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Andréia Marcilane Aker
Engenheira agrônoma e especialista em Auditoria, PerÃcia e Gestão Ambiental da Faculdade São Paulo (FASP)
Os solos salinos-sódicos ocorrem, geralmente, nas regiões áridas e semiáridas devido ao material de origem, à baixa precipitação e à elevada evapotranspiração. Esses solos devem ser corrigidos para que possam ser inseridos no sistema produtivo.
Dentre os fatores que favorecem os processos de salinização, destacam-se as propriedades físicas e químicas do solo, a qualidade da água de irrigação, as condições climáticas, geomorfológicas e topográficas da área, além de processos em que a evaporação é superior à precipitação.
Em alguns casos, a salinização é resultado de uma irrigação com água de qualidade inadequada ou do uso desenfreado de vinhaça em áreas próximas a usinas que cultivam cana-de-açúcar. Pode-se, então, provocar a degradação dos solos, algo que vem afetando os perÃmetros de solos irrigados.
Em muitas áreas de produção, o uso de água de baixa qualidade para irrigação e a aplicação de quantidades excessivas de fertilizantes são as principais razões para o aumento da salinidade do solo. Em se tratando de algumas regiões específicas que são irrigadas, constitui-se um sério problema, limitando a produção agrícola e reduzindo a produtividade das culturas a níveis antieconômicos.
Isso ocorre porque a água de irrigação contém sais solúveis. Seu uso constante e em quantidade insuficiente para a lixiviação, associado a uma drenagem inadequada, com o passar do tempo provoca o acúmulo de sais no perfil e na superfície do solo.
Danos
A alta concentração de sais solúveis e de sódio trocável encontrada nesses solos pode reduzir, interferir ou até impedir o desenvolvimento vegetal e, consequentemente, a produção das culturas. A estrutura desses solos impede a germinação de sementes e o desenvolvimento de raízes, além de aumentar o consumo de energia da planta, representando sérios problemas para a produtividade agrícola.
Os efeitos da salinização sobre as plantas podem ser causados por dificuldades de absorção de água pela planta, toxicidade de íons específicos e interferência dos sais nos processos fisiológicos (efeitos indiretos). Eles reduzem o crescimento e o desenvolvimento das plantas e, em alguns casos, ocasionam toxidez semelhante às geradas pelo excesso de adubações.
No solo, os efeitos negativos da salinização são desestruturação, aumento da densidade aparente e da retenção de água do solo, redução da infiltração de água pelo excesso de íons sódicos e diminuição da fertilidade físico-química.
Influência da salinidade para as plantas
As plantas se comportam de maneira diferente, em relação à salinidade. Algumas culturas podem tolerar concentrações de sais relativamente elevadas, outras são extremamente sensíveis. Essa sensibilidade pode variar dependendo da espécie, do cultivar, da fase fisiológica da planta e dos fatores ambientais.
O estresse salino é fator limitante para o cultivo de variedades que são dependentes do nitrogênio fixado por simbiose. Segundo pesquisas, existe uma correlação altamente significativa entre a quantidade de nitrogênio total fixada e o peso de matéria seca dos nódulos, assim como entre o nitrogênio total e o rendimento da parte aérea.
Desse modo, a necessidade de se produzir impõe a recuperação e o manejo desses solos, sendo que, na correção dos solos salinos, podem ser empregados vários corretivos como gesso, enxofre, sulfato de alumÃnio, cloreto de cálcio e ácido sulfúrico. Entretanto, o gesso é o produto mais utilizado, por apresentar menor custo, fácil manuseio e facilidade de ser encontrado no mercado.
A salinização dos solos é, sem dúvida, um dos fatores limitantes da produção agrícola. Os efeitos imediatos da salinidade sobre as plantas são: seca fisiológica, pela redução do potencial osmótico da solução do solo; desequilíbrio nutricional, por elevada concentração iônica e inibição da absorção de outros cátions pelo sódio; e efeito tóxico de elementos como sódio e cloro.
Além dos distúrbios fisiológicos, pode haver variações dos sistemas enzimáticos, utilizados como mecanismos de defesa contra o dano oxidativo causado pela produção excessiva de espécies reativas de oxigênio.
As plantas de cana-de-açúcar, quando cultivadas em solos com grau elevado no teor salÃnico, geralmente apresentam redução significativa no número de folhas e na biomassa fresca. Outras mudanças morfológicas que podem ser citadas são o retardo no crescimento da parte aérea e a redução no tamanho da planta.
Correção exata
Para a correção de solos salinos, a quantidade de gesso necessária dependerá da quantidade de sódio absorvida, da Capacidade de Troca de Cátions (CTC) existentes e da profundidade a ser corrigida.
No momento da aplicação, recomenda-se a aplicação a lanço, a qual poderá ser seguida de incorporação com aração e gradagem, quando em culturas a serem instaladas. Em se tratando de lavouras já instaladas e considerando a maior facilidade de redistribuição do gesso no perfil do solo, esse produto, após aplicação a lanço, poderá ser deixado na superfície.
O gesso deve ser utilizado em áreas onde a análise de solo, na profundidade de 30 a 50 cm, indicar a saturação de alumÃnio maior que 20% e/ou quando a saturação do cálcio for menor que 60% (cálculo feito com base na capacidade de troca efetiva de cátions).
A dose de gesso agrícola é variável, em torno de 700, 1200, 2.200 e 3.200 kg/ha-1, para solos de textura arenosa, média, argilosa e muito argilosa, respectivamente. O efeito residual dessas dosagens é de, no mÃnimo, cinco anos.