Maria Luiza de Lima Castro
Engenheira florestal e pós-graduanda em Gestão Ambiental – Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN)
mcastro.luiza30@gmail.com
Kamilla Crysllayne Alves da Silva
Engenheira florestal e mestranda em Recursos Florestais – Universidade de São Paulo (USP)
kamilla.alves@usp.br
Nayane da Silva Lima
Engenheira florestal e mestranda em Ciências Florestais – Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
nayanelima99@gmail.com
A utilização de veículos aéreos não tripulados no setor florestal ocorre de diversas formas e tem carregado uma série de aplicações para a gestão de florestas nativas, ajudando assim na conservação ambiental, além de auxiliar de forma incontestável os profissionais da silvicultura em florestas plantadas.
Os drones se tornaram aliados não somente nas atividades florestais, mas na agricultura e pecuária. Dados da Embrapa (2020) mostram que ao menos 84% dos agricultores do Brasil já utilizam essa tecnologia no apoio da produção.
Mapeamento florestal
Mas, por qual motivo essa tecnologia foi tão aceita nesses setores? O mapeamento florestal feito de forma manual é demorado e de alto custo. Com o uso dos drones, a economia se dá pela redução de profissionais e equipamentos, do tempo de trabalho e sem deixar de ter excelentes resultados.
A utilização dos drones é vasta, e vamos aqui citar algumas delas, iniciando na área da silvicultura e colheita, que ganha destaque. Os drones conseguem mapear o relevo das áreas, permitindo à silvicultura mais precisão nos dados, conservação do solo e até mesmo na implantação de novas áreas.
Na colheita, quando realizada em áreas com maior declividade, o uso dos mapas gerados pelos drones ajudam na segurança da operação.
Créditos: Shutterstock
Os drones, quando conectados aos sensores LiDAR, podem ser usados para realizar inventários florestais. Quando realizados em floresta plantada, os resultados são excelentes.
Já quando usados em florestas nativas, possuem algumas limitações, principalmente em áreas muito densas, como no caso da floresta Amazônica e Mata Atlântica.
Outras aplicações do uso de drones em florestas nativas é o levantamento realizado para o Cadastro Ambiental Rural (CAR), e para o delineamento de APP’s, Áreas de Preservação Permanente, e Reserva Legal.
Prevenção, combate e controle de incêndios florestais também podem ser realizados com essa tecnologia. Os drones são muito eficientes em detectar focos de incêndios em tempo real e também são capazes de identificar de forma prévia as áreas susceptíveis à ocorrência de incêndios florestais.
Produtividade florestal
Os drones vêm desempenhando funções importantíssimas no setor florestal, incluídos em processos como levantamentos topográficos, análises detalhadas do solo, estimativas para o volume de biomassa ou madeira, inventários florestais, manejo e gestão das florestas, recuperação de áreas degradadas, dentre outras atividades da área, pois são altamente precisos e possuem resultado rápido.
Para, por exemplo, estimar valores de produtividade e condições de solo, pode ser realizado por meio da fotogrametria. Esse método consiste, basicamente, em três passos: primeiro, faz-se a esquematização de como se dará o voo e a definição das variáveis analisadas.
A segunda etapa é a realização da fotografia da área para o levantamento dos dados. Por fim, a terceira consiste na coleta dos resultados obtidos por imagem, gerando o mosaico de ortofotos, semelhante a um mapa, que possibilita realizar medidas.
Os dados são processados com o auxílio de softwares específicos e o CAD, além de ferramentas como GIS.
Na estimativa de madeira, a utilização de drones tem sido fundamental para dar celeridade ao processo. O drone faz um voo sobre a pilha de toras, obtendo medidas precisas e resultados instantâneos.
Outro exemplo de emprego dos drones na área florestal, que é muito relevante, é no monitoramento de possíveis focos de incêndios, onde ele atua de forma preventiva.
Pulverização
A pulverização nos plantios florestais por meio de drones já é realidade em diversos plantios, além de ser mais um emprego para o instrumento. Seu uso visa a precisão no fornecimento de fertilizantes na área de plantio, além da redução no desperdício material.
