Fosfitos sólidos: mais fósforo para as plantas. Confira neste artigo os benefícios dos fosfitos sólidos, além de informação sobre custos e mais.
Maria Idaline Pessoa Cavalcanti
Engenheira agrônoma e doutoranda em Ciência do Solo – Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
idalinepessoa@hotmail.com
O fósforo naturalmente é um elemento que tem baixa mobilidade em solos, principalmente naqueles bastante intemperizados, como os brasileiros, que têm a característica de fixar este elemento, deixando-o indisponível para as plantas.
O fósforo é absorvido pelas plantas nas formas de ânion de H2PO4- e HPO42-. A função do fósforo está na formação de ácidos nucléicos, membranas, síntese de ATP, ADP e NADP, atuando diretamente na divisão celular, reprodução, metabolismo, armazenamento e transferência de energia. Contribui para o crescimento prematuro das raízes, qualidade de frutas, verduras, grãos e formação de sementes.
Os fosfitos são compostos originados da neutralização do ácido fosforoso (H3PO3) por uma base, que pode ser hidróxido de sódio, de potássio, de amônio, entre outros, sendo o mais utilizado o hidróxido de potássio, formando o fosfito de potássio.
Benefícios
Entre as principais vantagens do uso de fosfito na agricultura é possível destacar a absorção rápida de fósforo pela planta em comparação com produtos à base de fosfato, o baixo custo relativo da matéria-prima, o prolongado tempo de conservação do produto após a colheita e, por fim, a ação dupla do fosfito, ou seja, além de fertilizante, ele atua como fungicida.
Após a sua absorção pelas plantas, o íon fosfito apresenta uma distribuição ascendente, desde os brotos até os pontos de crescimento, e descendente desde os brotos até os pontos de crescimento das raízes, conferindo uma proteção completa das plantas ao ataque de fungos. Este íon favorece a absorção dos nutrientes catiônicos, tais como o potássio, cálcio, magnésio, cobre, ferro, zinco e manganês.
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Ação e reação
O uso de fosfito na agricultura brasileira é uma prática recente, e tem crescido de forma significativa, devido às características dos produtos à base deste composto, que contribuem para aumento na produtividade e na qualidade dos produtos finais.
Os fosfitos, além de causarem efeito direto sobre patógenos, atuam também na ativação do sistema de defesa natural das plantas, estimulando a formação de substâncias de autodefesa e assim controlando o ataque de patógenos.
As respostas observadas nas plantas, pelo uso do fosfito como indutor de resistência, estão relacionadas ao metabolismo do açúcar, à estimulação da rota do ácido chiquímico e às alterações hormonais e químicas nas plantas.
Estes produtos apresentam triplo modo de ação no controle de doenças de plantas, sendo estes a indução de resistência e nutrição do hospedeiro, além da toxidez direta contra patógenos fúngicos e bacterianos.
Entretanto, a nutrição em fósforo não ocorre, pois o íon fosfito não é metabolizado pela planta para ser convertido em fosfato, que é a única forma em que a planta absorve o fósforo. Outra característica dos fosfitos é a sua translocação via xilema e floema, o que facilita e otimiza a aplicação.
Basicamente, existem dois tipos de aplicação desse tipo de fertilizante – de forma sólida (no sulco de plantio), e de forma líquida (aplicação foliar). Ambas apresentam resultados consideráveis, contudo, a aplicação foliar em escala comercial fica restrita, devido ao alto investimento.
Quanto custa?
O preço destes produtos é competitivo quando comparado ao dos fungicidas comerciais. Outros fatores que podem ser limitantes à aplicação de produtos líquidos é o tipo de cultura e a área plantada.
O controle proporcionado por estes produtos é geralmente intermediário, sendo o ideal substituir uma das aplicações do fungicida ciproconazol + azoxystrobin, por exemplo, por uma aplicação de fosfito em condições de campo. Já no viveiro devem ser realizadas mais aplicações intercaladas com as de fungicida, de acordo com o nível de incidência da cercosporiose.