O
Centro de Frutas do Instituto Agronômico (IAC) irá receber nesta terça-feira,
12 de abril de 2022, investimentos para alavancar as pesquisas na área de
fruticultura, melhorando a estrutura e as condições de trabalho na Unidade, em
Jundiaí, interior paulista. Os recursos são oriundos da Fundação de Apoio à
Pesquisa Agrícola (FUNDAG), que tem como seu principal cliente o IAC, da
Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo. A liberação dos
recursos será feita em evento às 14h, no Centro de Frutas, quando também serão
apresentados dois projetos inovadores nas áreas de uva e caqui em parcerias
público-privadas e público-público. O evento terá a presença de fruticultores e
empresários parceiros do IAC, de representantes das Prefeitura de Jundiaí e
Louveira, do diretor-geral do IAC, Marcos Landell, e do coordenador da Agência
Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Sérgio Tutui.
“Esses
recursos serão direcionados a despesas estruturantes, como equipamentos,
máquinas e treinamentos, com o objetivo de aprimorar as atividades conduzidas
no Centro de Frutas do IAC, que tem firmado novas parcerias e mantém uma agenda
científica ativa”, comenta o diretor do Centro de Frutas, Luiz Teixeira
Junqueira, pesquisador do IAC.
Durante
o evento, serão apresentados alguns projetos firmados no último trimestre pelo
IAC em parceria com agricultores da região de Jundiaí e fora dela. Essas
parcerias são intermediadas pela FUNDAG. “Ressaltamos o papel do Centro de Frutas
nessa prospecção de demandas junto ao setor de produção de frutas e as ações da
FUNDAG, que viabiliza essas interações com o setor de produção, promovendo a
obtenção de recursos via parcerias público-privado”, afirma Teixeira.
Dentre
as parcerias recentemente estabelecidas, destaca-se o projeto voltado ao
cultivo de caquizeiro na região Leste Paulista. O objetivo do projeto é
desenvolver um pacote de recomendações de cultivo de caquizeiro e validar
tecnologias em áreas de produção, além de avaliar e caracterizar materiais
presentes no banco de germoplasma de caqui do IAC. “A parceria, com duração de
dez anos, envolve a instalação de um experimento para estudar adubação
nitrogenada em caquizeiro e também área para validar tecnologias e incentivar a
adoção desses recursos”, diz Teixeira. A cultura é tão relevante regionalmente,
que na vizinha Itatiba está ocorrendo a Festa do Caqui.
Para
o diretor-geral do IAC, a ação da FUNDAG como intermediadora entre o IAC e
agricultores e empresários do setor é fundamental para fomentar não só a
pesquisa, mas também a inovação. “O propósito maior da ciência agronômica é não
somente gerar respostas aos desafios da agricultura, mas também fazer com que
essas soluções cheguem aos agricultores e sejam por ele adotadas. Neste evento
estarão presentes nossas equipes, produtores e empresários do setor e
representantes do Executivo de Jundiaí e Louveira, que sempre apoiam os dois
Centros do IAC presentes em Jundiaí”, comenta Landell.
Outro
projeto a ser apresentado no evento envolve a viticultura sustentável. O Centro
de Frutas do IAC se alia à Prefeitura de Louveira com o objetivo de avaliar
cultivares de uva italianas resistentes às doenças. Por meio de novos materiais
genéticos, espera-se reduzir os gastos com defensivos, economizando,
consequentemente, mão de obra, combustível, água e equipamentos. “São
resultados que minimizam o impacto ambiental da viticultura e os riscos à saúde
de agricultores e consumidores”, avalia Teixeira.
O diretor do Centro de Frutas ressalta que a busca pela sustentabilidade social, ambiental e econômica da viticultura no município de Louveira é uma demanda da sociedade. O investimento em pesquisa por meio de parceria entre a Prefeitura de Louveira e o IAC tem grande potencial de geração de emprego e renda de forma sustentável, especialmente para o pequeno viticultor do município. “O embasamento para o Poder Público dar uma resposta à essa necessidade está na pesquisa científica, por isso a realização dessa parceria com duração de cinco anos com o IAC”, diz Teixeira.
Como será o trabalho para
a viticultura sustentável
O
objetivo do melhoramento genético é reunir numa só planta a qualidade das
viníferas e a resistência às doenças das plantas selvagens, permitindo a produção
de vinhos finos com menores custos e impactos ambientais. A proposta envolve
dois experimentos no Centro de Frutas do IAC. No primeiro, serão avaliados o
desempenho agronômico e a adaptabilidade de cinco cultivares tintas de uvas
comerciais italianas, chamadas: Montepulciano, Sagrantino, Rebo, Negro Amaro e
Primitivo, além de uma francesa, chamada Marselan, usada nos comparativos.
Esses materiais serão enxertados em três porta-enxertos, sendo dois do
Instituto Agronômico – IAC 572 Jales e IAC 571-6 Jundiaí -, e o Paulsen 1103.
Nessa
parceira pela viticultura de Louveira, o IAC oferece os protocolos de pesquisa
e o acesso a esses novos materiais genéticos, enquanto a Prefeitura apoia as
ações de pesquisa e de difusão de tecnologia. Teixeira ressalta que a vinda
dessas novas cultivares de uva italianas envolve a introdução desses materiais,
respeitando as normas de defesa sanitária, que compreendem quarentena e
biossegurança, além de negociações com as instituições detentoras dos diretos
de cada material.
No
segundo experimento serão avaliadas cultivares de uva PIWI (Pilz
widerstandsfähig), que significa resistente a fungos, em alemão, e por isso
podem ser cultivadas com menor uso de fungicidas. Essas cultivares serão
adotadas em condição de dupla poda. Serão estudadas duas cultivares de uvas
brancas e duas tintas, chamadas Sauvignon Kretos, Sauvignon Nepis, Merlot
Kanthus e Pinot Kors.
“Com
as uvas “PIWI” é possível produzir com quase nada de defensivos. Este
material é quase desconhecido no Brasil. Agora é que estão começando trabalhos
de pesquisa com PIWI em Santa Catarina e São Paulo”, diz Teixeira. Ele explica
que, normalmente, as uvas para vinho exigem muitos tratamentos químicos para o
controle de doenças. Essa condição traz impacto ambiental, aumento de custos e
eleva o risco para a saúde de agricultores.
As PIWIs são cultivares de uvas obtidas pelo
melhoramento genético, oriundas de cruzamentos de variedades viníferas com
espécies selvagens. “Além dos ganhos imediatos para a viticultura convencional,
esses materiais PIWIs são recursos importantes que viabilizam a produção de
uvas com utilização mínima de defensivos agrícolas e elaboração de vinhos de
qualidade no Município”, ressalta.