Autores
Samara Moreira Perissato – Engenheira agrônoma, mestra e doutoranda em Agronomia/Agricultura – UNESP – Botucatu – samaraperissato@gmail.com
Leandro Bianchi – leandro_bianchii@hotmail.com
Roque de Carvalho Dias – roquediasagro@gmail.com
Vitor Muller Anunciato – Engenheiros agrônomos, mestres e doutorandos em Agronomia/Proteção de Plantas – UNESP – Botucatu
A escolha de uma semente de qualidade é o primeiro passo para garantir elevadas produtividades, definida como o conjunto de quatro componentes:
• Qualidade genética: sementes livres de misturas, ou seja, com garantia de pureza. Sementes com identidade correspondente ao material de origem (pureza genética) e lotes sem mistura de variedade (pureza varietal).
• Qualidade física: reflete a integridade e a composição física de um lote de sementes; livre de impurezas e de sementes de outras espécies.
• Qualidade sanitária: sementes sadias, isentas de organismos patogênicos, que originam lavouras igualmente saudáveis.
• Qualidade fisiológica: conjunto de atributos de germinação, vigor e longevidade que determinam a germinação de plântulas dentro de padrões legais, estabelecimento inicial de uma lavoura com velocidade e uniformidade de emergência de plântulas, assim como a capacidade das sementes se manterem viáveis ao longo do armazenamento.
Figura 1. Representação dos parâmetros de qualidade de sementes.
Qualidade em primeiro lugar
Na compra de sementes de alta qualidade há garantia de um elevado desempenho agronômico. Essas sementes resultam em plântulas fortes, vigorosas, bem desenvolvidas, que se estabelecem nas diferentes condições edafoclimáticas, com maior velocidade de emergência e de desenvolvimento.
Tendo em vista o histórico de instabilidade agrícola nas últimas safras, plantas oriundas de sementes com alta qualidade podem manter o potencial produtivo mesmo em situações de estresse. Em condições de déficit hídrico, por exemplo, plantas mais vigorosas possuem sistema radicular mais denso e profundo, o que permite maior resistência.
Todos esses aspectos, aliados à correta plantabilidade e boas práticas de manejo ao longo do ciclo da cultura, influenciam diretamente na redução de problemas, como incidência de plantas daninhas, menor necessidade de herbicidas, de ressemeadura, entre outros, resultando em elevado teto produtivo.
Figura 2. Plântulas de soja oriundas de semente com baixo e alto vigor.
Diversos fatores podem influenciar a qualidade de sementes dentro das diferentes fases do sistema de produção, podendo ocorrer durante a produção no campo, na operação de colheita, na secagem, no beneficiamento, no armazenamento e até mesmo no transporte e na semeadura.
A produção de semente de soja de elevada qualidade é um desafio para o setor sementeiro, principalmente em regiões tropicais e subtropicais. No campo, estresses climáticos e nutricionais, frequentemente associados com danos causados por insetos e doenças, são considerados como as principais causas da deterioração da semente.
Com diversos relatos nas últimas safras, a formação de sementes verdes ou esverdeadas apresentam vigor e germinação reduzidos, consequências essas que são acentuadas com o passar do período de armazenagem.
Os estresses de origem biótica e abiótica, que resultam na morte prematura da planta ou em maturação forçada, podem ocasionar em severa redução da produtividade da lavoura, além da produção destas sementes com baixa qualidade fisiológica.
Estratégias
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Tendo em vista todos esses problemas, para produtores de sementes é importante estabelecer um controle de qualidade que engloba a análise em diversas etapas do processo de produção, podendo ser evitados ou minimizados mediante zoneamento agroclimático, ajuste da época de semeadura, densidade populacional e do uso de cultivares tolerantes a tais condições desfavoráveis.
De maneira geral, tanto para produtores de sementes quanto de grãos, a aquisição de sementes certificadas e o tratamento de semente garantem elevada qualidade e produtividade final.
Custo-benefício
A pirataria e o uso de sementes de baixa qualidade ainda é um problema recorrente no Brasil. Essas sementes podem trazer reduções a diversos aspectos a cultura da soja, como a redução do arranque inicial, da resistência contra pragas e doenças, além de minimizar o número de vagens formadas por planta, o que consequentemente acarreta perdas significativas nas lavouras.
Alguns especialistas da área de sementes realizaram estudos demonstrando os prejuízos a partir da utilização de sementes com baixa qualidade, refletido na redução de características agronômicas entre 24 a 35%. Todos esses aspectos, somados, podem reduzir em 10% a produtividade nas lavouras, o que pode significar perdas de até 50 sacos por hectare.
Nos dias atuais, o preço da soja aumentou de maneira exponencial, atingindo cerca de R$ 90,00 a saca. Neste caso, considerando as estimativas dos pesquisadores, se o produtor deixasse de utilizar sementes de qualidade e certificadas, o prejuízo poderia atingir R$ 4.500,00 por hectare.