20.8 C
Uberlândia
terça-feira, abril 1, 2025
- Publicidade -spot_img
InícioDestaquesFertirrigação - Critério de Doses

Fertirrigação – Critério de Doses

Luiz Dimenstein
luiz.dimenstein@fertirrigar.com

Injetar fertilizantes solúveis ou líquidos nos sistemas de irrigação passou a ser uma forma de fracionamento de doses para aplicações dos nutrientes ao longo do período de cultivo. Há dois critérios a escolher: quantitativo x concentração.

primeiro chamado de quantitativo, embora seja o mais praticado, tem sua origem nos conceitos da agricultura de sequeiro em que se estipulam o quanto se desejam aplicar em adubação de fundação e complementos nas adubações de cobertura. Com as quantidades de nutrientes previamente definidas, se calculam certo número de fracionamentos em aplicações via fertirrigações e escolhendo fertilizantes bem mais solúveis comparados com os granulados de solo usados no sequeiro. Isso de fato é uma grande evolução. Muitos irrigantes por motivos operacionais e de logística escolhem efetuar as aplicações via fertirrigação apenas de vez em quando, ou seja, pode ser 1x ou 2x por semana, outros até fazem em intervalos maiores os turnos de fertirrigações quinzenais etc. Isso causa o “efeito sanfona” em que no dia em que se aplica a fertirrigação o nível de salinidade no chamado “bulbo molhado” ou na “faixa umedecida do solo” apresentará alta condutividade elétrica (CE) e nos dias seguintes com aplicações apenas de água haverá diluições contínuas da CE e, também sua lixiviação. Há certamente o manejo com fertirrigações em doses pequenas e frequentes minimizando o “efeito sanfona” em que a CE terá pequenas flutuações na solução do solo. No critério quantitativo se utilizam as doses em kg/hectare. No critério concentração as doses são calculadas em g/m3.

Em cultivos irrigados, o domínio do volume a aplicar é a chave da eficiência do manejo. Muitos irrigam por tempo durante X horas e sabendo a vazão do sistema facilmente saberemos quantos m3 de água se aplicam naquela rega.

Teremos também o domínio da injeção dos fertilizantes e a concentração dos nutrientes na solução aplicada. Mais importante ainda é que podemos usar tubos de sucção chamados de “Extratores de Solução do Solo” (ESS) para medir a concentração dos sais totais pela CE com condutivímetro. Em detalhes, também podemos determinar as concentrações dos nutrientes individuais para N, P, K, Ca, Mg, S, Cl, Cu e Fe, além do pH na solução.

Como se calcula as doses das fertirrigações por concentração? Uma simples regra de três facilita calcular as doses das fertirrigações por concentração. É a “Regra de Ouro da Fertirrigação”, em que 100g/m³ faz com que % passe a ppm.

Na sacaria dos fertilizantes solúveis, as garantias dos nutrientes aparecem em percentagem (%). No manejo para manipular as concentrações dos nutrientes na solução do solo, o mais adequado é usar a unidade em parte por milhão (ppm). O importante é considerar que 1% = 10.000 ppm. Assim, 1g ou 1ml aplicado em 1m³ de irrigação vale 1ppm. Como na sacaria dos fertilizantes a unidade é %, que contém 2 zeros (100), basta adicionar esses 2 zeros na dose de 1g ou de 1ml e a concentração informada em % na sacaria do fertilizante passará para ppm.

Exemplo com o fertilizante solúvel NPK 20-20-20: ao aplicar 100g desse fertilizante em cada 1m³ de irrigação, injetaremos via fertirrigação 20ppm de N, 20ppm de P₂O₅ e 20ppm de K₂O. Isso pode ser feito com uma regra de três simples. Se duplicarmos a dose de 100g para 200g por cada m³ de irrigação, a aplicação desse NPK será de 40ppm de cada nutriente. Isso é válido para outras proporções e para outros fertilizantes solúveis ou líquidos.

Os ajustes das doses obedecem aos critérios de CE desejada para cada cultivo em cada fase fenológica. Na maioria dos cultivos, os intervalos de CE adequados na solução do solo (não no extrato saturado de solo) ficam entre 1 e 3 mS/cm. Além disso, a manipulação agronômica envolve escolher as proporções dos nutrientes que compõem essa salinidade em cada fase do cultivo, necessitando ajustes das doses. Isso deve ser feito desde que se tenham as coletas da solução do solo para análise rápida e otimização da disponibilidade hídrica e dos nutrientes, respeitando a fisiologia das plantas.

