Bruno Henrique Novaes Mármore
brunohnovaesm@outlook.com
Alehando Lopes Gamas
alehandolopesgamas@gmail.com
Graduandos em Engenharia Florestal – Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
Nilton Cesar Fiedler
Doutor e professor – UFES
niltoncesarfiedler@yahoo.com.br
Muitas são as discussões acerca de quais máquinas devem ser utilizadas durante a colheita florestal, quando se pensa em um sistema mecanizado.
Neste âmbito, máquinas potentes como: Harvester, Feller-Buncher, Skidder, Forwarder e tratores adaptados surgem como possibilidade para o produtor ou empresa, que deverão realizar a aquisição mediante a compatibilidade das máquinas com o sistema de colheita pré-determinado para sua área produtiva e a capacidade de operarem em conjunto, para maximizar sua produtividade.
Para isso, geralmente, empreendimentos florestais necessitam de, no mínimo, duas máquinas, que sejam habilitadas a contemplar todas as etapas da colheita florestal, desempenhando funções fundamentais nas fases de corte e extração de madeira.
Próximo passo
Ao passo que inovações tecnológicas influem no setor e afetam, diretamente, todas as vertentes do sistema produtivo florestal, novas máquinas surgem para atender às demandas do mercado e à uma perspectiva mais sustentável de produção.
Entre elas, a mais recente criação da Ponsse, em parceria com a Klabin, a Harbunk emerge como uma solução para quem busca uma supermáquina, capaz de realizar todas as atividades de colheita, desde o corte e processamento à extração, e tornar seu processo produtivo economicamente mais viável e ambientalmente mais correto.
Sistemas de colheita
No Brasil, a classificação dos sistemas de colheita existentes se dá mediante a proposta da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que distribui os modelos da seguinte forma:
– Sistemas de árvores inteiras (“Full tree”), em que a árvore inteira é derrubada e extraída da área de corte, sem sofrer qualquer tipo de processamento no interior do talhão;
– Sistemas de toras curtas (“Cut-to-lenght”), em que o corte e processamento da madeira, incluindo seu traçamento em toras menores, ocorre no interior do talhão;
– Sistemas de toras compridas (“Tree-lenght”), em que, após derrubada, a árvore sofre um semi-processamento na área de corte, sem que ocorra seu traçamento;
– Sistemas de árvores completas (“Whole-tree”), em que a árvore é derrubada desde sua copa até a raiz e extraída do talhão;
– Sistemas de cavaqueamento (“Chipping”), em que toda a madeira cortada é processada dentro da própria área, com o auxílio de outras máquinas (como o picador), e é transportada em forma de cavaco para a indústria.
Inovações no sistema
O desenvolvimento desta máquina proporcionou à Klabin a experimentação do sistema de árvores inteiras, devido às características operacionais e tecnológicas presentes na Harbunk, diferentemente do que máquinas como Harvester, Forwarder e até mesmo o Harwarder oferecem a um empreendimento no quesito produtivo, já que se adequam apenas a um sistema de toras curtas, tendo em vista seus aparatos e implementos acoplados.
Dessa maneira, a empresa poderá avaliar o desempenho e os índices produtivos do novo autômato e comparar se há ou não ganho em produtividade ao se usar esta máquina e se é uma alternativa viável a adoção de um sistema de colheita novo para suas áreas de produção.
Benefícios econômicos
A Harbunk, ao realizar corte e extração, dispensa a utilização de uma máquina auxiliar que realize quaisquer uma destas atividades, o que, para a empresa ou para o produtor, representa um menor custo de aquisição de maquinário.
Isso porque precisará comprar apenas uma máquina para realizar mais de uma atividade, e também representa uma redução de custos fixos ou variáveis, como manutenção e reparos, combustível e lubrificação, a própria depreciação da máquina (já que ocorrerá em apenas uma) e custos administrativos, pois será necessário apenas um operador para, por exemplo, realizar a derrubada e a extração de uma árvore.
Em um sistema “Full tree” que adotasse máquinas como Feller e Skidder, dois operadores seriam necessários e, consequentemente, aumentariam os gastos da empresa com salários e encargos trabalhistas.
Portanto, sob um ponto de vista econômico, a Harbunk é uma opção atrativa e que justifica o investimento do produtor em sua aquisição.
Desafios de uso
A mão de obra, por sua vez, também pode ser vista como um ponto negativo no aspecto operacional, tendo em vista que deverá ser especializada.
Por ser uma máquina de recente criação, as empresas e produtores não terão à disposição profissionais que já estejam devidamente capacitados para trabalhar na Harbunk. Portanto, será necessária a oferta de um treinamento de capacitação para os operadores, visando adequá-los às novas funções que deverão desempenhar dentro do sistema de colheita.
Um operador habilitado a operar um Harvester, por exemplo, deverá aprender a operar uma garra pinçadora semelhante ao de um Skidder, enquanto operadores habilitados a operar um Skidder deverão se capacitar a operar um cabeçote Harvester.
Benefícios logísticos
Há um ganho logístico ao se utilizar a Harbunk, pois o produtor não precisará transportar duas máquinas para o talhão em que será realizado o trabalho, o que reduz o tempo de deslocamento e aumenta, em teoria, a disponibilidade mecânica da máquina.
Isso porque a mesma poderá operar por mais tempo na área a ser colhida, com o tempo determinado para realizar o processo de transporte de maquinário para outro talhão sendo reduzido devido ao fato de que apenas uma máquina será transportada.
Assim, ganha-se em período produtivo, pois menos tempo será dedicado ao realocamento da máquina, e, consequentemente, em eficiência do sistema e produtividade.
Benefícios ambientais
Uma das principais atribuições ao setor florestal, hoje, diz respeito ao seu papel fundamental nos planos de descarbonização a nível mundial, visando a mitigação das mudanças climáticas.
Neste aspecto, a Harbunk também apresenta benefícios. Basta pensar que antes, aonde haveriam duas máquinas emitindo CO2 para a atmosfera e promovendo acréscimos constantes aos gases de efeito estufa (GEEs) durante toda a jornada de trabalho, haverá uma, se adotada a Harbunk no sistema de colheita.
Sabe-se que, apesar da importância imensurável da plantação de florestas frente ao cenário das mudanças climáticas, a redução de emissão é um fator que também deve ser levado em consideração ao se falar sobre mitigação.
E, por isso, a Harbunk apresenta-se como uma solução sustentável para empreendimentos florestais que objetivam se adaptar à demanda global de redução na emissão de GEEs.
Diminuição de riscos
Além de todas as vantagens já citadas anteriormente, a Harbunk também possui a característica de ser capacitada a trabalhar nos mais diversos tipos de áreas, de topografia plana a ondulada, graças ao sistema de rodados utilizado na máquina, que permite o acoplamento de esteiras aos seus rodados pneumáticos, que garantem maior estabilidade ao se trabalhar neste tipo de terreno.
Tal característica evita acidentes de ordem florestal que poderiam ocorrer se a máquina fosse posta para operar em declividade sem possuir capacidade estrutural para isso, como seria o caso de se trabalhar com um Skidder para realizar a extração de madeira em áreas declivosas.
Em uma fase caracterizada por seus riscos associados ao tombamento de máquinas e quedas de árvores, a adoção de uma máquina que garante segurança ao operador e ao empreendimento é de vital importância.