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Gesso agrícola: solução sustentável para o café

Harianna Paula Alves de Azevedo
Doutora em Fitotecnia e extensionista agropecuária II – EMATER-MG
harianna_tp@hotmail.com

O gesso agrícola tem se consolidado como uma ferramenta essencial no manejo de solos, especialmente para culturas como o café. Ao ser aplicado, contribui para a melhoria da estrutura do solo, favorecendo o enraizamento das plantas e aumentando a disponibilidade de nutrientes.

Além disso, o gesso eleva a capacidade de retenção de água, o que se traduz em uma cultura mais resistente a doenças e com maior potencial de produtividade.

Benefícios

O gesso agrícola oferece diversos benefícios para a cultura do café, pois é uma importante fonte de cálcio e enxofre, nutrientes essenciais para o desenvolvimento das plantas. O cálcio contribui para o fortalecimento das paredes celulares, enquanto o enxofre é fundamental para a formação de proteínas e enzimas.

Diferente do calcário, o gesso tem alta solubilidade e pode se infiltrar em camadas mais profundas do solo. Isso neutraliza o alumínio tóxico presente no subsolo, que pode inibir o crescimento das raízes.

Maior disponibilidade de cálcio

A redução da toxicidade do alumínio e a maior disponibilidade de cálcio no subsolo promovem o aprofundamento das raízes. Com um sistema radicular mais desenvolvido, a planta consegue acessar uma maior área do solo, aproveitando melhor os fertilizantes aplicados e os nutrientes naturais do solo.

Além de contribuir para que o cafeeiro seja mais resistente à seca, pois as raízes conseguem explorar regiões mais profundas onde há maior disponibilidade de água, o gesso ajuda a equilibrar a relação entre cátions no solo, como cálcio, magnésio e potássio, promovendo um ambiente mais favorável para o crescimento das plantas.

A presença de cálcio contribui para a agregação das partículas do solo, melhorando sua estrutura e permitindo maior infiltração e retenção de água.

Na dose certa

Para determinar a dosagem ideal de gesso agrícola em uma área de cultivo de café, é necessário avaliar vários critérios relacionados às características do solo, às exigências da planta e às condições climáticas.

Na análise química do solo, a concentração de alumínio tóxico na subsuperfície (geralmente entre 20 e 40 cm de profundidade) é um dos principais indicadores para a aplicação de gesso. Solos com altos níveis de alumínio exigem maior quantidade de gesso.

A disponibilidade de cálcio nas camadas profundas, quando deficiente em cálcio, justifica o uso do gesso para melhorar a fertilidade em subsuperfície. A saturação de bases (V%) avalia o equilíbrio químico do solo, e quando houver saturações inadequadas pode demandar o uso do gesso para ajuste.

Solos arenosos

Solos arenosos são leves, com menor capacidade de retenção de nutrientes e maior suscetibilidade à lixiviação, o que pode demandar doses menores de gesso, aplicadas com mais frequência. Geralmente são recomendadas de 0,5 a 2,0 toneladas por hectare.

Solos argilosos são pesados, geralmente retêm mais nutrientes e alumínio, podendo exigir doses mais altas para corrigir camadas profundas. Geralmente são recomendadas de 1,0 a 4,0 toneladas por hectare.

É importante analisar o histórico da área – locais que já receberam calcário ou gesso anteriormente podem ter menor necessidade de novas aplicações. O histórico de fertilizantes usados também influencia a dosagem necessária de gesso agrícola.

Manejo intensivo do solo

Lavouras de alta produtividade demandam um manejo mais intensivo do solo para garantir a disponibilidade de nutrientes em profundidade. Algumas variedades podem ser mais exigentes quanto às condições químicas do solo.

A frequência e a intensidade das chuvas influenciam a escolha da dose. Em áreas de alta pluviosidade, o gesso pode ajudar a evitar a lixiviação de cálcio e melhorar as condições da subsuperfície.

É fundamental consultar um agrônomo para realizar a análise detalhada do solo e definir a dosagem ideal. Isso garante a aplicação eficiente, evitando desperdício e garantindo os melhores resultados para a cultura do café.

Sistema radicular

O gesso agrícola tem um papel significativo no desenvolvimento do sistema radicular e na melhoria da estrutura do solo, principalmente em culturas como o café, que exige raízes profundas e um solo bem estruturado.

O alumínio tóxico presente em solos ácidos impede o crescimento das raízes em profundidade. O gesso reage com o alumínio na subsuperfície, formando compostos não tóxicos (como sulfato de alumínio), permitindo que as raízes se expandam para camadas mais profundas.

O cálcio, transportado pelo gesso para camadas mais profundas, fortalece as paredes celulares das raízes, promovendo seu crescimento saudável. Com a redução de barreiras químicas no subsolo, as raízes podem explorar melhor a profundidade, aumentando a disponibilidade de água e nutrientes, especialmente em períodos de seca.

O cálcio presente no gesso estimula a agregação das partículas de argila, promovendo uma estrutura mais estável no solo. Isso melhora a porosidade e facilita a infiltração de água e a circulação de ar, condições essenciais para o desenvolvimento das raízes.

Resultados em solos compactados

Em solos compactados, o gesso pode contribuir para melhorar a friabilidade do perfil ao promover a formação de agregados, facilitando o crescimento das raízes e o manejo agrícola.

A melhoria na estrutura do solo permite maior infiltração de água e maior retenção em áreas de subsuperfície, reduzindo o risco de erosão superficial e favorecendo o desenvolvimento das plantas.

O gesso tem alta solubilidade, o que permite que ele alcance camadas mais profundas do solo, onde o calcário não atua. Isso é especialmente útil para melhorar a fertilidade em subsuperfície e sustentar raízes profundas.

Menor toxicidade

Com menor toxicidade de alumínio, maior disponibilidade de cálcio e melhor estrutura física, o solo se torna um ambiente mais favorável para o crescimento radicular. Isso resulta em plantas mais vigorosas, capazes de suportar estresses bióticos e abióticos.

O sistema radicular profundo, favorecido pelo uso de gesso, acessa água em camadas profundas, garantindo maior resiliência em períodos de estiagem. Raízes mais profundas podem explorar uma maior área do solo, absorvendo nutrientes que estariam inacessíveis em um sistema radicular superficial.

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