Testes rápidos que, em geral, em 1 a 2 minutos, identificam os níveis de nutrientes disponíveis na solução do solo, usando fitas colorimétricas ou titulação simples ou turbidez.

Condutivímetro digital e tubos de sucção a vácuo Extratores de Solução do Solo (ESS) em 3 profundidades para identificar a distribuição dos nutrientes na faixa úmida do solo e verificar se há lixiviação ou homogeneidade da distribuição dos nutrientes.

Esse processo é simples e rápido, permitindo que o agrônomo, com as informações obtidas, decida pelo melhor manejo nutricional via fertirrigação, corrigindo as doses e fazendo escolhas dinâmicas dos fertilizantes a aplicar.

Coletas semanais são suficientes, e as interpretações se baseiam no DELTA (Δ), comparando a coleta atual da solução do solo com a coleta da semana anterior para identificar o Δ.

Ganhos ou perdas de certos nutrientes são facilmente identificados, e nas fertirrigações seguintes essas variáveis podem ser corrigidas. O mesmo se aplica aos níveis de pH desejados e à concentração de eletrólitos (CE).

Decidir as doses nas fertirrigações por concentração?

Resposta prática com um exemplo de caso verdadeiro. Em uma coleta da solução do solo, o teste do Cálcio estava ótimo, com 100 ppm identificados. Na semana seguinte, após uma chuva, houve lixiviação e a nova medição apresentou apenas 40 ppm, gerando um DELTA (Δ) de 60 ppm perdidos. Com essa informação, o agrônomo ou responsável pelo manejo decidiu repor essa perda e escolheu o fertilizante Nitrato de Cálcio, que tem concentração de 15N e 19Ca. Ele aplicou a “Regra de Ouro da Fertirrigação”, que diz que 100 g/m³ passa % para ppm. Assim, nessa dose, se aplicará 15 ppm de N e 19 ppm de Ca.

A dose desejada de Ca seria, em números redondos, 3x a regra de ouro para atender aos 60 ppm de Cálcio perdidos, e assim 300 g/m³ fornecerão 57 ppm, que arredondando pode-se considerar como 60 ppm de Cálcio. Nesse caso, também serão 15 x 3 = 45 ppm de N aplicados, que estão na concentração desse fertilizante. Se, por exemplo, o volume de irrigação for de 50 m³ x 300 g = 15 kg do fertilizante Nitrato de Cálcio a aplicar.

Sugestões de parâmetros na solução do solo para mais de 120 diferentes cultivos estão no livro “Manejo de Fertirrigação – Regra de Ouro da Fertirrigação”, disponível para livre download na página web www.fertirrigar.com.

O domínio da informação sobre a Condutividade Elétrica (CE) na solução do solo é a chave do manejo e manipulação das fertirrigações seguintes. Deve-se repetir amostragens da solução do solo com frequência, pelo menos semanalmente. Não tem finalidade medir a CE no tanque de injeção e nem na saída dos emissores de rega, mas sim na solução do solo, que é o chamado bulbo molhado ou faixa úmida de solo.

Há uma segunda chave qualitativa que é o pH, também na solução do solo. O pH vai direcionar a escolha dos fertilizantes de tendência mais ácida ou mais alcalina para correções que sejam necessárias, a fim de manter a faixa de pH na solução do solo no intervalo adequado e permitir a máxima solubilidade e disponibilidade dos nutrientes.

O método quantitativo é muito mais limitado para obter a otimização nutricional e está sujeito a sair dos intervalos fisiológicos que o domínio e manipulação da CE oferece. No final, as fertirrigações podem ser facilmente ajustadas por cálculos de regra de 3 simples e sem “receita de bolo” de doses.

ARTIGOS RELACIONADOS

Normas técnicas específicas para a produção integrada de tomate tutorado

O objetivo do projeto foi desenvolver e adaptar tecnologias que viabilizassem o Sistema de Produção Integrada de Tomate Tutorado (Sispit), pioneiro e único no Brasil.

Hidrosense – Irrigação na medida certa

Há 13 anos a Hidrosense participa da Hortitec. Para Enison Roberto Pozzani, engenheiro mecânico e sócio da Hidrosense, este é o melhor evento deste...

A hora certa de plantar morangos

José Mauro de Sousa Balbino Engenheiro agrônomo, doutor em Fisiologia Vegetal e pesquisador do Incaper balbino@incaper.es.gov.br   O plantio de morangos depende do clima da região de cultivo,...

Hortiflora comemora mais um ano de muito sucesso

A Hortiflora completa 20 anos e é uma revenda muito reconhecida na região do Triângulo Mineiro, em Minas Gerais, e disponibiliza para os produtores...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!