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Injetor de fertilizantes garante maior precisão na fertirrigação

A precisão na fertirrigação atinge um novo patamar com o injetor de fertilizantes, proporcionando um manejo eficiente e personalizado para otimizar o crescimento das plantas.

Luis Lessi dos Reis
Doutor e professor – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais (Ifsuldeminas) – Campus Machado
luis.reis@ifsuldeminas.edu.br

José Augusto Pereira Neto
Engenheiro agrônomo e mestrando em Fitotecnia – ESALQ/USP
joseaugustoap37@gmail.com

Os produtores rurais já podem contar com um equipamento injetor de fertilizantes que proporciona praticidade e precisão na fertirrigação. A novidade é que ele dosa os fertilizantes líquidos seguindo a “receita” diretamente na linha de irrigação, permitindo programar o setor a ser irrigado, a receita de fertirrigação e a concentração na calda (condutividade elétrica (EC)) por meio de um display gráfico com teclado.

A solução nutritiva é essencial para o cultivo hidropônico
Crédito: Taciana Guimaro

Ainda, é possível utilizar uma fórmula e EC específicos para cada setor.

Direto no alvo

A fertirrigação é um método utilizado na agricultura que consiste na aplicação simultânea de água e fertilizantes diretamente no solo, durante o processo de irrigação. Essa técnica integra a irrigação convencional com a adubação, permitindo uma distribuição mais eficiente e precisa dos nutrientes necessários para o desenvolvimento das plantas.

A combinação da irrigação e da fertilização em um único processo oferece vantagens significativas, como a otimização do uso de recursos hídricos e a garantia de uma nutrição adequada das culturas.

Ferramentas úteis

O injetor de fertilizantes é um dispositivo utilizado na agricultura para aplicar fertilizantes de maneira eficiente e precisa nas plantações. Ele é projetado para injetar ou misturar fertilizantes líquidos ou solúveis em água diretamente na corrente de irrigação, garantindo uma distribuição uniforme dos nutrientes no solo, possuindo diversos modelos no mercado.

Irrigação e nutrição simultâneas

Como mencionado anteriormente, a fertirrigação une dois manejos essenciais para as plantas – a irrigação e a nutrição. Com isso, surgiram os injetores de fertilizante, os quais são unidos a sistemas totalmente automatizados, permitindo a programação e controle remoto da dosagem, proporcionando conveniência aos agricultores.

Integrando essa tecnologia aos sistemas de irrigação, como gotejamento, aspersão e pivô central, simplificam o processo e reduzem a necessidade de mão de obra manual, economizando tempo e recursos.

Um ótimo exemplo se dá em um viveiro de produção de mudas, onde o produtor possui diversas espécies, tanto olerícolas quanto frutíferas. Sabendo que cada uma delas demanda uma quantidade específica de fertilizantes em fases fenológicas determinadas, torna-se essencial a segmentação do viveiro para efetuar a nutrição precisa de cada espécie ou grupo.

Dessa forma, o injetor assume um papel fundamental, pois é capaz de operar em quantos setores forem necessários, inserindo distintas soluções nutritivas. A única exigência é a programação e preparação adequadas da solução, minimizando drasticamente a demanda por mão de obra na execução da nutrição das plantas.

Precisão na dosagem de fertilizantes líquidos

A precisão na dosagem de fertilizantes é essencial para garantir a entrega adequada de nutrientes às plantas. Os equipamentos de injeção de fertilizantes apresentam características específicas que contribuem para essa precisão, o que inclui:

Sistemas de medição volumétrica: a função principal desses sistemas é medir com precisão a quantidade de fertilizantes ou nutrientes que estão sendo misturados com a água de irrigação. Isso é importante para garantir que as plantas recebam a quantidade correta de nutrientes, evitando subnutrição ou superalimentação, o que poderia prejudicar o crescimento das plantas e até mesmo causar danos ambientais.

Controladores: esses dispositivos eletrônicos são projetados para controlar e automatizar o processo de fornecimento de nutrientes (fertilizantes) às plantas durante a irrigação.

Injetor: deve atentar-se também para o tipo de injetor que será adotado no sistema, pois cada um deles tem características específicas. Os principais são:

Injetores Venturi: funcionam com base no princípio do tubo Venturi, no qual a água em movimento cria uma pressão negativa que suga o fertilizante para dentro da corrente de água. Isso permite a injeção proporcional de fertilizantes, e a taxa de injeção pode ser controlada ajustando-se a vazão da água.

Injetores de Diafragma ou Pistão: utilizam um diafragma ou pistão para controlar a injeção dos fertilizantes. A movimentação do diafragma ou pistão cria uma pressão negativa que puxa o fertilizante para a água de irrigação. Sua principal característica é a alta durabilidade e precisão.

Injetores de Bomba Peristáltica: têm um tubo flexível que é espremido em intervalos regulares, criando uma pressão negativa que suga o fertilizante e o injeta na corrente de água. São conhecidos pela precisão na dosagem e pela capacidade de trabalhar com uma ampla variedade de produtos químicos.

