Jean de Oliveira Souza
Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia/Produção Vegetal – Unesp
jeanosouza2030@gmail.com
O oídio, causado por duas espécies de fungos, o Oidium neolycopersici e o Oidiopsis haplophylli, também conhecido como “cinza”, é uma doença bastante comum em folhas de tomateiro (Solanum lycopersicum L.).
Mesmo não estando entre as mais destrutivas, tem merecido maior atenção dos tomaticultores pelo fato de estar ganhando importância devido ao aumento do cultivo protegido, onde a temperatura é mais elevada, causando problemas sérios nesta cultura, nos últimos anos.
Condições favoráveis e sintomas
No Brasil, o oídio é uma doença relativamente comum nos anos de inverno seco, mas é raro causar danos à cultura em condições de campo. Entretanto, com o incremento do cultivo protegido e da área irrigada por gotejamento, o oídio assume maior importância.
Nas condições de campo, o fungo afeta tanto a superfície inferior como a superior das folhas, acometendo os pecíolos, caule e cálices, com presença de micélio e estruturas de frutificação assexuada do patógeno, conferindo o característico aspecto pulverulento de cor branca a cinza.
Em estágios mais avançados da doença, os tecidos próximos apresentam clorose e, finalmente, necrose.
Danos
As infecções severas conduzem as plantas à senescência prematura, desfolha e redução do número e tamanho de frutos. Com a intensidade do ataque, ocorre redução significativa da área fotossintética da planta, reduzindo assim a produtividade e a qualidade dos frutos do tomateiro.
Medidas eficientes de controle
– Na instalação de novos cultivos, principalmente sob ambiente protegido, deve ser levado em conta o isolamento, pela distância ou barreiras físicas, de plantas de tomate, pimentão ou outras hospedeiras atacadas pela doença, pois os esporos do fungo são eficientemente disseminados pelo vento.
– Emprego de fungicidas aplicados preventivamente ou após o aparecimento dos primeiros sintomas.
– Embora não existam fungicidas registrados para o controle da doença para a cultura do tomateiro, há vários fungicidas, principalmente triazois e estrobirulinas registrados para controle de outras doenças foliares do tomateiro e que têm efeito sobre os oídios.
– Uso de híbridos resistentes é a alternativa mais eficiente e segura para o controle da doença, pois reduz os custos de produção e evita danos à saúde humana, sendo uma forma ecologicamente mais recomendada pelos efeitos benefícios ao meio ambiente, devido à diminuição da necessidade de usar fungicidas para o controle.
– Reflexos: redução nos custos de produção e menor impacto ambiental, decorrente do não uso desses agroquímicos para o controle da doença.
Genética
A busca pela obtenção e desenvolvimento de híbridos resistentes tem sido um trabalho primordial na rotina dos melhoristas, visto que é uma prática de manejo mais eficiente, além da facilidade e disponibilidade dos híbridos estar ao alcance dos produtores.
A resistência ao oídio é controlada por um único gene dominante, o que facilita os trabalhos de melhoramento de genético na introgressão desse gene em novos genótipos para a obtenção de cultivares resistentes.
Os híbridos resistentes, além de conferirem melhor controle no manejo das doenças, proporcionam também melhor comportamento produtivo e qualitativo.
Evolução
Apesar da existência de boas fontes de resistência ao oídio no germoplasma do tomateiro, como os genótipos desenvolvidos na Embrapa Hortaliças CNPH 1287 e o CNPH 423, no Brasil existem poucas cultivares comerciais resistentes ao oídio.
Esse híbrido, além da alta rentabilidade e do sabor mais doce, é muito resistente ao fungo oídio em todos os ciclos de produção, principalmente sob sistema de cultivo protegido, além de ser resistente a altas temperaturas.
No Brasil, este é o sistema de produção mais comum, quando se trata de tomates tipo grape. O cultivo protegido oferece frutos de melhor qualidade, com possibilidade de produção na entressafra, além de considerável redução no uso de defensivos agrícolas para o controle de doenças fúngicas.
O oídio é uma doença muito importante na exploração do tomateiro, principalmente em cultivo protegido, sendo o manejo mais eficiente o uso de híbridos resistentes, que garante a redução dos custos de controle além de baixo impacto ambiental.
Disponibilidade
Atualmente, são raros ou inexistentes as cultivares resistentes ao oídio para cada tipo de tomate predominante no mercado, havendo a necessidade de avanços em programas de melhoramento genéticos na obtenção de outros híbridos resistentes, para aumentar o leque de opções à disposição dos produtores e atender à demanda cada vez mais diversificada.