21.3 C
Uberlândia
sexta-feira, novembro 22, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosHortifrútiGotejamento aumenta produtividade dos citros

Gotejamento aumenta produtividade dos citros

Crédito Koppert

Ana Claudia Costa
anaclaudia.costa@ufla.br
Leila Aparecida Salles Pio
leila.pio@ufla.br
Professoras do curso de Agronomia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)

Na maior parte do Brasil, o volume anual de chuvas é insuficiente para atender as demandas das plantas cítricas. Longos períodos de estiagem e consequente estresse hídrico às plantas geram grandes perdas de produção.
O estresse hídrico pode afetar a produção de citros em todas as fases de desenvolvimento e o problema pode ocorrer antes de quaisquer sintomas visuais aparecerem. A disponibilidade de água influencia significativamente a floração e frutificação, podendo afetar a queda de frutos, tamanho dos frutos, produtividade, composição química dos frutos e desenvolvimento da copa.
Assim, a irrigação consiste em uma ferramenta importante para o incremento da produção na citricultura.

Evolução do sistema

Há alguns anos, a irrigação era utilizada exclusivamente na produção de frutas cítricas destinadas ao consumo in natura, entretanto, este cenário vem se modificando e, cada vez mais, os produtores de frutas destinadas à indústria também têm adotado a irrigação em função dos acréscimos de produção proporcionados.
Um dos fatores a serem considerados no momento de optar pela técnica é a necessidade de adoção de práticas para proporcionar o uso racional da água e considerar que a resposta das plantas à irrigação depende das demais práticas culturais realizadas no pomar, ou seja, do potencial produtivo da área.
Semelhante ao que ocorre com as culturas agrícolas em geral, a necessidade hídrica dos citros varia conforme o estádio fenológico das plantas. Na brotação, emissão de botões florais, frutificação e início de desenvolvimento dos frutos (da brotação até o fruto atingir 2,5 a 3,0 cm de diâmetro, período que ocorre divisão celular dos frutos), há maior demanda de água e as plantas são muito sensíveis ao déficit hídrico nesse período. Na fase de maturação, colheita e repouso a demanda hídrica é menor.

Direto ao ponto

De forma geral, a irrigação deve atender especialmente as necessidades hídricas nos períodos críticos ao déficit hídrico. Dessa forma, a tecnologia de irrigação, para produzir o efeito desejado quanto à produtividade e à qualidade dos frutos, deve seguir alguns critérios técnicos que, muitas vezes, são desconsiderados pelos citricultores.
Assim, o manejo adequado da irrigação deve racionalizar o uso de mão de obra, energia e água e evitar problemas fitossanitários ocasionados por aplicações excessivas ou deficientes e o possível desperdício de nutrientes.

Anote aí

A decisão de investir na tecnologia da irrigação deve ser antecedida de criteriosa análise econômica. O custo adicional de produção, em função da implantação da irrigação, deve ser compensado pelo acréscimo de produtividade.
Um fator importante a ser considerado é a idade do pomar para iniciar a irrigação. Embora a maior parte dos citricultores iniciem a irrigação quando o pomar se encontra com três anos, o ideal é adotar a irrigação desde o plantio, aumentando a capacidade produtiva da planta.

Benefícios

Além do benefício direto do uso da irrigação em pomares cítricos, ou seja, o aumento da produção por área, benefícios indiretos podem ser citados: possibilidade de escalonamento da produção (indução de estresse hídrico para manejo de florada), ofertando produtos na entressafra; aproveitamento de áreas antes consideradas impróprias para os citros; viabilização da fertirrigação.
Para o correto manejo da água na cultura dos citros, devem ser considerados fatores climáticos (precipitação pluviométrica e a demanda evapotranspirativa do ambiente), do solo (capacidade de armazenamento de água no solo, textura, profundidade, além da presença de impedimentos físicos ou mecânicos) e características específicas da planta cítrica que se está irrigando (eficiência de uso de água, profundidade do sistema radicular, períodos críticos à falta de água, entre outros).
As características da planta variam de acordo com a espécie considerada, combinação copa/porta-enxerto, idade e adaptação ao ambiente.

Métodos de irrigação

Os métodos de irrigação por superfície são considerados de baixa eficiência e demandam grandes volumes de água. A irrigação por aspersão sobrecopa e subcopa proporciona 100% de molhamento da área cultivada, não impondo limitação ao pleno desenvolvimento das raízes.
Nesse método não se deve esperar elevados coeficientes de uniformidade de distribuição de água e deve-se tomar cuidado no período de floração, quando o impacto da água dos aspersores pode provocar queda de flores.
Os sistemas de irrigação localizada, como gotejamento e microaspersão, são os mais eficientes, requerem baixa pressão, apresentam facilidade de operação e bom controle sobre a umidade e aeração do solo. A área molhada (Pm), nesse caso, deve estar entre 33 e 67%, sendo que, em regiões de precipitação considerável (acima de 1.200 mm), valores de Pm inferiores a 33% são aceitáveis para solos de textura média a fina, ou seja, solos siltosos e argilosos.
Por outro lado, a Pm deve ser mantida inferior a 67%, de forma a evitar umedecimento desnecessário entre as linhas de plantio, facilitando as práticas culturais.
Para plantas cítricas, sugere-se instalar dois gotejadores por planta após o plantio e, quando mais desenvolvidas (a partir de 12 meses), deve-se instalar pelo menos quatro gotejadores por planta dispostos ao redor do tronco com a linha lateral em anel, sendo que em solos de textura média a arenosa deve-se instalar de cinco a seis gotejadores por planta.
A irrigação por gotejamento geralmente apresenta maior custo x benefício, com economia de água na ordem de 40 – 60% em relação aos sistemas de sulcos e aspersão e até 30% em sistemas de aspersão sub-copa (Azevedo, 2003).
A microaspersão se adapta melhor aos solos arenosos, que aparentemente assegura maior área molhada à planta. Os microaspersores podem ser dispostos próximos às plantas ou entre as plantas na fileira.
O consumo anual de água pelas plantas cítricas varia de 900 a 1.300 mm, com valor médio anual de 2,5 a 3,6 mm/dia, sendo a irrigação completar às chuvas de 280 a 600 mm/ano. No Estado de São Paulo, o consumo de água aproxima-se de 3 mm.dia-1 em pomares irrigados e de 1,5 mm.dia-1 nos não irrigados. Dados de diferentes regiões do mundo mostram que o consumo dos citros no período de inverno é de 1,5 mm.dia-1 e no período de verão é de 3,2 a 4,7 mm.dia-1.

ARTIGOS RELACIONADOS

Nutrição equilibrada do pepineiro

Douglas José Marques Professor de Olericultura e Melhoramento Vegetal da Universidade José do Rosário Vellano (Unifenas) douglas.marques@unifenas.br Hudson Carvalho Bianchini Professor de Fertilidade do Solo da Unifenas Como qualquer...

Produção de pimentão em estufas

O pimentão é cultivado por todo o Brasil, sendo os principais Estados produtores Minas Gerais e São Paulo, com 40% de todo o volume nacional.

DuPont mostra tecnologias de ponta

A DuPont Proteção de Cultivos participou do Seminário do Café e teve entre os destaques o portfólio de tecnologias da companhia para o cafeeiro,...

Simpósio IPNI Brasil

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!