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Hidroponia da UFSC dá frutos pelo Brasil afora

Com mais de duas décadas de atividade, LabHidro foi o primeiro laboratório do gênero do país e ajudou a impulsionar a técnica entre os brasileiros.

Um trabalho pioneiro que dá cada vez mais frutos. Frutos, frutas e verduras. Primeiro laboratório de hidroponia do Brasil, o LabHidro da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) agora conta com um projeto institucional para alavancar ainda mais a produção e o conhecimento. “Este projeto representa a realização de um sonho do Laboratório de Hidroponia. Por anos, trabalhamos para manter a horta de cultivo hidropônico para demonstração da tecnologia – já que era uma novidade mundial – e para geração de conhecimentos”, lembra o professor Jorge Luiz Barcelos Oliveira, supervisor do LabHidro. “Entretanto, tínhamos uma enorme dificuldade: como plantar e replantar ao longo do ano se os recursos financeiros na universidade costumam ser escassos? Como escoar o excedente da produção, uma vez que as plantas crescem diariamente e logo, logo chegam ao ponto de colheita?”, lembra o professor.


A execução do projeto conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (Fapeu). “A prestação de contas é feita através da Fapeu, que mantém transparência de tudo que é arrecadado e comprado”, destaca o coordenador. Localizada na sede do Centro de Ciências Agrárias, no Bairro Itacorubi, em Florianópolis, a Horta Hidropônica do LabHidro foi inaugurada em agosto de 1998, após dois anos de construção, e faz parte do Departamento de Engenharia Rural.

“Com a aprovação do projeto institucional da Horta Hidropônica na UFSC, as atividades de ensino, pesquisa e extensão devem fluir com mais facilidade. Uma alegria para quem antes tinha muita dificuldade para adquirir até mesmo o insumo básico. Com os próprios recursos gerados, a Horta tende a se tornar cada vez mais estruturada”, projeta Jorge Barcelos. O dinheiro das vendas dos excedentes retorna para o LabHidro para ajudar na manutenção da estrutura, das atividades e na busca de novos equipamentos.

Orgulho

A principal estufa agrícola das verduras soma 300 metros quadrados (10 metros x 30 metros), com potencial de produção equivalente a, no mínimo, um hectare de cultivo de campo por ano. Mas, como a horta tem diferentes objetivos, dentro do âmbito de ensino, pesquisa e extensão, as bancadas de cultivo estão dispostas de forma mais espaçada, resultando em uma produção inferior à média.

“Tínhamos dificuldade de escoar a produção. Quando a comunidade vinha visitar a horta hidropônica havia o problema de como formalizar a venda. Os dois lados ficavam frustrados. Isso dificultava, inclusive, o planejamento da horta. Agora, estamos em um processo de aprendizagem, dando os primeiros passos, observando o interesse pelos produtos e, assim, ajustando a logística das atividades internas da horta”, observa o professor, diante deste novo momento, com a possibilidade de comercializar o excedente da produção. “A sensação de ter superado o obstáculo da formalização do projeto institucional que prevê a venda dos excedentes é algo sem igual”, comemora o professor.

Os produtos agrícolas normalmente cultivados na horta são verduras, como alface e rúcula, e hortaliças de fruto, como tomate, pepino, pimenta, além de alguns pés de frutas de jabuticaba, pitaya, physalis. Tudo hidropônico. E o retorno da comunidade tem sido além da expectativa. “É uma satisfação ver a alegria das pessoas agora, com a possibilidade de poderem comprar o produto, mesmo que seja em pequena quantidade. Visivelmente, se orgulham de estar levando um produto que foi cultivado na Universidade Federal de Santa Catarina, um produto limpo, sem agrotóxicos e de boa apresentação. Um produto que passou pela “mão” de professores, técnicos e alunos, resultado de muita pesquisa e, então, apresentado para a comunidade”, diz, orgulhoso, o professor Barcelos.

Ciência

A hidroponia é a ciência de cultivar plantas sem solo, na qual as raízes recebem uma solução nutritiva balanceada que contém água e todos os nutrientes essenciais ao desenvolvimento da planta. Na hidroponia, as raízes podem estar suspensas em meio líquido ou apoiadas em substrato inerte (areia lavada, por exemplo). “O projeto da Horta Hidropônica chama muito a atenção da sociedade por envolver uma tecnologia que enche os olhos já na primeira visita, pelos produtos saborosos – como verduras e frutas – e pelo elevado período de conservação após a colheita”, observa Barcelos.

Além de pioneiro no Brasil, o Laboratório de Hidroponia da UFSC foi um dos primeiros do mundo, diz o coordenador do projeto. “Graças ao LabHidro, o Brasil é um dos países em que mais existem hidroponistas. Boa parte dessas hidroponias foi gerada ou estimulada a partir do trabalho do LabHidro da UFSC”, acrescenta o professor. Não há números oficiais, mas estima-se que passem de 10 mil hortas no país, desde hidroponias caseiras até grandes cultivos. Segundo o Anuário Brasil Hidroponia, publicado em 2020, a produção hidropônica no Brasil já equivale a 45% do fornecimento de folhosas, o que corresponderia a uma extensão de 25 mil a 35 mil hectares plantados. “Nunca poderia imaginar que um trabalho feito a partir de uma horta de 300m2 pudesse gerar inspiração capaz de reformatar o setor de hortifruti brasileiro”, diz Barcelos.

Atividade ergonômica

A hidroponia também é uma prática que se espalha pelo mundo. Nas últimas décadas apresentou um crescimento de 400%, de acordo com o Anuário. Segundo maior exportador mundial de gêneros alimentares, superado apenas pelos Estados Unidos, cuja massa terrestre é 270 vezes maior, a Holanda é o país mais avançado em hidroponia. “As pessoas, hoje, não estão muito receptivas para encarar o dia a dia do trabalho de campo, principalmente com relação ao cultivo de verduras. São atividades mais brutas, que poucos suportam. Mas no cultivo hidropônico é diferente. Embora dê muito trabalho, pois as plantas requerem mais cuidado, as atividades são mais leves, mais ergonômicas. É um sistema de cultivo que otimiza os insumos utilizados, como água e fertilizantes.

Além disso, otimiza também o espaço e regulariza a produção ao longo do ano”, observa o professor Barcelos.
Na prática, o plantio de uma alface de 400 gramas, com ciclo de 42 dias, em sistema convencional calcula-se o consumo de 13 a 16 litros de água. Em um cultivo hidropônico, estima-se um gasto de apenas 2 a 3 litros. “O que mais chama a atenção da comunidade é a limpeza e organização do ambiente de cultivo. Ficam maravilhados. O jovem se identifica com a hidroponia pela possibilidade de automação, de utilizar a criatividade, da facilidade de adaptação de materiais na área que imaginar e de ver as plantas crescendo. Hoje as pessoas estão muito urbanizadas e sentem esta necessidade”, compara o professor. É a agricultura, a seu modo, ocupando cada vez mais os espaços urbanos e tornando a vida mais saudável e saborosa.


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