Autores
Danielle Carla dos Santos
daniellecarla13@gmail.com
Isabella Alves da Rocha
isabellaAlves2015@outlook.com
Graduandas em Engenharia Agronômica – UNESP/ FCAT
Pâmela Gomes Nakada Freitas
Engenheira agrônoma e professora assistente, UNESP/ FCAT
pamela.nakada@unesp.br
Os híbridos são caracterizados por serem um material mais homogêneo, consequentemente, proporcionando uma maior uniformidade no produto. A utilização desse material proporciona, além de uma maior produtividade e melhor flexibilidade de colheita, uma maior adaptação a temperaturas elevadas, sendo esse o principal causador de anéis brancos, fazendo com que haja uma coloração mais homogênea interna e externamente e um melhor aproveitamento comercial das raízes.
Os anéis brancos são uma anomalia fisiológica. Por meio um corte transversal são observados círculos concêntricos que formam anéis de coloração mais clara, ou até mesmo realmente brancos, alternados com anéis de coloração purpúrea.
A presença desses anéis indica que a planta foi cultivada em condições climáticas com maior umidade do ar e temperatura elevada, que causam mudança no sabor, tornando-o menos doce, e é considerado como ausência de qualidade, desvalorizando o produto.
Manejo acertado
Devido às altas precipitações pluviais nos meses de dezembro a março, os produtores vêm utilizando a produção de mudas em bandejas, de poliestireno expandido (isopor) ou plástico rígido, dentro de estufas agrícolas, garantindo, assim, proteção às chuvas, podendo ser produzidas na propriedade pelo próprio agricultor ou adquiridas em viveiros.
Este método traz alguns benefícios para a planta cultivada no verão, como: redução do tempo da planta no campo, ficando assim menos exposta a condições desfavoráveis, maior facilidade para irrigações e pulverizações iniciais, menos falhas na população, maior aproveitamento das sementes híbridas e aumento da homogeneidade das plantas.
A escolha da variedade ou híbrido também deve ser levada em consideração. Antes a época de cultivo da beterraba era restrita aos meses de temperaturas amenas em razão da maioria dos materiais serem de origem europeia, mas, após a chegada dos híbridos no final da década de 80, tornou-se possível realizar o cultivo durante o ano todo, sob a condição de que o material seja escolhido corretamente em função da época de cultivo.
Cuidados
A preparação dos canteiros também requer um cuidado necessário, visto que no verão, quando as precipitações são mais elevadas, os canteiros devem ser mais altos, facilitando a drenagem. A densidade do plantio também deve ser levada em consideração, pois utilizar maiores espaçamentos faz com que diminuam as condições ideais de patógenos.
O produtor também deve estar atento ao preparo adequado do solo, este devendo ter pH entre 6,0 e 6,8 para garantir uma maior produtividade, e na adubação podendo ser utilizados produtos denominados fosfitos, que possuem elevada atividade fungicida, e aplicações de fósforo, que promovem desenvolvimento rápido e contínuo da parte tuberosa.
Para a preparação do solo é recomendada a calagem 30 dias antes da adubação. Adição de N, P2O4 e K2O mais esterco, adubação de cobertura e pulverização, respeitando o tipo de solo, levando em consideração os resultados de análise de solo e a recomendação do produto, depois incorporá-los pelo menos 10 dias antes do plantio.
O plantio pode ser via semente ou muda. Se usada a semente, esta deve ser colocada a 01 ou 02 cm de profundidade, com o espaçamento de 20 – 30 cm entrelinhas e 10 cm entre plantas, necessitando de 9 – 10 kg/ha de sementes comerciais.
No caso das mudas, deve-se transplantá-las com 20 dias após a semeadura e utilizar, em média, 01 – 02 kg/ha. A época de plantio varia de acordo com a região e altitude, entre os meses de fevereiro e junho.
Colheita
A colheita deve ser feita de acordo com o sistema de plantio. Para plantio via semente, 60 – 70 dias após a semeadura, e via mudas de 90 – 100 dias após o transplante.
A planta deve ser desbastada, devido à presença de mais de uma semente por glomérulo, em plantas com cinco a seis folhas. Deve ser irrigada, dando preferência para irrigações fracionadas durante o dia ao invés de uma intensa. Este trato é indispensável, pois o estresse hídrico reflete na diminuição da produção, pois torna a raiz lenhosa. Colocar cobertura morta quando o plantio for via muda.
Erros
Os erros mais frequentes normalmente estão ligados ao fato de o produtor não se atentar a condições favoráveis ao cultivo, como tipo de solo adequado, época de plantio, adubação correta e, no caso dos anéis brancos, temperatura e umidade do ar adequadas, sendo que estas, estando elevadas, favorecem a anomalia.
Esses erros devem ser evitados a partir de avaliações específicas para o cultivo, como análises de solo, uso de adubações indicadas, respeitando o momento e a dose correta, espaçamento do canteiro e monitoramento da temperatura. O produtor também deve levar em conta a escolha da cultivar ou híbrido e se atentar às suas particularidades.
Custo
O custo total de produção da beterraba é de cerca de R$ 19.068,71 por hectare. O produtor pode optar por dois sistemas de implantação da cultura – o direto, que necessita de cerca de 10 kg de sementes por hectare, ou o sistema de mudas em bandeja, que necessita de 1,0 – 2,0 kg de sementes por hectare.
É importante lembrar que os valores são variáveis de acordo com o clima, incidência de pragas e doenças, tipo de solo e produtividade final.
A produtividade média no Brasil é de 33.000 kg/ha. Normalmente a produtividade é maior no inverno que no verão, devido a falhas na população de plantas pelas chuvas e ocorrência de tombamento (“damping off”) e pela maior incidência de doenças foliares, principalmente mancha de cercóspora ou cercosporiose.
Considerando-se que o preço médio de venda é de R$ 2,30/kg, haverá lucro se proporcionar pelo menos 8.290,40 kg por hectare, o que é facilmente alcançado se comparado com a média brasileira (quatro vezes maior).