É de fácil manuseio e proporciona a redução significativa da quantidade de horas trabalhadas, otimizando todo o processo de aplicação.
A pulverização via drone conta com sistemas super desenvolvidos para facilitar a técnica, como a capacidade de definir a quantidade indicada de cada insumo para, no ato da aplicação, oferecer maior estabilidade, segurança e capacidade para o armazenamento de dados, que proporciona o monitoramento do plantio com o passar dos anos.
Captação de imagens
A captação de imagens por drones pode ser muito útil na gestão de florestas plantadas, uma vez que permite a obtenção de informações detalhadas sobre as características da área de interesse, de maneira mais eficiente e precisa do que outros métodos de monitoramento.
Algumas das principais aplicações da captação de imagens por drones na gestão de florestas plantadas incluem:
● Mapeamento da área: os drones podem auxiliar na criação de mapas detalhados da floresta que podem ser utilizados para avaliar a saúde das árvores, identificar áreas com maior densidade de plantio, e planejar o manejo da floresta.
● Monitoramento do crescimento das árvores: pela análise das imagens é possível medir a altura e o diâmetro das árvores, bem como estimar a biomassa da floresta.
● Identificação de doenças e pragas: as imagens capturadas pelos drones podem ser analisadas para detectar sinais de infestação, permitindo que as medidas adequadas sejam tomadas para prevenir a propagação da doença ou pragas.
● Detecção de incêndios: equipados com câmeras térmicas, eles podem identificar focos de calor que indicam a presença de um incêndio, possibilitando uma resposta mais rápida e eficiente das equipes de combate a incêndios.
Polinização de florestas
O uso de drones para polinizar florestas tende a parecer interessante, todavia, atualmente essa tecnologia ainda é experimental e apresenta muitos desafios técnicos e ecológicos para ser implementada em larga escala.
Além disso, a polinização é um processo muito complexo e depende de diversos fatores, como a interação entre a flor e o polinizador, que não podem ser facilmente replicados por um drone.
Algumas pesquisas têm explorado a possibilidade de usar drones para transportar pólen de uma flor para outra, especialmente em áreas onde as populações de polinizadores naturais estão em declínio.
No entanto, essa técnica é muito limitada, visto que muitas espécies de plantas requerem a polinização por polinizadores específicos, como abelhas, borboletas, besouros, entre outros, que por ora, demonstram-se mais eficientes e eficazes do que os drones na polinização.
Além disso, a polinização é uma parte importante da ecologia de uma floresta e é responsável pela manutenção da biodiversidade e da produção de frutos e sementes. A substituição dos polinizadores naturais por drones pode ter consequências negativas e imprevisíveis no ecossistema.
Aplicação de iscas formicidas
No que se refere à utilização de drones para a aplicação de iscas formicidas em florestas plantadas, eles podem trazer uma série de benefícios em relação aos métodos tradicionais de aplicação.
Alguns dos principais benefícios incluem:
● Eficiência: os drones podem cobrir grandes áreas em um curto período de tempo, possibilitando que a aplicação de iscas formicidas seja realizada de forma mais eficiente do que os métodos tradicionais, resultando em uma redução no tempo e no custo associados à aplicação.
● Precisão: os drones podem ser programados para sobrevoar áreas específicas da floresta, permitindo que as iscas formicidas sejam aplicadas com precisão em áreas de maior infestação de formigas cortadeiras. Dessa forma, podem auxiliar na redução do uso desnecessário de iscas e uma melhoria na eficácia do controle.
● Segurança: a utilização de drones para a aplicação de iscas formicidas pode reduzir o risco de exposição dos trabalhadores a produtos químicos tóxicos, já que eles não precisam estar fisicamente presentes na área de aplicação. Isso pode melhorar a segurança no local de trabalho e reduzir os custos associados à segurança do trabalhador.
● Menor impacto ambiental: a aplicação de iscas formicidas por drones pode ser mais precisa e controlada, resultando em uma redução no uso excessivo de produtos químicos e em um menor impacto ambiental. Além disso, a utilização de drones pode reduzir a necessidade de acesso terrestre às áreas de aplicação, evitando a compactação do solo e a perturbação da vegetação.
