, então, que o custo/benefÃcio compense a utilização destes produtos.
Para algumas culturas, como a do café, por exemplo, já se tem comprovado que o uso de fertilizantes de liberação controlada proporciona ganhos significativos à cultura.
Experimentos
Â
Para a banana, estudos estão sendo realizados no Vale do Ribeira (SP) pela UNESP – Campus Experimental de Registro (SP), sobre a eficiência e viabilidade do uso de fertilizantes de liberação controlada. Nesta área experimental tem se avaliado perdas por volatilização, a fertilidade do solo, condutividade elétrica do solo, no local da aplicação, e a produtividade do bananal.
O valor da condutividade elétrica da solução do solo representa a quantidade de íons dissolvidos ali, que podem ter derivado dos fertilizantes, por exemplo. Locais do solo onde se encontram fertilizantes solúveis proporcionarão maior número de íons presentes e, consequentemente, maior valor de condutividade elétrica.
O uso dos fertilizantes de liberação controlada proporcionou maior condutividade elétrica da solução do solo que os fertilizantes convencionais (FC) aplicados de forma parcelada, mesmo após três meses da aplicação do adubo de liberação controlada, usando 75% da dose total do adubo convencional (tratamento FLC 75%).
Outro fato interessante do uso dos fertilizantes de liberação controlada é que são aplicadas, geralmente, as doses que a cultura irá precisar em todo o ciclo, o que resulta numa maior quantidade de adubo, que possibilita melhor espalhamento do adubo nas proximidades da planta.
Cuidados
Alguns recobrimentos, por serem pouco permeáveis à água, podem fazer os grânulos do adubo boiarem, quando se formam lâminas de água sobre a superfície do solo, podendo carregar estes fertilizantes. Assim, deve-se tomar cuidado com aplicações em áreas com maior declive.