20.6 C
Uberlândia
domingo, novembro 24, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosFlorestasGessagem e calagem para floresta é fundamental para altas produtividades

Gessagem e calagem para floresta é fundamental para altas produtividades

Bruno da Silva Moretti

Raquel Batista de Oliveira

Engenheiros agrônomos, mestres em Ciência do Solo

Antonio Eduardo Furtini Neto

Engenheiro agrônomo, doutor em Solos e Nutrição de Plantas e professor da Universidade Federal de Lavras/UFLA

afurtini@dcs.ufla.br

Para atingir altas produtividades, a planta necessita de grande quantidade de nutrientes, dentre eles o cálcio, que é fornecido basicamente via calcário ou gesso - Crédito Catafós
Para atingir altas produtividades, a planta necessita de grande quantidade de nutrientes, dentre eles o cálcio, que é fornecido basicamente via calcário ou gesso – Crédito Catafós

Espécies florestais mais tolerantes à acidez, como o eucalipto, não necessitam de grandes investimentos em correção do solo para apresentarem um crescimento satisfatório, diferente de outras espécies menos adaptadas a solos ácidos, como o cedro australiano.

Todavia, mesmo para o eucalipto, para atingir altas produtividades, a planta necessita de grande quantidade de nutrientes, dentre eles o cálcio, que é fornecido basicamente via calcário ou gesso, e o magnésio, que em geral é fornecido pelo calcário.

Demanda por correção de solo

A exigência nutricional das espécies florestais varia entre espécies e até mesmo entre variedades ou clones distintos. Assim, é de suma importância que a tomada de decisão sobre a forma e tipo de manejo deve ter como princípio uma análise química do solo, realizada antes do plantio. É esta análise que vai indicar qual a necessidade de correção via calcário, e de gessagem do solo.

Se for considerada a aplicação de calcário apenas para a correção da acidez de uma floresta de eucalipto, certamente a necessidade deste corretivo será baixa, devido à tolerância que esta espécie apresenta para a acidez do solo.

Todavia, uma floresta de eucalipto com produtividade média de 50 m3/ha/ano, com idade entre seis a sete anos apresenta um acúmulo estimado de Ca na parte aérea de entre 240 a 500 kg/ha e de 45 a 115 kg/ha de Mg, segundo alguns dados de pesquisa.

Esta variação na extração de nutrientes indica que esta espécie pode apresentar uma demanda por Ca e Mg variável e que o conhecimento prévio dessas demandas pode proporcionar ganhos significativos para o produtor.

Dessa forma, o produtor deve, primeiramente, realizar uma análise de solo da camada de 0 a 20 cm, 20 a 40 cm e, se possível, de 40 a 60 cm de profundidade da área onde a cultura será implantada e obter, junto a um profissional capacitado, a estimativa da demanda por cálcio e magnésio da cultura.

A quantidade de calcário necessária para suprir as necessidades da cultura deve ser calculada visando a elevação da saturação por bases do solo e o suprimento de cálcio e magnésio para a planta.

Recomendações

O gesso agrícola deve ser recomendado para correção de camadas subsuperficiais, abaixo de 20 cm. Para espécies florestais, o uso do gesso agrícola é recomendado principalmente para regiões de déficit hídrico, pois apresenta maior solubilidade que o calcário e proporciona um carreamento do cálcio para maiores profundidades, além do seu efeito de redução da atividade do alumínio.

O carreamento do cálcio em camadas subsuperficiais melhora os atributos do solo, proporcionando melhores condições para o aprofundamento das raízes, dando condições para a planta suportar melhor os veranicos.

No geral, a quantidade de gesso a ser aplicada no solo deve sempre ser calculada com base nos resultados de uma análise de solo na camada abaixo de 20 cm de profundidade. Vale ressaltar que o gesso também é fonte de enxofre e que este insumo muitas vezes é suficiente para suprir a demanda deste nutriente para a maioria das culturas.

Quando aplicar

A época ideal de aplicação do calcário no solo para o cultivo de espécies florestais, geralmente, é com antecedência mínima de 30 dias da subsolagem e da abertura das covas de plantio. Vale ressaltar a importância da umidade adequada do solo para favorecer a reação do corretivo, sendo recomendável aplicá-lo próximo da época chuvosa de cada região.

A aplicação do gesso agrícola no solo depende da reação inicial do calcário, em particular do aumento da capacidade de troca de cátions (CTC) para reduzir prováveis lixiviações de potássio (K) e magnésio (Mg). Para tanto, é comum aplicar este condicionador de solo em torno de 20 dias após a aplicação do calcário.

Ambos são produtos que devem ser aplicados com a devida antecedência ao plantio para que haja tempo suficiente para ocorrerem as reações no solo e a consequente liberação dos nutrientes. Caso este tempo de reação não seja respeitado, o produtor colocará em risco o sucesso do desenvolvimento da floresta, uma vez que a fase mais crítica do estabelecimento da cultura são os primeiros meses, onde a planta se encontra em fase de adaptação e consequentemente mais susceptível.

Até culturas mais tolerantes à acidez, como o eucalipto, apresentam redução no crescimento em solos com elevada concentração de alumínio e pH muito baixo, justificando a necessidade da aplicação dos corretivos e condicionadores nas quantidades e períodos adequados.

Essa matéria completa você encontra na edição de outubro da revista Campo & Negócios Floresta. Clique aqui e adquira já a sua.

 

ARTIGOS RELACIONADOS

Como evitar o acamamento na soja e feijão?

Autores Paulo Roberto de Camargo e Castro Professor titular - ESALQ/USP prcastro@usp.br Jeisiane de Fátima Andrade Mestranda em Agronomia - ESALQ/USP A aplicação de...

Pulverização de micronutrientes nas folhas da soja aumenta a produtividade

  Cobalto e molibdênio são dois dos elementos essenciais para a fixação biológica de nitrogênio, mas devem ser aplicados entre os estádios de desenvolvimento V3...

Influência dos ácidos húmicos e fúlvicos na produtividade do alho

Mara Lúcia Martins Magela Doutoranda em Agronomia " Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Regina Maria Quintão Lana Doutora e professora de Fertilidade do solo e...

Manejo orgânico da abobrinha italiana

Nilva Terezinha Teixeira Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, Bioquímica e Produção Orgânica do Centro...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!