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Fosfito protonado contra fungos de solo

Diego Henriques Santos

Engenheiro agrônomo da Companhia de Desenvolvimento Agrícola de São Paulo – Codasp (Centro de Negócios de Presidente Prudente)

dihens@bol.com.br

 

Crédito Shutterstock
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Dentre os nutrientes, não há dúvidas que o fósforo é aquele que mais tem recebido atenção da pesquisa em fertilidade do solo e nutrição de plantas, haja vista sua complexa dinâmica, especialmente em solos tropicais, onde sua disponibilidade para as plantas é bastante limitada.

Dessa forma, embora o fósforo seja, dentre os macronutrientes, um dos menos exigidos pelas plantas, é o mais utilizado nas adubações em nosso país. A utilização de produtos à base de fosfito, uma forma reduzida de fosfato, na agricultura, tem se intensificado nos últimos anos.

Novas tecnologias

O fosfito protonado possui uma tecnologia que impede o fosfito de sofrer desprotonação e retornar a fosfato. Alguns desses produtos são comercializados como fungicidas, mas a maioria deles é registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento(MAPA) para utilização como fertilizante.

Também tem sido bastante utilizado em olerícolas como bioestimuladores. Embora ainda não haja um consenso sobre sua função fisiológica como uma fonte de fósforo para a nutrição das plantas, as evidências experimentais mostram que o fosfito pode atuar como biocida, afetando positivamente a produtividade das culturas.

A aplicação de fosfito aumenta a área foliar e a matéria seca da batata - Crédito Shutterstock
A aplicação de fosfito aumenta a área foliar e a matéria seca da batata – Crédito Shutterstock

Vantagens

Os efeitos positivos dos fosfitos sobre o metabolismo das plantas são mais evidentes quando aplicados às raízes em sistemas hidropônicos, ou em folhas sob a forma de pulverizações foliares. Pesquisas já realizadas indicam, conclusivamente, que os fosfitos são eficientes no controle de diversas doenças, principalmente aquelas causadas por pseudofungos do gênero Phytophthora, sendo que o controle desses patógenos se dá, principalmente, pelo efeito direto do fosfito sobre o patógeno, exigindo, para tal, concentrações elevadas desse íon.

Há indicações de que o fosfito pode agir também de forma indireta, pelo aumento na síntese de compostos de defesa da planta, como fitoalexinas, compostos fenólicos e lignina.

Pesquisas concluíram também que os fosfitos atuam como pesticidas eficazes contra várias espécies de bactérias patogênicas e oomicetos, particularmente do gênero Peronospora, Plasmopara, Phytophthora e Pythium. Também, semelhante a outros indutores de plantas, presume-se que o fosfito é eficaz contra diferentes tipos de estresses abióticos e bióticos.

Experimentos demonstraram que o fosfito possui efeitos benéficos sobre o teor de clorofila e a expressão do polipeptídio D1 do gene fotossistema II, que codifica uma proteína fotossintética-chave. Cabe ressaltar que avanços em abordagens moleculares, bioquímicas e fisiológicas têm confirmado o papel do fosfito na melhoria do rendimento e da qualidade de diferentes espécies de hortaliças.

Culturas beneficiadas

Em uma série de ensaios a campo, bem como em casa de vegetação, os fosfitos foliares elevaram a produtividade e a qualidade de várias espécies, como salsão, cebola, batata, pimenta e pimentão. O rendimento de salsão, por exemplo, foi significativamente elevado e a percentagem de cebolas de tamanho jumbo foi significativamente maior quando se utilizou uma combinação de fosfito no solo via aplicação foliar.

Da mesma forma, o tamanho e o rendimento da batata foram significativamente maiores quando aplicado o fosfito. Além disso, o rendimento do pimentão foi bastante aumentado com a utilização do fosfito, tanto na irrigação por gotejamento quanto na pulverização foliar.

Alguns estudos relatam que o fosfito pode influenciar o metabolismo do açúcar, causar alterações hormonais e químicas internas e induzir a via do ácido chiquímico, resultando em aumento da intensidade floral, produtividade de frutos, qualidade e teor de sólidos solúveis em várias espécies, incluindo cebolas, batatas e tomates.

Experimentos mostraram que a aplicação de fosfito reduziu o período entre o plantio e a emergência, e aumentou a área foliar e a matéria seca da batata. Além disso, a colonização micorrízicaaumentou, o que sugere que a aplicação de fosfito na produção agrícola é vantajosa, especialmente para as batatas.

Experimentos também apontaram efeitos benéficos do fosfito sobre a qualidade do morango, com efeitos benéficos nos parâmetros de crescimento de diferentes cultivares, além da indução de mecanismos de defesa da planta.

Como bioestimulante, o fosfito melhora a absorção de nutrientes e sua assimilação, tolerância ao estresse abiótico e a qualidade do produto final. Além disso, o fosfito promove o crescimento das raízes, a produtividade e o valor nutricional das hortaliças em geral.

 O fosfito aumenta o teor de sólidos solúveis em cebolas -  Crédito Shutterstock
O fosfito aumenta o teor de sólidos solúveis em cebolas – Crédito Shutterstock

Contra fungos

Uma substância é considerada fungicida quando apresenta toxicidade ao patógeno objeto de controle. Geralmente se associa a palavra fungicida à morte do fungo, porém, algumas substâncias controlam doenças inibindo o crescimento micelial ou sua esporulação, como no caso do fosfito protonado.

Portanto, usualmente dizemos que os fosfitos atuam como fungicidas, sendo o correto dizer que estes possuem atividades antifúngicas, atuando principalmente na inibição do crescimento micelial, portanto, uma substância fungistática e não fungicida.

Essa matéria completa você encontra na edição de março 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

 

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