Renato Passos Brandão
Gestor Agronômico da Bio Soja
Maickon Ribeiro Balator
Coordenador Técnico da Bio Soja
Ao longo das últimas décadas, o milho foi uma das culturas brasileiras com maior aumento na produtividade. Um dos fatores que contribuiu para o ganho na produtividade do milho foi o lançamento de materiais genéticos cada vez mais produtivos e adaptados às diferentes regiões de cultivos no Brasil.
Além da contribuição da genética, a melhoria das práticas culturais teve forte impacto no aumento da produtividade do milho, dentre as quais, a população de plantas, o espaçamento entre linhas, rotação de culturas, controle de pragas, doenças e plantas daninhas.
Entretanto, o manejo nutricional é um dos fatores que mais contribui para que os novos híbridos possam expressar o seu potencial produtivo. Neste artigo será abordada a importância da avaliação do estado nutricional do milho para a recomendação dos nutrientes.
Avaliação do estado nutricional
O produtor deve monitorar nutricionalmente as culturas de milho utilizando as ferramentas mencionadas na Figura 1.
FIGURA 01 AQUI
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Figura 1. Avaliação do estado nutricional das culturas e recomendações de nutrientes.
Análise de solo
Inicialmente, o produtor rural deve realizar uma “radiografia“ do solo nos talhões cultivados com culturas anuais, amostrando-o na camada superficial (0 a 20 cm) e na subsuperficial (20 a 40 cm). Se for possível, amostrar também o solo na profundidade de 40 a 60 cm. Se o produtor rural tiver interesse em conhecer com mais profundidade a fertilidade da camada superficial, realizar a amostragem na camada de 0 a 10 e de 10 a 20 cm.
Em sistemas de cultivo em plantio direto ocorre acúmulo de determinados nutrientes na camada superficial do solo (0 a 10 cm), dentre os quais, o P, o Ca, o Mg e o Zn (Tabela 1).
Tabela 1. Análise do solo nas camadas superficiais (0 a 10 e 10 a 20 cm) cultivado com culturas anuais.
Parâmetros do solo | Unidade | Profundidade amostrada | |
0 a 10 cm | 10 a 20 cm | ||
pH em CaCl2 | – | 5,0 | 4,3 |
P resina | mg/dm3 | 50 | 14 |
K trocável | mmolc/dm3 | 3,0 | 2,9 |
Ca trocável | mmolc/dm3 | 22 | 5 |
Mg trocável | mmolc/dm3 | 9 | 3 |
Al trocável | mmolc/dm3 | 0 | 5 |
H + Al | mmolc/dm3 | 29 | 40 |
CTC | mmolc/dm3 | 63 | 50,9 |
Saturação de bases (V) | % | 54 | 21 |
Saturação de alumÃnio (m) | % | 0 | 31,4 |
Saturação de cálcio | % | 34,9 | 9,8 |
Saturação de magnésio | % | 14,3 | 5,9 |
Saturação de potássio | % | 4,8 | 5,7 |
Fonte: Dept° Agronômico do Grupo Bio Soja
Análise foliar
A análise foliar é uma ferramenta imprescindÃvel em sistemas de produção com manejo nutricional sustentável visando altas produtividades na cultura do milho. De maneira geral, o teor dos nutrientes nas folhas das culturas anuais tem correlação com o teor do mesmo nutriente no solo.
Entretanto, podem ocorrer algumas distorções que são causadas por uma série de fatores, dentre os quais, reações entre os nutrientes no solo, pH do solo interferindo na disponibilidade dos nutrientes, camadas compactadas, variações no teor de umidade e teor de argila do solo.
Na recomendação dos nutrientes para a safrinha de milho 2016, o produtor rural deve utilizar a análise foliar realizada na safra anterior. Posteriormente, ao longo do cultivo da safrinha de milho, o produtor deve realizar a avaliação do estado nutricional utilizando a análise foliar. Estas informações permitem ajustes nas adubações foliares.
Histórico do manejo nutricional
Para uma melhor interpretação da análise foliar e do solo é necessário o histórico do manejo nutricional da safrinha de milho 2016: calagem, gessagem, adubações de solo e foliares.
Expectativa de produtividade do milho safrinha 2016
A expectativa de produtividade do milho safrinha 2016 não é uma ferramenta propriamente dita para o monitoramento do estado nutricional da cultura. Entretanto, a dose dos nutrientes deve ser ajustada levando-se em consideração a expectativa de produtividade do milho safrinha. Quanto maior a expectativa da produtividade do milho, maior será a quantidade dos nutrientes a serem aplicados nas culturas anuais.