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Gestão financeira na cafeicultura

O entendimento completo do custo de produção do café é essencial para que o produtor possa definir suas estratégias de comercialização do café e alcançar maiores lucratividades

Giovani Belutti Voltolini Engenheiro agrônomo, mestre e doutorando – Universidade Federal de Lavras (UFLA/Fronterra)giovanibelutti77@hotmail.com

Caio Eduardo Lazarini Garcia / Luiz Gustavo Silva RabeloEngenheiros agrônomos, consultores especialistas – Educampo e sócios – Fronterra

Crédito: Fronterra

A cafeicultura dos dias atuais não é para aventureiros. A importância do entendimento dessa afirmativa é o divisor de águas entre o sucesso e o fracasso do cafeicultor. Assim, ressalta-se que, com as frequentes adversidades climáticas, a grande volatilidade do mercado do café, maiores pressões de pragas e doenças, aliado à constante evolução no que diz respeito às tecnologias e manejos empregados na cultura, o domínio técnico e gerencial em todas as etapas que envolvem a cadeia produtiva desta comodity é imprescindível para que o cafeicultor tenha rentabilidade e “sobreviva” a momentos de incertezas na cafeicultura.

Nesse sentido, os conceitos atrelados à gestão econômica nas unidades de produção de café muitas vezes são esquecidos, de forma que os envolvidos diretamente no sistema de produção se preocupam somente com a produtividade por área, e não também, ao aporte financeiro realizado para alcançar as produções obtidas.

É claro que um dos fundamentos que sustentam o retorno financeiro ao cafeicultor é a produtividade, porém, esta sustentação também deve ser amparada no custo de produção e no valor agregado de comercialização.

Estratégias

Dessa forma, buscando a formação do elo entre o cafeicultor e os conceitos mais atuais e pensando em uma cafeicultura totalmente empresarial, mesmo que de forma familiar, porém, profissional, algumas estratégias vêm sendo utilizadas para maior capacitação não somente dos cafeicultores, mas também de todos os profissionais que atuam diretamente nas propriedades cafeeiras.

Assim, com a necessidade de melhor entender os componentes de produção, buscando o aprimoramento do cultivo cafeeiro por meio de apontamentos e geração de benchmarks, o Educampo, fruto de uma parceria do Sebrae com diversas instituições que atuam diretamente ligadas os cafeicultores, atua de forma a melhorar os indicadores econômicos das propriedades cafeeiras.

Sobretudo, nesse projeto os cafeicultores são assistidos com conteúdo técnico gerencial, diretamente aplicado e ajustado a sua realidade e nível tecnológico. Assim, os produtores têm acesso à identificação de suas fraquezas e também conseguem identificar suas maiores forças, para que assim possam explorá-las e melhorar a sustentabilidade da sua produção.

Fazendo as contas

Vejamos como exemplo um talhão de café com média de produção de 35 sacas por hectare, com custo total de produção de R$ 17.000,00, e um outro talhão com produtividade de 32 sacas por hectare, porém com custo de R$ 11.500,00. A conta fica fácil, pois apesar de ser quase 10% menos produtivo, o segundo talhão tem um custo 33% mais barato, o que assegura maior retorno financeiro, mesmo com menor produtividade.

Nesse caso, a conta é simples, mas ilustra a realidade de boa parte dos cafeicultores, que na maioria das vezes não sabe quantificar seu custo de produção por saca de café colhido; ou não consegue separar o custo de produção com o fluxo de caixa da propriedade e a vida pessoal do cafeicultor.

Assim, a informação final é o quanto restou ou faltou ao término da comercialização da safra colhida, porém, sem saber os custos por componentes de produção.

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Portanto, a busca de estratégias como as que são aplicadas no projeto Educampo é primordial para que o cafeicultor tenha total entendimento do seu negócio, planeje em curto, médio e longo prazos e assim consiga estabelecer metas e objetivos para cada parte do seu sistema produtivo, com a certeza do quanto foi investimento e o quanto será retornado em um determinado prazo estabelecido.

Rigor na atividade

Por fim, ressaltam-se o rigor e o critério com que os cafeicultores buscam o entendimento na área de gestão dos seus negócios, para que todos os apontamentos e anotações de cada talhão sejam os mais representativos possíveis, e não somente dos desembolsos diretos, pois também devem ser considerados como custos a depreciação dos equipamentos e benfeitorias, além do pró-labore e do custo de oportunidade do capital empatado.

Aos que tiveram o interesse despertado à busca do maior entendimento da sua empresa rural, o projeto Educampo é um “prato cheio”. Quer saber mais? Acessem o site do Sebrae ou entrem contato direto com um consultor especialista para se inteirarem da importância deste projeto e do entendimento da gestão econômica na cafeicultura.

“O entendimento completo do custo de produção do café é essencial para que o produtor possa identificar suas fraquezas e também definir suas estratégias de comercialização do café, com a certeza do que precisa fazer para alcançar maiores lucratividades” – é o que afirma o consultor especialista em cafeicultura do Projeto Educampo há mais de 13 anos, Caio Eduardo Lazarini Garcia.

Importância das pesquisas na cafeicultura

Como mencionado anteriormente, o conhecimento técnico gerencial é muito importante para que os cafeicultores saibam conduzir de forma profissional o seu empreendimento. Porém, na cafeicultura um dos maiores entraves para o acesso a estas informações é que a inserção de novos conceitos é dificultada devido ao fato de que grande parte dos produtores são de agricultura familiar, e muitas vezes não aceitam mudanças bruscas no seu sistema de produção.

Contudo, isso vem mudando com o passar dos tempos, de forma que, em algumas regiões, os cafeicultores são mais abertos às tecnologias e alguns desenvolvem até mesmo protocolos de pesquisas em suas áreas, buscando o melhor entendimento dos seus manejos.

Nesse sentido, algumas instituições de pesquisa já possuem contato direto com os cafeicultores por meio da instalação de experimentos dentro das fazendas dos mesmos, como a Epamig, a fundação Procafé e UFLA.

“A aproximação entre os conceitos técnicos, gerenciais e da pesquisa com os cafeicultores encurta o caminho para que os mesmos possam explorar a excelência na produção do café” – é o que afirma Luiz Gustavo Silva Rabelo, que também é consultor do projeto Educampo e sócio da empresa Fronterra.

“O rigor científico na busca pelas melhores estratégias de manejo na cafeicultura por meio das pesquisas e ensaios de campo, aliado ao interesse do produtor por estes novos manejos, com certeza facilita a vida do cafeicultor e o coloca um passo à frente dos demais” – comenta Giovani Belutti Voltolini, que é consultor científico da Fronterra.

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