Injetores de Membrana: usam uma membrana flexível que se expande e contrai para criar uma pressão negativa, permitindo a entrada do fertilizante na água de irrigação. Podem ser eficazes em condições de baixa pressão.

Injetores de Motor Hidráulico: utilizam um motor hidráulico para controlar a injeção de fertilizantes. A taxa de injeção pode ser ajustada pelo controle do motor. São frequentemente utilizados em sistemas de irrigação de grande escala.

Injetores Elétricos: alguns sistemas modernos utilizam injetores elétricos controlados por um sistema automatizado. Esses dispositivos podem oferecer precisão e flexibilidade na dosagem dos fertilizantes.

Uma característica relevante reside na utilização de materiais de construção de alta qualidade para garantir durabilidade, evitando assim o desgaste prematuro do sistema, o que poderia resultar em uma precisão inferior.

A conjunção dessas qualidades assegura uma dosagem precisa ao longo do tempo, atendendo de maneira eficaz às exigências nutricionais das plantas.

Fertirrigação eficiente

O conceito de “receita” em um injetor de fertilizantes permite aos produtores programar e ajustar a fertirrigação com base em fórmulas específicas de nutrientes. Isso fornece uma aplicação personalizada, adaptando a mistura de fertilizantes às necessidades das culturas em diferentes estágios de crescimento.

Considerando a necessidade de empregar vários fertilizantes para elaborar uma “receita” específica para determinada espécie, é importante observar que nem todos os fertilizantes são compatíveis para serem misturados no mesmo recipiente.

Assim, é necessário tomar alguns cuidados no preparo da solução. Um exemplo ocorre ao misturarmos o nitrato de cálcio e fertilizantes fosfatados. Se a mistura desses fertilizantes for realizada no mesmo recipiente, pode levar à formação de compostos insolúveis ou desencadear reações químicas indesejadas.

O fosfato tem a capacidade de reagir com íons de cálcio, resultando na formação de fosfato de cálcio, um composto pouco solúvel em água. Essa instabilidade pode provocar a precipitação do fosfato de cálcio, comprometendo a absorção eficiente de nutrientes pelas plantas.

A automação da dosagem economizada no tempo reduz os erros humanos e se adapta às condições variáveis, garantindo eficiência na utilização de nutrientes ao longo do tempo.

No mercado existem diversos injetores totalmente automatizados
Crédito: Shutterstock

Opções

No mercado existem diversas empresas que desenvolvem injetores totalmente automatizados que permitem diversas programações.

A presença de um display gráfico com teclado em equipamentos de fertirrigação proporciona vantagens significativas para os produtores. Esse recurso oferece uma interface intuitiva e fácil de entender, permitindo uma navegação simplificada pelos menus.

Além disso, possibilita a visualização instantânea de dados relevantes, facilitando a configuração personalizada, com feedback imediato e alertas visuais em caso de problemas. A programação se torna simples, contribuindo para um treinamento mais fácil dos operadores.

A capacidade de armazenar configurações predefinidas agiliza a transição entre diferentes condições de cultivo.

Flexibilidade

Para ter um sistema automatizado e setorizado, é necessário automatizar todo o processo, começando por uma válvula solenoide para setor, controlada por um controlador ou pelo próprio injetor de fertilizantes.

Após a montagem de todo o sistema e setorização, iremos identificar a necessidade das plantas que serão cultivadas, como os macronutrientes primários nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), os secundários cálcio (Ca), magnésio (Mg), enxofre (S) e micronutrientes.

Após isso, será necessário preparar as receitas e deixá-las prontas para o injetor. Vamos separá-las em três soluções concentradas prontas para uso – A, B e C. O recipiente com a solução A será composto somente por nitratos, como nitrato de cálcio, pois como já vimos, ele não pode ficar em contato com fosfato.

Já a solução B será composta por fosfatos, sulfatos e ácido bórico, enquanto nossa última solução, que é a C, será composta somente por micronutrientes, pois irá facilitar na hora de programar as receitas.

Com todas as soluções preparadas, será necessário realizar a configuração de cada setor no injetor para que ele injete uma determinada quantidade em um setor específico.

Vamos supor que no setor 1 está sendo cultivada alface, sendo seu EC recomendado para fertirrigação de 1,3 dS m-1. Para atingir este valor, será necessário injetar 200 ml da solução A, 200 ml da solução B e 50 ml da solução C.

Já no setor 2 é cultivado tomate, com EC recomendado de 2,5 dS m-1. Para atingir essa condutividade, será necessário 385 ml da solução A, 385 ml da solução B e 96 ml da solução C.

Após a primeira configuração do injetor, ele será capaz de calcular automaticamente a quantidade de solução para cada setor, com base na EC exigida, proporcionando uma tecnologia que beneficia consideravelmente o produtor, reduzindo a probabilidade de erros e mão de obra necessária para as operações.

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