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quinta-feira, novembro 21, 2024
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Indução da cor vermelha nos frutos de maçã

Descubra como a indução da cor vermelha pode aumentar o valor da sua produção de maçãs

Francisco José Domingues Neto
Engenheiro agrônomo e doutor em Horticultura – Unesp
fjdominguesneto@hotmail.com
Adilson Pimentel Junior
Engenheiro agrônomo, doutor e professor – Unifio e FAEF
adilson_pimentel@outlook.com
Silvia Regina Cunha
Engenheira agrônoma e mestre em Horticultura – Unesp
silvia.agro@mxb.com.br

O mercado brasileiro, até o momento, dá preferência para frutos de maçã de coloração vermelha e vermelha estriada, influenciando no valor comercial delas, pois uma fruta com menos de 30% de vermelho não é classificada em uma boa categoria, reduzindo sua valorização.
No mercado de maçãs, os fatores que determinam a valorização da fruta são: coloração (quanto mais vermelha, maior a cotação); formato; tipo ou calibre e a conservação pós-colheita.

Composição

O desenvolvimento do tom avermelhado na superfície da fruta é predominantemente composto de antocianina na casca. O desenvolvimento de cor da casca está atrelado a diversos fatores, tais como cultivar, penetração de luz dentro da copa, temperatura (amplitude térmica), nutrição e irrigação, idade da planta, reguladores vegetais, poda e sistema de condução.
Para o aumento da cor vermelha dos frutos, fatores ambientais são essenciais, como luz e temperatura. É muito importante que, durante a pré-colheita, a amplitude térmica, ou seja, a diferença entre a temperatura diurna e noturna, seja alta, favorecendo o desenvolvimento e acúmulo de antocianinas e, consequentemente, da cor vermelha.

Ação do etileno

A qualidade e a cor das maçãs são fatores que influenciam na decisão de compra do consumidor. Com a expansão do cultivo de maçã no Brasil, regiões produtoras necessitam da aplicação de reguladores vegetais para melhorar a coloração vermelha das cascas dessas frutas.
Os reguladores vegetais são tradicionalmente utilizados na fruticultura e desempenham papel importante, uma vez que conseguem alterar características não desejáveis às culturas. Muitas cultivares de maçãs bicolores não desenvolvem uma coloração vermelha desejável na superfície de seus frutos em determinadas regiões, como no sudeste brasileiro.
Dessa forma, o uso do etileno, gás considerado o hormônio do amadurecimento, é uma alternativa para melhorar a coloração vermelha de cascas de maçã e, quando aplicado exogenamente, se torna um fator-chave, pois consegue regular a biossíntese de antocianinas, pigmentos que conferem coloração vermelha/roxa aos vegetais.
A biossíntese de etileno se inicia com a metionina, precursor primário, transformado em S-adenosilmetionina (SAM) pela ação da Sadenosilmetionina sintase. O SAM sofre, então, a ação da ACCsintase e se transforma em ácido aminiciclopropoanocarboxílico (ACC) e, por fim, mediante a ação da ACCoxidase e na presença de oxigênio, o ACC se transforma no etileno, produto final da cadeia, o qual vai agir na célula promovendo o processo de amadurecimento.
O etileno é responsável, ainda, por quebrar as moléculas de clorofila presentes na casca dos frutos, que lhe confere o verde e que, após a maturação, adquire cor avermelhada ou amarelada (conforme o fruto).

Créditos: Shutterstock

Manejo

O manejo a fim de aumentar a incidência de luz nos frutos, como a poda verde, tem influência no incremento da coloração de maçãs. Porém, é um manejo oneroso ao produtor, por conta da grande demanda de mão de obra.
Atualmente, estudos mostram que o uso de reguladores vegetais atua na síntese de antocianinas, pigmentos responsáveis pela coloração vermelha dos frutos da macieira.
Por ser um fruto climatérico, a maçã apresenta uma pronunciada elevação na taxa respiratória durante o amadurecimento, a qual é incitada pelo etileno, portanto, a fase pré-climatérica desses frutos é caracterizada pela reduzida ou inexistente produção de etileno, sendo que aplicações exógenas com produtos à base desse hormônio em maçãs, nessa fase, aumentam o vermelho dos frutos, promovendo melhor valorização do produto final.

Cuidados

O ethephon vem sendo utilizado como fornecedor de etileno às frutas, no entanto, por aumentar a síntese desse hormônio e adiantar a maturação dos frutos, o ethephon reduz o tempo de conservação das maçãs.
Entretanto, o ethephon também pode induzir os demais atributos relacionados ao amadurecimento, como a redução da firmeza de polpa, redução da acidez, além de proporcionar a ocorrência de distúrbios fisiológicos e assim, reduzir a vida pós-colheita dos frutos.
Portanto, alguns cuidados devem ser considerados em seu uso, como a dose aplicada e a época de aplicação.
Aplicações muito precoces podem levar os frutos à abscisão, enquanto concentrações irregulares podem comprometer o shelf life (tempo de conservação das maçãs). No entanto, se utilizado da forma correta, produtos à base de etileno possibilitam a inserção precoce de frutos no mercado, e dessa forma atingem preços mais atrativos, além de agregar valor ao produto, já que o mercado paga muito mais por frutos com melhor coloração.
Sendo assim, antecipar a colheita mediante o adiantamento da maturação é uma excelente oportunidade para os produtores obterem melhor preço na comercialização de suas frutas, visto que durante a época de colheita há um aumento considerável da oferta de maçãs no mercado interno, ocasionando redução dos preços.

Custo envolvido

Um litro de produto contendo 24% de ethephon, é suficiente para cobrir uma área superior a dois hectares. Com 400 mg L-1 de ethephon já se obtém resultados significativos na coloração dos frutos da macieira. Portanto, o custo da técnica é relativamente baixo.
Segundo normativa do Ministério da Agricultura (MAPA), as maçãs podem ser classificadas em quatro categorias, dependendo, dentre alguns defeitos, da sua coloração. Ou seja, quanto mais colorida a epiderme da maçã, numa categoria superior ela estará classificada, e isso reflete em preço significativamente maior.
Portanto, considerando o baixo custo da aplicação de ethephon e a valorização do produto final, a relação custo-benefício é totalmente positiva, sendo o uso de etileno uma ferramenta promissora à pomicultura brasileira.


Saiba mais

Pesquisas com aplicações exógenas de ácido abscísico e combinadas de etileno e ácido abscísico vêm sendo desenvolvidas como alternativas viáveis para aumentar o vermelho da casca de maçã e manter a qualidade durante o shelf life.
Resultados preliminares demonstram que o emprego de etileno e ácido abscísico melhoram a coloração de maçãs, acumulam compostos bioativos, elevam a atividade antioxidante de casca e polpa de frutos além de levar melhorias ao período de conservação e manutenção da qualidade pós-colheita.
Dessa forma, a associação de etileno e ácido abscísico é uma alternativa promissora para a pomicultura, pois melhora a qualidade e valorização na comercialização dos frutos.

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