Autores
Bruno Novaes Menezes Martins
Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia/Horticultura – UNESP
brunonovaes17@hotmail.com
Veridiana Zocoler de Mendonça
Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia/Energia na Agricultura
Letícia Galhardo Jorge
Bióloga e mestranda em Botânica – IBB/UNESP
O melhoramento genético de plantas é uma ferramenta na área agronômica que auxilia no desenvolvimento de cultivares com maiores produtividades, resistentes e/ou tolerantes a pragas e doenças e adaptadas a diferentes condições edafoclimáticas.
Não diferente de outras culturas, para a cenoura vem ocorrendo uma substituição de cultivares convencionais por híbridas, que por meio das técnicas de melhoramento genético são capazes de expressar as características desejáveis pelo cruzamento e seleção de diferentes variedades.
Produtividades
No Brasil, a média de produtividade da cenoura é de 30 t ha-1. No entanto, produtividades entre 60 e 90 t ha-1, no cultivo de verão e inverno, respectivamente, são obtidas em regiões tradicionais no cultivo da cultura. As principais regiões produtoras encontram-se nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Bahia.
Segundo dados da Conab, no estudo de agosto de 2018, os principais municípios do País na quantidade ofertada para as Ceasas são: Piedade (SP), São Gotardo (MG) e Rio Paranaíba (MG), com 3.872 t, 3.289 t e 2.705 t, respectivamente.
Tecnologias de ponta
Os híbridos são a principal tecnologia para expressar alta produtividade, contudo, por serem materiais genéticos altamente selecionados, somente responderão positivamente se aliados a melhorias nas condições de cultivo.
O preparo do solo com calagem em quantidade, época e profundidade adequadas é o ponto de partida para uma safra satisfatória. A adubação deve ser realizada com base nas necessidades de fertilidade mediante a análise do solo, bem como a irrigação no momento e em quantidade corretas ajudam a garantir o bom desenvolvimento da cultura.
Outro aspecto relevante é o preparo do solo a fim de eliminar o impedimento mecânico ao bom desenvolvimento das raízes, como os torrões e pé-de-grade. Portanto, é o manejo cultural que garantirá a performance positiva do material vegetal.
Melhoramento genético da cenoura
A utilização de híbridos permite a uniformidade do material vegetal e consequente produtividade mediante condições adequadas de cultivo. Além da uniformidade e aumento da produção, o melhoramento genético da cenoura também apresenta outra vertente – elevar o teor de betacaroteno (composto do grupo dos carotenoides).
A cenoura é uma das poucas plantas capazes de acumular alfa e betacaroteno, que são as duas formas principais de pró-vitamina A. O betacaroteno é um potente antioxidante encontrado em vegetais de coloração predominantemente alaranjada, como a cenoura.
A vitamina A é importante para o crescimento e diferenciação dos tecidos de vários órgãos, em especial os olhos. Em regiões onde o acesso a alimentos em quantidade e diversidade adequadas é limitado, a qualidade nutricional dos alimentos ofertados ganha destaque.
Cultivares de cenoura com maior produtividade
O cultivo de cenoura pode ser realizado durante todo o ano, entretanto, existem cultivares que são utilizadas no plantio, tanto no verão como no inverno. As principais cultivares de cenoura disponíveis atualmente no mercado somam 18, com produtividades que variam de 25-80 t/ha.
De acordo com os dados obtidos pelo Centro de Pesquisas Econômicas da ESALQ, a produtividade média da cenoura de verão é muito inferior à cenoura de inverno, estando em torno de 50 t/ha, com retorno bruto de R$ 40.000,00, enquanto o cultivo de inverno é muito mais produtivo, podendo alcançar 80 t/ha nos meses de outubro/novembro, com retorno bruto de R$ 64.000,00.
Convencionais x híbridas
Segundo o pesquisador da Embrapa Hortaliças, Agnaldo Carvalho, cultivares de cenoura de polinização aberta apresentam normalmente produtividade entre 46 a 52,2 t/ha. Já com o uso de sementes híbridas, essa produtividade pode alcançar entre 69,6 a 72,5 t/ha, ou seja, uma produtividade superior a 40%. Entretanto, nos últimos anos tem-se obtido produtividades de até 87 t/ha.
Em regiões mais tecnificadas e que usam sementes híbridas, pode-se alcançar produtividade de até 95 t/ha. O custo dos híbridos é variável e dependerá do material a ser utilizado pelo produtor. Valores giram em torno de R$ 1.300,00 a R$ 4.100,00 o balde com 10 kg (cotação: 2018). A produção excedente normalmente paga com folga os custos com a obtenção das sementes híbridas.