Joyce Rayane Carlos Gomes
Graduanda em Engenharia Florestal – Universidade Federal do Paraná (UFPR)
joyce-rayane2@hotmail.com
Ageu da Silva Monteiro Freire
ageufreire@hotmail.com
Kyvia Pontes Teixeira das Chagas
kyviapontes@gmail.com
Doutorandos em Engenharia Florestal – UFPR
Nos últimos anos, boa parte da sociedade já tem conhecimento sobre a importância de se manter áreas de florestas preservadas, mantendo o meio ambiente equilibrado. A relação dos seres humanos com a natureza sempre foi descrita na história e principalmente nas últimas décadas, em que vem ocorrendo mudanças drásticas no planeta, ocasionando na degradação de muitas espécies.
A relação com plantas medicinais também sempre foi relevante para a evolução dos humanos, porém, muitas espécies da flora necessitam de mais estudos para podermos desvendar seu potencial ecológico e econômico, e referindo-se às plantas medicinais, é importante descrever seus compostos químicos e aplicação farmacológica e medicinal.
Sucupira branca
O extrato da sucupira branca (Pterodon pubescens (Benth.) Benth.), árvore nativa do Brasil, presente na Amazônia, Caatinga, Cerrado e Pantanal, típica de vegetação de Cerrado, tem sido destaque.
Suas estruturas são utilizadas na medicina popular e científica, como exemplo de um estudo etnobotânico no Mato Grosso e outro em Brasília, que obtiveram resultados promissores no uso do extrato de sucupira como agente cicatrizante em úlceras crônicas de pacientes com lesões causadas pela doença.
As propriedades medicinais da sucupira incluem atividades anti-inflamatórias, analgésicas e cicatrizantes, frequentemente utilizadas no tratamento de condições como reumatismo, artrite, artrose e dores crônicas.
A partir de estudos fitoquímicos, foram verificados diversos compostos presentes na planta, como alcaloides, flavonoides, isoflavonas, diterpenos, triterpenos, farnesol, sesquiterpenos e derivados de compostos vouacapânicos e não vouacapânicos. Esses compostos possuem ação terapêutica sobre feridas e lesões cutâneas, contribuindo para a regeneração e cicatrização dos tecidos.
O extrato de sucupira branca é utilizado como agente cicatrizante por meio da aplicação tópica em feridas e úlceras crônicas. Ele é preparado a partir das partes da planta, como cascas, raízes ou sementes, que são maceradas ou submetidas a técnicas de extração para obter os princípios ativos.
Os resultados promissores apresentados no estudo realizado pelos estudantes de Enfermagem do CEUB referem-se à observação de uma melhora significativa na cicatrização de úlceras crônicas de pacientes com lesões causadas por doenças.
O extrato de sucupira branca foi aplicado de forma tópica nessas lesões e demonstrou eficácia no aceleramento do processo de cicatrização e após quatro semanas de aplicação do extrato, observou-se uma taxa de cicatrização de 36,72%.
Ademais, a úlcera retraiu-se, formou-se tecido cicatricial e houve diminuição no exsudato e no odor característico de feridas crônicas. Ainda, o extrato de sucupira branca também demonstrou atividade analgésica local, o que pode proporcionar alívio da dor associada às úlceras crônicas.
A dor prolongada pode levar à liberação de hormônios do estresse que inibem a cicatrização e afetam negativamente o bem-estar geral dos pacientes. Ao reduzir a sensação de dor, o extrato pode contribuir para uma melhor qualidade de vida durante o processo de cicatrização.
Recomenda-se que o extrato de sucupira seja aplicado de forma tópica, diretamente sobre a área afetada, com a orientação de um profissional de saúde qualificado. A frequência e a dosagem devem ser determinadas de acordo com a gravidade da lesão e a resposta individual de cada paciente.
Potencial do extrato da sucupira branca
Os próximos passos para a pesquisa acerca do potencial cicatrizante do extrato de sucupira branca compreendem a condução de estudos clínicos controlados em uma amostra mais ampla de pacientes, com o objetivo de avaliar de forma sistemática sua eficácia em comparação a abordagens terapêuticas convencionais.
Adicionalmente, essas investigações visarão aprofundar o entendimento sobre os mecanismos de ação subjacentes, com ênfase na identificação dos compostos bioativos envolvidos e nas interações moleculares que contribuem para o processo de regeneração cutânea.
Por meio dessas iniciativas científicas, será possível fornecer evidências robustas e embasadas para fundamentar a incorporação do extrato de sucupira branca na prática clínica, contribuindo significativamente para a promoção da saúde e o avanço dos tratamentos em feridas e lesões cutâneas crônicas.
Embora o estudo mencionado tenha se concentrado no uso do extrato de sucupira branca para úlceras crônicas, é possível que suas propriedades cicatrizantes sejam aplicáveis a outros tipos de lesões cutâneas. Entretanto, mais pesquisas são necessárias para avaliar sua eficácia em diferentes condições.
Também é importante ressaltar que sejam realizados estudos voltados para a conservação da espécie, aliando o uso sustentável para que ela não venha a sofrer ameaças de extinção, visto que espécies medicinais com uso popular muitas vezes possuem um extrativismo predatório.
